Indústria de seguros recebe propostas para cobertura de carros sem condutor no Reino Unido

Mercado debate questões técnicas da nova tecnologia

A tecnologia de condução autônoma ainda está na fase inicial, mas o governo britânico está empenhado em incentivar esta opção para reduzir congestionamentos, impulsionar a economia e melhorar a segurança. O modelo atual de apólices cobre a responsabilidade pessoal por acidentes, enquanto que, o novo modelo irá estender a cobertura obrigatória para acidentes em que o carro em si, ao invés do motorista, tem a culpa. O anúncio foi realizado no Rainha Speech, um evento anual que estabelece o programa legislativo do Reino Unido.

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A indústria de seguros saudou a novidade. “A legislação vai dar mais clareza aos consumidores e ao mercado em torno de como o seguro funciona em um ambiente onde há veículos mais autônomos na estrada”, afirma James Dalton, diretor de política geral de seguro da Associação Britânica de Seguradoras.

A proposta não contém muitos detalhes, porém, o governo afirma que a lei irá garantir o seguro mais apropriado disponível. “Novas soluções legais e de seguros devem prever quando o carro está em modo totalmente driverless (autônomo)”, conta Alistair Kinley, diretor de assuntos políticos e governamentais da agência de advocacia BLM. “As respostas vão ter de envolver os fabricantes de veículos, bem como seguradoras, para que passageiros e terceiros estejam protegidos em caso de acidente envolvendo carros autônomos”, completa.

Na mesma linha, Dalton diz que também classifica este questionamento como um dos mais importantes para a indústria de seguros. “Não enxergo um cenário em que a indústria assume toda a responsabilidade por todos os acidentes”, conta. Como ainda restam alguns anos para que os carros sem motoristas tomem conta das ruas, o representante da ABS disse que o mercado de seguros e o governo precisam trabalhar em conjunto para avaliar os diferentes tipos de automação. “Com uma frota mista de veículos nas estradas (com veículos autônomos e convencionais) há uma série de desafios de políticas públicas e a utilização crescente da nova opção automotiva deve trazer um forte impacto sobre o setor de seguros”, completa.

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Uma pesquisa da Swiss Re e da Here, uma empresa de mapeamento, sugere que o uso deste tipo de veículo pode reduzir pela metade os acidentes nas autoestradas e reduzir em 28% os acidentes em outras rodovias. No mercado britânico isso representa US$ 20 bilhões em prêmio em nível mundial nos próximos cinco anos.

A Moody’s pensa que até 2045 a maioria de carros serão auto condutores. Porém, a agência alerta que estes tipos de veículos podem ser mais caros para substituição, o que poderia elevar o valor dos prêmios.

As experiências com a tecnologia já estão em andamento. No início do ano, o governo britânico anunciou um total de 20 milhões de libras para financiar oito projetos de veículos autônomos. No mês passado, a Volvo disse que deve testar este tipo de tecnologia no Reino Unido no próximo ano.

*Com informações do Financial Times.

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