Oferta de crédito por bancos deve avançar 3% em 2018

Recuperação é bem-vinda, mas taxa ainda permanecerá abaixo da inflação projetada no próximo ano

A oferta de crédito pelos bancos mantém seu movimento pendular. Depois de crescer 6,7% em 2015, retrair por dois anos consecutivos- em 3,5% em 2016; e 1% neste ano- a previsão do Banco Central é de que avance em 3% o crédito ofertado em 2018. Nos 11 meses deste ano, o crédito caiu 1,4%, totalizando R$ 3,063 trilhões. Segundo o BC, a recuperação no próximo ano deve ser puxada pelo crédito livre (bancos têm autonomia para aplicar dinheiro captado no mercado) para as famílias. Em 2018, o crédito total para as famílias deve crescer 7%, ao passo que, para as empresas, a expectativa é de retração 2%, pelos cálculos do BC.

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No caso do crédito livre, a estimativa é de alta de 4%, com expansão de 7% para as famílias e 1% para as pessoas jurídicas (empresas). O crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura) deve apresentar expansão de 1%, com crescimento de 7% para as pessoas físicas (famílias) e retração de 6% para as empresas, informa reportagem da Agência Brasil.

Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o saldo do crédito direcionado está sendo impactado pelas menores concessões de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) às empresas. “No caso do crédito direcionado para pessoas jurídicas, não temos ainda indicações de recuperação nesse mercado”, destacou.

Rocha disse que “há evidências de que uma parte da redução do crédito para as empresas se deve à substituição do financiamento do sistema financeiro pelo mercado de capitais”. No Relatório de Inflação, divulgado no final de dezembro, o BC apontou que houve recuo de 4,7% das concessões nos 10 primeiros meses deste ano, relativamente a igual período de 2016, enquanto as captações das empresas no mercado de capitais apresentou crescimento de 1,8%.

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Ele destacou ainda que as taxas do rotativo continuam em queda, desde a implementação da medida. A alta do parcelado pode estar relacionada a uma migração do rotativo para essa modalidade. “Reflete maior demanda por esse crédito [parcelado] por pessoas vindo do rotativo”, disse.

Apesar de voltar a crescer, a expansão do crédito deve ficar abaixo da inflação em 2018. Para o próximo ano, a projeção para a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é 4,2%. “Se observar o mercado de crédito como um todo, o crescimento de 3% é abaixo do IPCA. Mas se olhar a composição, os setores que saem a frente vão ter crescimento real, como é o caso das pessoas físicas”, argumentou.
Para Rocha, a “volta do crescimento nominal depois de uma redução dos saldos mostra que a situação do crédito deve melhorar”. “O pior momento já passou. Vai crescer gradualmente”, disse Rocha.

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