Seguro Digital: não é se, mas quando

Confira o primeiro artigo de Andre Gregori para a Revista JRS

A transformação digital vem acontecendo em todos os setores há muito tempo, mas em velocidades diferentes. Me lembro como se fosse ontem do meu primeiro telefone celular. Na época “super moderno, última geração”, e hoje poderia imaginá-lo num museu da tecnologia – uma relíquia! Impressionante a evolução nesse campo, especialmente com o lançamento do iPhone, pela Apple, há mais de 10 anos e a transformação de aparelho de comunicação para micro-computador de bolso / câmera fotográfica / dispositivo de entretenimento / agenda / GPS / etc. Hoje é impossível imaginar a vida sem essas inovações!

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E o comércio eletrônico? Quem se atrevia a colocar os dados do cartão de crédito na tela do computador para efetuar uma compra online no final dos anos 90? Hoje, cada vez mais, compramos tudo pela internet – e mais que e-commerce, agora se fala em mobile commerce. Com apenas alguns cliques, a qualquer hora e de qualquer lugar, você pode pedir comida, pedir um motoboy ou até mesmo um motorista pelo celular.

O setor financeiro, altamente regulamentado, percebeu essa tendência. Ficar na fila da agência bancária para fazer uma transferência já é coisa do passado. O número de transações bancárias feitas pelo celular cresceu 70% ao longo do ano passado, representando 35% do total de 71,8 bilhões de operações realizadas no ano, segundo a Febraban. Primeiro a novidade era o Internet Banking, depois o Mobile Banking, as Fintechs, as Criptomoedas, o Open Banking, e por aí vai. As inovações não param. O uso de tecnologia para melhorar continuamente a experiência do consumidor em todos os ramos é inevitável.

Existem aqueles que tentam resistir às mudanças, e outros que as procuram, as abraçam. Em 1994, a Amazon foi lançada nos Estados Unidos como um e-commerce de livros de papel. Em 2007, foi a própria Amazon que lançou o Kindle, um substituto digital para o livro tradicional, sem medo de ameaçar seu próprio negócio original. Isso obviamente foi só o início da história desta gigante, que mesmo com todo seu tamanho atual, continua inovando e evoluindo rapidamente em diversos setores. Se alguém for ameaçar ou substituir o seu produto, que seja você mesmo!

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Já a Enciclopédia Britânica não teve a mesma visão. Quem diria que uma empresa de mais de 200 anos de história seria substituída por uma enciclopédia digital, gratuita, e ainda escrita pelos próprios usuários!?

O mesmo erro foi cometido pela Blockbuster, que teve a oportunidade de comprar a Netflix em 2000 e a rejeitou por subestimar o potencial da startup em reinventar o tão “consolidado” modelo de negócios na época. Em seu início, a Netflix apostou na entrega de DVDs em domicílio, isentando os consumidores da taxa de atraso, justamente uma das maiores fontes de receita da “toda-poderosa” Blockbuster. Mas apesar de todos os narizes tortos e o ceticismo do mercado, eles acreditavam que uma melhor experiência para o cliente se traduziria em maior volume e recorrência e viabilizaria uma operação escalável, e assim aconteceu. Depois, ao contrário da Blockbuster, quando chegou a hora de trazer disrupção novamente para este mercado, foram eles mesmos que o fizeram. Para não depender das grandes produtoras, que cobravam preços muito altos por dominarem totalmente o mercado, a Netflix começou a produzir seu próprio conteúdo. Levou um bom tempo até que as produtoras começaram a prestar atenção ao novo entrante, e quando finalmente acordaram, a Netflix já estava na liderança da distribuição de conteúdo via streaming e se consolidando como uma das marcas mais valiosas e inovadoras da atualidade.

Até pouco tempo ainda existia uma indústria que resistia fortemente às mudanças. Extremamente defasado em termos de tecnologia e engessado por seu próprio modelo de negócios, o setor de seguros demorou para enxergar a necessidade de se reinventar. A necessidade de se adequar às novas demandas, preferências e comportamento do consumidor de hoje.

Segundo a consultoria CB Insights, apenas 4% das pessoas estão satisfeitas com suas empresas de seguros. E isso que a penetração ainda é muito baixa, especialmente no Brasil, segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), apenas 10% da população brasileira possui algum tipo de seguro.

Mas esse cenário está mudando. Estudos da Aon de novembro de 2017 mostram que 550 insurtechs pelo mundo já movimentaram mais de US$ 14 bilhões em investimento. O mercado está de olho em novas tecnologias, novos produtos, novos modelos de negócio… A oportunidade é indiscutível.

Depois de mais de 15 anos no mercado de seguros e outros tantos no mercado financeiro, tendo iniciado as operações da Fator Seguradora e do BTG Pactual Seguridade, como sócio do grupo, além de ter adquirido, antes disso, as operações da Cigna no Brasil, eu comecei a alimentar cada vez mais um sonho grande que eu tinha. Queria trazer tecnologia e inovação para o tão tradicional mercado, pensando no cliente em primeiro lugar. Queria repensar totalmente a cadeia produtiva e a experiência do consumidor para revolucionar e ampliar o mercado de seguros. Pensando em digitalização, personalização, preços justos e ganhos de eficiência…. foi neste contexto que lancei a Thinkseg, a primeira startup de seguros totalmente digital.

Mas não basta ter uma grande ideia. É preciso execução, persistência e também “timing de mercado”. Hoje estou cada vez mais confiante sobre a minha visão ao lançar a Thinkseg em 2016. A grande diferença é que antes eu acreditava que o mercado de seguros se reinventaria, “não era se, mas quando”. Hoje falo com toda convicção: esse quando chegou. O “quando” é agora!

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