Uma voz de liberdade para detentos e deficientes visuais

Tecnologia social Visão de Liberdade proporciona vida digna para pessoas privadas de liberdade e audioteca para cegos no Paraná

Em 2011, o Conselho Comunitário de Segurança de Maringá – Conseg, apresentou ao Brasil e ao mundo o projeto Visão de Liberdade, uma iniciativa que atua com a participação de detentos na confecção de materiais didáticos para alunos cegos da rede estadual de ensino e pessoas com deficiência visual, atendidas pelo Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual de Maringá (CAP). Naquele mesmo ano a metodologia foi vencedora do Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social, representando a região Sul do país.

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Ao mesmo tempo em que a tecnologia social permite que as pessoas privadas de liberdade tenham oportunidade de inclusão social e integração da cidadania, o projeto também oportuniza que deficientes visuais tenham acesso à literatura e outros materiais, aumentando as chances de ingresso no mercado de trabalho. Hoje, 30 apenados da Penitenciária Estadual de Maringá (PEM) e outros dez do regime semiaberto da Colônia Penal Industrial de Maringá prestam serviço três vezes por semana, durante seis horas por dia, na produção de livros digitados para impressão em braille, livros falados, materiais em relevo, maquetes e jogos adaptados, entre outros. A cada três dias trabalhados é reduzido um dia da pena para cada participante. Os livros falados levam de dois a três meses para serem concluídos. O diferencial do material produzido são as vozes e a sonoplastia, que dão finalização mais dinâmica aos áudios.

“Ser vencedor do Prêmio da Fundação BB foi de grande valor para nós. Uma premiação de tamanha importância, realizada por uma instituição tão respeitada como a Fundação BB nos motivou ainda mais a continuar com as atividades. A ideia também foi reaplicada na unidade do semiaberto em nossa cidade. Continuamos empenhados com o fortalecimento e crescimento do projeto, já que atende dois grupos muitas vezes extintos de nossa sociedade: os deficientes visuais e os apenados”, declarou Antonio Tadeu Rodrigues, presidente do Conseg Maringá

Desde que foi criada, a tecnologia social Visão de liberdade já produziu mais de 92 mil materiais didáticos adaptados, sendo que o projeto conta com mais de 500 títulos já digitados em braile, que podem ser impressos sempre que solicitados. O material pedagógico em relevo e os Livros Falados são distribuídos em escolas da rede pública de 134 municípios atendidos pelos Centros de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAPs) de todo Brasil. No total, 216 escolas e entidades de todos os estados brasileiros já receberam materiais do projeto, além da Biblioteca de Lisboa-Portugal. Todas as atividades desenvolvidas são coordenadas pela equipe administrativa da PEM. A equipe controla a produção, o estoque de materiais e realiza relatórios. Já as atividades realizadas pelo Centro de Apoio Pedagógico são coordenadas por uma equipe de professores.

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Em 2017, a tecnologia social Visão de Liberdade foi a grande vencedora do Prêmio Innovare 2017, o mais importante da Justiça brasileira. O Prêmio Innovare valoriza iniciativas que buscam soluções para os desafios enfrentados por todos que atuam no sistema de Justiça, sejam eles de natureza administrativa ou judicial.

2019: Ano de Prêmio

Desde 2001, todos os anos ímpares são anos de Prêmio e este ano não é diferente. A Fundação BB e parceiros vão destinar R$ 700 mil reais em prêmios. Considerado um dos principais do terceiro setor no país, o Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social está na sua décima edição.

As inscrições podem ser feitas neste site até o dia 21 de abril de 2019. Podem participar entidades sem fins lucrativos, como instituições de ensino e de pesquisa, fundações, cooperativas, organizações da sociedade civil e órgãos governamentais de direito público ou privado, legalmente constituídas no Brasil ou nos demais países da América Latina ou do Caribe.

Serão quatro categorias nacionais: “Cidades Sustentáveis e/ou Inovação Digital”; “Educação”; “Geração de Renda” e “Meio Ambiente”. O primeiro, segundo e terceiro lugar de cada uma das categorias será premiado com R$ 50 mil, 30 mil e 20 mil respectivamente. Todas as instituições finalistas irão receber um troféu e um vídeo retratando sua iniciativa. Além disso, as tecnologias sociais que promovem a igualdade de gênero e o protagonismo e empoderamento da juventude receberão um bônus de 5% na pontuação total obtida na classificação.

Esta edição do prêmio também terá a categoria “Internacional”, destinada a iniciativas da América Latina e do Caribe, onde serão identificadas tecnologias sociais que possam ser reaplicadas no Brasil e que constituam efetivas soluções para questões relativas a “Cidades Sustentáveis e/ou Inovação Digital”; “Educação”, “Geração de Renda” e “Meio Ambiente.” Da mesma forma, nesta categoria, as instituições finalistas receberão um troféu e um vídeo retratando a sua iniciativa.

As novidades são as três premiações especiais: “Mulheres na Agroecologia”, que visa identificar tecnologias sociais que promovam o protagonismo feminino na gestão da produção agroecológica; “Gestão Comunitária e Algodão Agroecológico”, destinada para identificar tecnologias sociais de modelos de gestão/governança de organizações e comunidades na produção do algodão agroecológico e “Primeira Infância”, que busca identificar tecnologias sociais que promovam ações que abordem as dimensões do desenvolvimento infantil (linguagem, cognitivo, motricidade e socioafetividade), o fortalecimento de vínculos familiares e o exercício da parentalidade. Nestas premiações especiais também serão classificadas três finalistas, com as mesmas regras das categorias nacionais. As vencedoras serão conhecidas na premiação, prevista para outubro. Todas as categorias são relacionadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O Prêmio conta com a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Instituto C&A, Ativos S/A e BB Tecnologia e Serviços, além da cooperação da Unesco no Brasil e apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Ministério da Cidadania e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

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