“Associações não compactuam com crimes”, dizem empresas de proteção veicular

Em nota, entidade nega relação do segmento com o crime organizado no Rio de Janeiro

Após investigação da polícia carioca, as associações de proteção veicular emitiram uma nota enviada à TV Globo sobre as denúncias de pagamento de valores para assaltantes em troca de carros roubados, na região de Belford Roxo (RJ). A Agência de Autorregulamentação das Entidades de Autogestão de Planos de Proteção Contra Riscos Patrimoniais (AAAPV) disse que repudia o suposto envolvimento de cooperativas e associações de autogestão de planos de proteção contra riscos patrimoniais em esquema criminoso. O caso foi denunciado no dia 18 de abril, no jornal noturno da emissora carioca.

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“Repudiamos qualquer ato criminoso e nos certificamos que as associações/cooperativas de autogestão de planos de proteção contra riscos patrimoniais filiadas a AAAPV não compactuam com crimes e não têm qualquer tipo de contato com traficantes. Todas as mútuas filiadas (185) são orientadas a não se sujeitar ao pagamento de resgate, seja para policiais, para empresas especializadas ou para assaltantes. Esses atos criminosos fazem parte de um grupo pequeno de associações que não representam todo o segmento”, prossegue a nota.

A entidade ainda afirma que o alto índice de criminalidade na região faz com que sobrem poucas alternativas para “os cariocas protegerem seus bens”. “Ressaltamos também que as associações e cooperativas são legais, constituídas e amparadas pelo Código Civil Brasileiro e Constituição Federal (art. 5º, XVII CF). O funcionamento das entidades não possui nenhum impedimento legal, responsabilizando-se solidariamente de conformidade com os princípios do associativismo e cooperativismo embasados na Lei Federal 5.764/71”.

No entanto, segundo reportagem do jornal O Globo, o advogado Raul Canal, presidente da própria AAAPV, admitiu que cooperativas do setor que atuam no Estado do Rio pagam aos ladrões para que os veículos sejam devolvidos. Conforme o periódico, a entidade não recomenda qualquer tipo de negociação com criminosos e vem tentando inibir essa prática. O advogado disse ainda que cooperativas de Minas Gerais estão começando a agir da mesma forma:

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“O que ocorre é que as cooperativas adotaram essa prática no início e acabaram ficando reféns. Elas contratam uma empresa de pronta-resposta, integrada por policiais aposentados e até alguns da ativa, para recuperar os carros. E isso acontece rapidamente, em poucas horas. Nossa orientação é que esse pagamento não seja feito. É uma bola de neve. Não se consegue mais sair disso. Isso estimula os roubos”, afirmou Canal ao jornal.

Em 2015, JRS revelou que uma associação de caminhoneiros comercializava os pacotes de proteção sem qualquer fiscalização de órgão regulador. “Isso acontece há 500 anos”, disse o representante da entidade na ocasião. A reportagem foi capa de nossa revista impressa à época (confira abaixo).

Já o deputado federal Lucas Vergílio (SD-GO) demonstrou recente indignação com outro episódio envolvendo as cooperativas de proteção veicular. “Essas empresas atuam de forma marginal. Processaram uma corretora por danos morais. Quem causa danos e prejuízos aos consumidores brasileiros são vocês”, disse em vídeo que viralizou nas redes sociais.

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