Economia Prateada tem presença forte no mercado de seguros e segue em expansão

Pessoas com 60 anos ou mais (60+) no Brasil somam uma renda anual estimada em R$ 940 bilhões

Segmento da população brasileira que responde por 23% do consumo de bens e serviços, com uma renda anual estimada em R$ 940 bilhões, as pessoas com 60 anos ou mais são uma fatia atrativa para o mercado. O tema “Economia Prateada”, que trata da terceira idade, foi abordado em um dos painéis da Conseguro 2019, o Congresso bianual do mercado de seguros, realizado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).

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“A mudança no estilo de vida e nos hábitos contribui para 53% do aumento da expectativa de vida da população, segundo a Universidade de Stanford (EUA)”, apontou Martin Henkel, fundador da SeniorLab, empresa com sede na cidade de São Paulo, cujo objetivo é “ajudar marcas, produtos e serviços a entender, atender, conquistar e vender ao consumidor sênior com a melhor experiência do cliente 60+.”

Henkel foi um dos palestrantes da Conseguro. “Vejam que 51% dos 60+ dizem que sua idade é uma como qualquer outra, 31% desejam ser uma pessoa comum e 73% se sentem mais jovens do que a idade cronológica”, destacou o empresário, citando uma pesquisa nacional realizada pela própria SeniorLab.

Sérgio Duque Estrada, embaixador da Aging2.0 / Divulgação
Sérgio Duque Estrada, embaixador da Aging2.0 / Divulgação

Sérgio Duque Estrada, embaixador da Aging2.0 – organização internacional presente em 20 países, fundada em 2013, em São Francisco (EUA) –, ressaltou que os 60+ convivem com algumas dificuldades, como o preconceito da sociedade em torno do envelhecimento, o medo de errar em relação ao uso de novas tecnologias e a falta de autoconfiança, além das dificuldades físicas que surgem com o passar dos anos. Sérgio Estrada está à frente do núcleo de São Paulo da Aging2.0, ativado em 2017.

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Decisão

Para Eduardo Fraga, diretor da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o principal desafio para esse segmento em relação ao mercado é a decisão de adquirir ou converter seu patrimônio em uma renda. “Essa é uma questão difícil em qualquer lugar do mundo e permeada por muitos fatores. É preciso criar incentivos para transformar o patrimônio em renda. Outro aspecto importante é simplificar e, em alguns casos, customizar esse processo. Se o produto é complexo, o consumidor não vai comprá-lo”, ponderou.

O embaixador da Aging2.0 destacou que governos da Europa e dos Estados Unidos já se mobilizam e se unem ao setor privado a fim de introduzir essa população idosa, cada vez mais crescente, no mercado. “Na França, por exemplo, existe um grupo formado por empresários e representantes dos Ministérios da Saúde e da Economia voltado para criar soluções para os 60+”, afirmou Duque Estrada.

Martin Henkel lembrou que os 60+ são 31,5 milhões de pessoas no Brasil, o equivalente à população dos três estados da Região Sul. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimava que seriam 30 milhões de idosos até 2025, porém esse patamar foi atingido oito anos antes, já em 2017. Até 2050, o Brasil deve ser o quarto país do mundo com o maior número absoluto de idosos. “De acordo com o IBGE, as mulheres com 60 anos ou mais já são 15,6 milhões, enquanto as meninas na faixa etária de zero a nove anos são 14,3 milhões”, citou. Portanto, o Brasil já tem mais mulheres idosas do que crianças do sexo feminino nessa faixa de idade.

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