Ética e compliance: desafios para uma cultura empresarial

Como respeito e coerência aos princípios éticos podem ser importantes aliados de líderes nas empresas

O que é ética e o que estamos fazendo, realmente, sobre ética? Como conciliar a ética com o lucro das organizações? Essas foram algumas das reflexões do painel “Compliance – ética e integridade”, do 13º Seminário de Controles Internos, parte da programação da Conseguro 2019, o congresso bianual do mercado de seguros realizado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). O evento aconteceu até quinta (5), em Brasília (DF).

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Lidar com dilemas e conflitos complexos envolvendo a ética é um grande desafio. O jornalista e escritor Caco Barcelos, um dos palestrantes, citou como exemplo a desigualdade social do Brasil, um dos países mais violentos do planeta, com 65 mil pessoas mortas por ano. “Somos economicamente um país injusto, com 71 mil pessoas endinheiradas e 107 milhões de pessoas na linha da pobreza. Nesse sentido, é importante falar de ética como um dos caminhos para tentar mudar tal desigualdade”, defendeu.

O palestrante Richard Fonseca, consultor e professor de Ética da Universidade Federal Fluminense UFF), destacou que a ética é a espinha dorsal de programas de compliance e de integridade e precisa ser estimulada pelos líderes dos negócios. Segundo o professor, a ética surge a partir de problemas humanos, que se refletem nas empresas.

“Se chegarmos em qualquer conversa de botequim, ou mesmo numa organização, e perguntarmos como está o Brasil, todos vão dizer que está ruim em consequência da corrupção. Mas, se perguntarmos se ele é corrupto, vai dizer que não. Ou seja, o brasileiro é sempre o outro, não o eu, o que requer mais consciência e entendimento da cultura social e empresarial”, explica Fonseca.

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Então, como mudar? De acordo com o professor, “é preciso entender quais são os problemas para, então, agir na disseminação da ética, que pode ser estimulada tanto pela punição como pelo exemplo”. Ele cita o respeito e a coerência aos princípios dos líderes para que a cultura da ética seja realmente exemplo de disseminação dentro da empresa. “As regras institucionais têm que valer para todos, inclusive para aqueles que contrato, sejam agentes públicos ou privados”.

Para o moderador Luis Gutiérrez, CEO de Seguros da Mafre, o papel do líder é importante para determinar a cultura da empresa. “Líderes viram farol para o bem e para o mal. É preciso ter coerência, pensar e falar a mesma coisa com atitudes que reflitam a nossa verdadeira fala. Cada um de nós é responsável por criar um sistema sob bases éticas”.

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