Como a inteligência artificial colabora com os processos de prevenção à lavagem de dinheiro

A tecnologia já apoia a identificação dessa fraude

A inteligência artificial já é usada no combate e identificação da lavagem de dinheiro por meio de mecanismos e dispositivos tecnológicos que buscam simular o raciocínio humano. Esse foi o tema de um dos painéis do 13º Seminário de Controles Internos parte da programação da Conseguro 2019, o congresso bianual do mercado de seguros, realizado pela Confederação Nacional das Seguradores (CNseg), em Brasília, que vai até esta quinta-feira (5).

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O coordenador-geral da Gestão da Informação da Unidade de Inteligência Financeira (UIF), Clesito Fechine, um dos integrantes do painel, o uso da inteligência artificial abre uma infinidade de possibilidades para aperfeiçoar a prevenção à lavagem de dinheiro e combate ao financiamento do terrorismo (PLD/FT). “Quem não estiver usando essa tecnologia vai ficar para trás”, avalia.

Com a adoção do método, segundo Fechine, a UIF conseguiu nos últimos anos um aumento de 140% na comunicação de suspeitas desta fraude. “Isso foi o principal motivador para buscarmos o uso da tecnologia”, disse. “Hoje, utilizando o processamento de dados e gerando variáveis, podemos identificar com mais eficiência a possibilidade de crimes dessa espécie”, disse.

O coordenador da área de Análise de Práticas de Mercado (COAPM) da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Gustavo Dias, foi enfático em relação ao uso da inteligência artificial no combate à lavagem de dinheiro: “As empresas têm apenas o hoje, o agora para experimentar a tecnologia e corrigir o que é necessário ”, defende.

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Gustavo Dias ressaltou que a Susep passou por mudanças profundas, inclusive na área de Tecnologia da Informação, que “saiu da área da administração e agora é ligada diretamente à superintendência”. Para ele, quando se passa a ter um sistema que identifica padrões suspeitos, ele próprio consegue fazer uma análise de dados de forma mais eficiente.

As criptomoedas, ativos virtuais protegidos por criptografia, foram tema da palestra da procuradora federal da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Ilene Najjarian, também participante do debate. Ela foi categórica ao afirmar que “os criptoativos chegaram para ficar” e que este é um desafio a mais no combate à lavagem de dinheiro. A tendência, segundo ela, é que as seguradoras passem a produzir suas criptos e que também se preparem para a tokenização.

“A cripto vai chegar ao setor de seguros, talvez mais rápido do que imaginam”, disse.

Detectar uma operação com indícios de lavagem de dinheiro não é uma tarefa simples, mas para o superintendente da Porto Seguro Rafael Kozma, debatedor da mesa, o uso da Inteligência Artificial trouxe uma nova dinâmica no processo de PLD. “O crime evoluiu e se a gente continuar com regras estáticas, vamos nos perder no tempo”, concluiu.

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