O drama do fim da profissão

Confira artigo de Bernard Biolchini, CEO do Grupo Pentagonal Seguros, para a Revista JRS

Este artigo trata-se de uma grande salada com ingredientes colhidos em diversos livros, de variadas áreas. Com o advento das soluções tecnológicas uma pergunta que muitas pessoas fazem é: “Quando será que as máquinas vão me substituir?”.

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Todas as profissões e cargos, sem exceção, segundo alguns “gurus” em tecnologia, estão sujeitos a substituição. Teremos que ter futuramente, ainda de acordo com estes “gurus”, uma geração de empresários tecnológicos de um lado e humanos “inúteis” do outro.

Não precisaríamos de Intermediários entre o homem e as máquinas, falaremos diretamente com elas. Pilotos de avião, médicos, professores, advogados e juízes, engenheiros, vendedores , jornalistas e por aí vai.. Afinal, a máquina faz tudo melhor, não é?

A coisa não funciona bem assim…

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As máquinas são essenciais e maravilhosas quando servem de apoio ao ser humano em 100% dos casos, mas quando falamos de substituição completa do ser humano  a eficácia é infinitamente menor. Precisamos exercitar um raciocínio distópico de fluxo de moeda (mercado) num cenário 100% Tech e 0% humano .

Vamos pegar a Amazon como exemplo. Em formato de check list, para simplificar a didática aqui. 1)A Amazon venderá  produtos online. 2) Venderá produtos XYZ produzidos por fábricas que não empregam mais seres humanos. 3)Sendo um grande shopping center virtual, a Amazon precisa de dinheiro, que vem dos compradores dos seus produtos, obviamente. 4) Na nossa distopia, como todos os seres humanos foram substituídos por máquinas, ninguém vai comprar nada já que ninguém tem dinheiro para comprar. 5)Se ninguém comprar nada a Amazon não existirá mais.

E aí pessoal? Como é que fica agora? Se o ser humano não tem mais utilidade, seu trabalho não tem valor. Se não tem valor, não recebe dinheiro, não é mesmo?

Será que James Cameron (Criador do Exterminador do Futuro) era, na verdade, um profeta e a Skynet vai tomar conta do planeta e exterminar seu criador, o homem, pois colocaram em seu script C++++ que, se não for máquina, elimine o alvo??? Não! Lógico que não! 

O motivo é muito simples: SOMOS SERES HUMANOS!!!

Temos necessidades de VIVENCIAR experiências.

Então vem um geek argumentar: “Ah, mas vem aí o carro autônomo!!”. E eu digo que gosto de dirigir. Ele volta dizendo: “Ah, lembra do spok? Todos serão um dia teletransportados”. E eu digo que gosto da experiência de me deslocar”. E por aí vai… 

Brincadeiras à parte, por mais que milhões de anos de evolução tenham desenvolvido nosso cérebro racional, o que nos ajuda a evoluir mais ainda, não iremos jamais abandonar áreas instintivas deste órgão, pois isto seria o auto extermínio,  a natureza não permite! 

Por exemplo, o cérebro racional não conseguirá eliminar o desejo sexual, mesmo inventando pílulas de saciedade, o sexo é uma necessidade instintiva, caso contrário a humanidade estaria fadada ao fim.

Podemos citar outros exemplos menos dramáticos, como corridas automobilísticas sem pilotos humanos, uma luta no UFC entre robôs, uma pílula que dá a mesma sensação nas papilas gustativas de quando você está apreciando o melhor dos vinhos ou até a sensação de que você acaba de fazer a viagem dos seus sonhos…

Alguém se habilita? 

O ser humano jamais vai deixar de ser HUMANO, e isto é algo muito mais profundo do que uma simples frase cheia de obviedades.

Existirá sim uma adaptação de algumas carreiras que necessariamente terão que atualizar a maneira de atuação mas uma substituição completa jamais ocorrerá.

O ser humano está preparado para gostar de vagar pelas ruas sem lojas físicas? Shoppings? Ruas que tenham apenas residências e centros de distribuição?  Afinal, para quê lojas, se todos compram tudo online?

Não preciso responder a esta pergunta. 

Finalizo então esperando ter feito com que o leitor reflita e passe a usar do bom senso todas as vezes em que os “Gurus Tech” apontem suas previsões cataclísmicas todas as vezes que entra uma startup no mercado que se torna o próximo unicórnio. Aliás, unicórnios também são seres mitológicos. Não existem.

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