Mercado acredita que juros mais baixos vão impulsionar crescimento econômico

Especialistas do mercado financeiro apontam perspectiva positiva para o longo prazo na economia brasileira

A última reunião do Comitê de Política Monetária do ano seguiu com o ciclo de cortes na taxa Selic, renovando sua mínima histórica e concretizando as expectativas do mercado. Em comunicado curto, o comitê deixou em aberto a possibilidade de novos cortes, sendo necessário esperar alguns indicadores econômicos para avaliar a possibilidade de eles cessarem ou serem menores, de 0,25%. Especialistas apontam que os cortes, em conjunto com a decisão do Fed de manter a taxa de juros, podem afastar capitais especulativos do país no curto prazo, pressionando o dólar para cima, porém, eles podem atrair capitais de médio longo prazo, como os de investimento em estrutura, trazendo crescimento saudável para o país. “Esses cortes na Selic devem ter impacto real na retomada econômica principalmente no começo de 2020. O Banco Central está conseguindo controlar muito bem os incentivos na economia, promovendo aquecimento da economia aos pouco mas com solidez. Para o ano que vem, não seria surpresa ter uma taxa abaixo dos 4%”, diz Fabrizio Gueratto, Financista do Canal 1Bilhão Educação Financeira.

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Daniela Casabona, Sócia-Diretora da FB Wealth, ressalta que o resultado da reunião já foi precificado pelo mercado. “A queda da taxa Selic já estava precificada e tem trazido ânimo para o mercado. São as notícias positivas da melhora, mesmo que ainda lenta da economia. O novo rating do país, atribuído pelo S&P, também pode atrair investidores que antes não iriam investir no país antes, pelo seu risco”, comenta. Casabona ainda repercutiu a decisão do Fed de manter a taxa de juros da economia americana. “O Fed também já havia sinalizado a manutenção da taxa, o que também já estava precificado no mercado global. A taxa de juros dos EUA segue atrativa pelos fatores de segurança em investir em uma moeda forte”, completa.

André Alírio, Economista e Operador de Renda Fixa da Nova Futura Investimentos, chama atenção para as expectativas quanto as reuniões do ano que vem do Copom. “Existem perspectivas de que o banco central possa, tanto interromper o ciclo de queda de juros, quanto diminuir o ritmo de queda, fazendo cortes de 0,25%. O BC em comunicado não se comprometeu, então, na medida que forem feitas outras declarações, vamos refinando as expectativas em conjunto com os indicadores do mercado”, fala. O Economista e Operador de Renda Fixa comenta também sobre a melhora na nota de crédito atribuída ao Brasil pelo S&P. “A melhoria da perspectiva da S&P do Brasil também é positiva, pois as agências de risco estão avaliando basicamente se as medidas fiscais estarão tendo resultado na arrecadação. Para isso acontecer, o país precisa estar crescendo em ritmo mais acelerado. Isso é um indicio que a agência espera que o país cresça um pouco mais e consiga dessa forma ter um déficit nominal menor, o que pode animar os mercados no longo prazo”, explica.

Para Fernando Bergallo, Diretor de Câmbio da FB Capital, as reuniões atenderam integralmente a expectativa do mercado. “O mercado já estava precificando esses ajustes, então, não houve volatilidade ou turbulência”, diz. Fernando ainda comentou sobre a possibilidade de haver uma pressão no câmbio para no curto prazo. “Com os juros caindo você diminui a atratividade para o capital especulativo de curto prazo, que vem para o país para tentar fazer o carry trade, para tentar rentabilidade rápida. Para médio e longo prazo, você acaba incentivando o ingresso de capital que venha para infraestrutura e investimentos diretos no país. No primeiro momento podemos elevar a pressão no câmbio, mas é uma política que a médio e longo prazo que pode ter sucesso e trazer o dólar mais para baixo”, finaliza.

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