Artigo: Respeito não envelhece

Celso Ricardo Mendes é Diretor de Operações da Sompo Seguros

O aumento da longevidade está trazendo uma série de oportunidades e desafios para a nossa sociedade. Enquanto podemos nos beneficiar do convívio com nossos entes queridos por mais tempo e também compartilhar vivências e conhecimentos com colegas mais experientes sob diversos aspectos, a maior expectativa de vida também trouxe reflexos em nossa organização financeira e social. Um caso emblemático é o da previdência.

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C Josias & Ferrer no JRS

Recém-expostos à reforma da previdência que alterou substancialmente a expectativa futura de muitos trabalhadores, seja quanto ao período de nossa vida que esperávamos dedicar ao trabalho como também no próprio valor do benefício na aposentadoria, pensar a longo prazo e não delegar integralmente nosso futuro aos comandos de outras pessoas tornou-se essencial.

Se no aspecto de planejamento da aposentadoria nossa maior longevidade pode ter trazido um gosto amargo para muitos, é esperado neste contexto um convívio mais frequente entre gerações distintas no mercado de trabalho. Estudos apontam que, atualmente, estão no mercado de trabalho profissionais de quatro gerações, que convivem diariamente e dividem responsabilidades nas organizações. A tendência é que o quadro das empresas apresente maior dispersão nas faixas etárias. Hoje ainda é comum observar maior concentração na faixa dos 30 anos.

Esta diversidade deve contribuir para que internamente as empresas consigam refletir melhor o próprio envelhecimento da população e possam, por meio de uma maior pluralidade de visões, entender o que este movimento representa em suas demandas de produtos e serviços. No Brasil, essas transformações são particularmente percebidas. Um exemplo é que, enquanto a França levou 145 anos para que sua população idosa dobrasse de tamanho, de 10% para 20%, o nosso país deve observar movimento semelhante em apenas 19 anos, entre 2010 e 2029.

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Iniciativas para a inserção dos mais jovens, como os aprendizes, estagiários e trainees; não estão mais sozinhas. A inclusão de profissionais mais experientes também virou pauta dos RHs. Convivendo por alguns anos com algumas iniciativas isoladas, agora observamos a disseminação de práticas como o estágio para os veteranos.

Hoje em dia já se noticia a maior incidência da longevidade para além dos 100 anos. Com isso, é de se imaginar que, cada vez mais, vai cair em desuso chamar uma pessoa com 60 e poucos anos de idosa, apesar da referência da idade de aposentadoria da previdência pública e também da Organização Mundial da Saúde (OMS) de considerar um indivíduo idoso a partir de 60 anos.

Já que confiar nosso futuro a outrem é imprudente, então nos cabe tomar as rédeas de nossa empregabilidade. Para quem tem a perspectiva de trabalhar por quatro décadas ou mais, é bem possível que esse tempo exija o desenvolvimento de diferentes habilidades e a atuação em atividades, às vezes, distintas. Estar disposto a buscar novos conhecimentos e ter uma visão flexível de carreira serão atributos fundamentais para vencermos o desafio das mudanças de demanda de trabalho da sociedade.

Na Sompo Seguros iniciamos discussões sobre este tema de forma “institucionalizada” em 2018. Definimos que um dos pilares de atuação da recém-criada Comissão de Diversidade seria Gerações. Como tutor, vivenciei junto com meus colegas de grupo o desafio de compreender as questões do tema sob a premissa de pensarmos nas aflições, expectativas e anseios de profissionais de todas as gerações.

Dar voz aos jovens e aos experientes sob a mediação de uma psicóloga com bagagem no tema Gerações foi o objetivo de um bate-papo organizado pela Comissão. O jovem traz sua abordagem questionadora dos paradigmas, enquanto os já veteranos trazem a vivência de quem já sabe, por experiência própria, que as mudanças fazem parte da vida.

A mensagem final do encontro foi de que o Respeito é o alicerce sob o qual deve ser mediado qualquer debate para se encontrar entre visões diferentes, fatores de confluência para objetivos comuns entre colegas de gerações distintas. Também é sob o respeito que deve se pautar o convívio entre as pessoas, sejam de diferentes gerações ou de qualquer outra particularidade.

Aproveitando o ensejo da reforma da previdência, também foi organizada uma palestra em que foram apresentadas as mudanças da previdência social, bem como as características da previdência complementar. Essa iniciativa teve como objetivo lançar luz e tirar dúvidas sobre temas que podem afetar o planejamento financeiro e a perspectiva de uma melhor qualidade de vida durante a aposentadoria.

Finalizamos a sequência de ações com um concurso que deu a oportunidade aos colaboradores de demonstrarem por meio de uma foto referências que espelham sua geração. Cenários, objetos e experiências traduzem o quanto nossa vida vai mudando ao longo de algumas décadas.

Caso você, que lê esse artigo, se imagina com dificuldades em se adaptar, basta olhar para seu lado em sua própria casa e ver como sua vida está diferente. As descobertas tecnológicas e as transformações sociais fazem com que hoje tenhamos que nos adaptar às mudanças em uma velocidade que jamais foi exigida de nossos antepassados. Com isso, descobrimos que o ser humano é mais flexível do que se pensa! E consegue se aventurar, desbravar diferentes esferas do conhecimento e viver “diversas vidas numa só”. Acredite e desfrute de sua longevidade da melhor maneira possível!

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