Aon compra Willis Towers Watson por US$ 30 bilhões

Fusão vai permitir que as empresas sejam mais inovadoras e melhorem sua capacidade de análise de dados

O Valor Econômico relatou que a Aon vai comprar a Willis Towers Watson por US$ 30 bilhões, sob um acordo integralmente em ações e que vai combinar a segunda e a terceira maiores corretoras de seguros do mundo, criando uma nova líder. O negócio marca a fase final do longo processo de consolidação do mercado de corretagem de seguros e abre um desafio para a Marsh & McLennan, até agora a maior do setor em receita. A fusão ocorre cerca de um ano depois de a Marsh & McLennan ter concluído a aquisição da Jardine Lloyd Thompson, sob um negócio de 4,3 bilhões de libras esterlinas (US$ 5,67 bilhões).

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A Aon havia considerado fazer uma oferta pela Willis Towers Watson em 2019, mas desistiu da ideia em março do ano passado. No entanto, havia especulações cada vez maiores de que a companhia poderia voltar a cogitar a compra. Os acionistas da Willis Towers Watson vão receber 1,09 ação da Aon em troca de cada ação que possuírem, o que confere um valor de US$ 30 bilhões à empresa, 16% a mais do que o indicado pelo preço de fechamento das ações na sexta-feira.

As ações da Willis Towers Watson foram bastante impactadas pela recente instabilidade do mercado, tendo caído 10% desde que atingiram o recorde de US$ 220 em fevereiro. “[O negócio] nos torna uma empresa mais capaz de atender as necessidades dos clientes […]”, disse o diretor-presidente da Aon, Greg Case. Ele destacou a área de ataques cibernéticos e a crescente necessidade de proteção da propriedade intelectual como dois segmentos nos quais a combinação das companhias vai torná-las mais fortes do que se estivessem separadas.

“Temos capacidades distintas”, afirmou, acrescentando que a fusão vai permitir que as empresas sejam mais inovadoras e melhorem sua capacidade de análise de dados. A Aon prevê sinergias de US$ 800 milhões com a combinação dos grupos, cujas sedes estão apenas a alguns metros de distância na região central de Londres. “A redução de custos não é o objetivo […] não é o foco”, acrescentou Case. “Cerca de 75% das sinergias virão da “consolidação dos negócios e das funções de suporte central”. O restante virá da economia na área de tecnologia e com propriedades.

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A Aon destacou que a transação terá impacto positivo no lucro ajustado por ação já no primeiro ano depois da aquisição. A empresa combinada será a maior corretora mundial de seguros comerciais, segundo dados do Instituto de Informações sobre Seguros (III, na sigla em inglês), com receita de US$ 19 bilhões, com base nos números de 2018. Isso a coloca logo acima da Marsh & McLennan, cuja receita soma pouco menos de US$ 17 bilhões. A terceira maior, a Arthur J. Gallagher, vai ficar um pouco mais distante, com faturamento de US$ 5 bilhões.

Em vista do tamanho das duas empresas, o negócio poderá atrair a atenção dos órgãos supervisores, embora Case tenha ressaltado que “não se trata do tamanho, não se trata de ser maior, mas de ser melhor”. “É um setor muito competitivo e continuará sendo.”

Combinar as duas empresas poderá ser uma tarefa complicada. A própria Willis Towers Watson é resultado de uma fusão, ocorrida em 2015, entre a Willis e a Towers Watson. Dois anos depois do acordo entre elas, o diretor-presidente da empresa combinada, John Haley, disse ao “Financial Times” que a fusão havia sido “mais difícil” do que se pensava.

Estava previsto que Haley se aposentasse em 2021, mas depois desta transação ele se assumirá a posição de presidente do conselho de administração da Aon, encarregado de cuidar da expansão e da inovação. Case e Christa Davies, diretora de finanças da Aon, manterão seus cargos. A Aon foi assessorada no negócio pelo banco Credit Suisse e a Willis Towers Watson, pelo Goldman Sachs.

A Aon tem forte atuação no setor de saúde brasileiro, com serviços de consultoria e corretagem de convênios médicos para grandes companhias. Muitas delas são multinacionais e adotam a mesma política de benefícios em todas as suas unidades no mundo.

No Brasil, a Aon administra uma carteira com 2,8 milhões de usuários de planos de saúde corporativos. Ao fechar a fusão com a Willis Tower Watson, que tem 1,6 milhão de usuários nesse segmento no país, a sua posição de liderança deve ser ainda mais consolidada. Além de saúde, a Aon atua nas áreas de seguros para risco comerciais (risk solution), resseguros, previdência, entre outros.

Em 2018, a Aon movimentou prêmios de cerca de US$ 4,5 bilhões na América Latina e obteve metade dessa quantia no Brasil. Em dezembro, a Willis adquiriu sua concorrente Unity Group, com presença no Panamá, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua. A Unity é forte nos segmentos de risco e seguro de saúde.

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