Petróleo cai ao menor nível em 18 anos, com previsão de queda de 25% na semana

Contratos chegaram a ser vendidos abaixo de US$ 20 o barril em Nova York

Os contratos futuros do petróleo caem às mínimas de 18 anos, com a referência americana da commodity, o WTI, chegando a perder temporariamente o nível dos US$ 20.

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A Casa Branca anunciou no domingo que estenderá as suas recomendações de distanciamento social até o fim de abril, com o número de casos confirmados nos EUA ultrapassando hoje os 140 mil. A mudança de postura contrasta com comentários anteriores do presidente americano, Donald Trump, de que ele queria reabrir partes da economia até a Páscoa.

“Está bem claro que o próximo trimestre, pelo menos, será extremamente ruim”, disse Oliver Jones, economista de mercados da Capital Economics, à Dow Jones Newswires. “Veremos algumas contrações extremamente acentuadas na atividade econômica de muitas economias avançada. É algo histórico”, afirmou.

A perspectiva de uma paralisação mais extensa da economia aumenta ainda mais a pressão sobre o petróleo, que tem sido fustigado também por uma guerra de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia.

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Este não é apenas um dos maiores choques econômicos de que tem memória, “mas as indústrias de combustíveis fósseis, como o petróleo, estão também em dificuldades, pois historicamente serviram como pedra angular das interações sociais e da globalização, cuja prevenção é agora a principal defesa contra o coronavírus”, disse Jeffrey Currie, executivo do Goldman Sachs, à Dow Jones.

Currie diz que o petróleo vai sofrer um impacto duas vezes maior do que o da atividade econômica, “com a demanda recuando esta semana, caindo 26 milhões de barris por dia, ou 25%”.

Há pouco, o contrato do petróleo WTI para maio operava em queda de 5,95%, a US$ 20,23 por barril, depois de tocar a mínima intradiária de US$ 19,85 mais cedo. O contrato do Brent – a referência global – para o mesmo mês recua 11,07%, a US$ 22,07 por barril.

Apesar das perdas acentuadas do petróleo, porém, os índices acionários globais retomam a recuperação anotada na semana passada, impulsionada pelas medidas de política monetária e fiscal, incluindo um enorme pacote de estímulos de US$ 2 trilhões anunciado pelo governo americano. No Brasil, por exemplo, apesar do Brent (referência mundial) cair 11%, as ações mais negociadas da Petrobras subiam 1,50%, às 14h24.

Os mercados entraram em uma nova fase na sua resposta à pandemia, disse James McCormick, estrategista da NatWest Markets. Depois que os governos e bancos centrais tomaram passos extraordinários para proteger as pessoas e o sistema financeiro em março, os investidores estão agora tentando avaliar o impacto econômico da piora da pandemia e a efetividade dos pacotes de estímulos sendo oferecidos.

“Em abril vamos entender um pouco mais do impacto sobre o crescimento e estaremos esperando por alguns sinais de um achatamento das curvas de infecção e de mortalidade”, disse o economista.

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