“A humanidade precisa sair melhor da crise”, diz CEO da Mapfre

Confira a entrevista de Luis Gutiérrez Mateo ao Jornal O Estado de S. Paulo


Luis Gutiérrez Mateo, CEO da Mapfre Seguros desde 2018, diz que a atual crise é a maior de todas, porque “está sendo global como nunca foi ao atingir todos os países ao mesmo tempo com um fechamento maciço de fábricas a restaurantes”. O cenário internacional, em países como Itália, Espanha e Alemanha, onde a Mapfre também está presente, gerou um alerta importante para os negócios no Brasil. De forma rápida, um plano de ação contra a crise foi colocado em prática e a empresa está bem.

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A Mapfre perdeu eficiência ao operar de forma remota?

A Nossa primeira preocupação foi preservar a saúde dos funcionários e dos colaboradores.

Mas estamos satisfeitos porque mantivemos os serviços para clientes e intermediários. Assumimos o compromisso de não fazer demissões e de não reduzir salários. Nas condições vividas até agora, temos uma liquidez para no mínimo um ano.

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Assumimos o compromisso de não fazer demissões e de não reduzir salários. Nas condições vividas até agora, temos uma liquidez para no mínimo um ano.

Em seu negócio, quais são as pontas mais prejudicadas?

Não tenho como falar em estatísticas, mas os autônomos e pequenos empresários, sem uma solvência financeira grande, que vivem mês a mês, são os mais afetados. Para ajudar guincheiros e oficinas, nossos parceiros, estamos antecipando pagamentos e comprando pacotes de serviços. Temos que ficar perto deles, porque estão passando por um momento difícil.

No setor automobilístico, houve uma queda de 30% em assistência veicular. Em viagens, como são apólices temporárias, o seguro simplesmente acabou. Em termos de renovações de apólices residenciais e empresariais, está tudo normal. Entre os seguros de vida, as vendas diminuíram; as renovações, não. Mas é um setor que poderá ficar mais forte depois.

Por quê?

As pessoas ficarão mais cientes quanto ao seguro de vida. Costumo contar uma história triste. Meu pai morreu quando eu tinha seis anos, meu irmão tinha três e a minha mãe estava grávida de cinco meses. Meu pai não tinha seguro de vida e minha família voltou trinta anos no tempo. Todos os sonhos que os meus pais tinham para os filhos precisaram recomeçar.

Claro, hoje estou aqui, como CEO da Mapfre, mas foi com muito mais esforço do que deveria ter sido. Comecei a trabalhar aos 12 anos. O seguro de vida garante o sonho de futuro das famílias.

Todos estão em um ecossistema onde absolutamente tudo está interligado.

Tomara que, quando voltarmos, essa memória dure mais do que quinze dias’ A Mapfre vai honrar as apólices de seguro de vida com cláusula de exclusão para pandemias? Nós resolvemos assegurar todas as apólices por morte por coronavírus. Nos nossos contratos, alguns tinham, outros não, era uma exclusão padrão que na verdade nunca havia sido usada. Como disse, vamos garantir os sonhos de futuro das famílias, manter a relação de confiança com os clientes.

Já há aprendizados nesse processo?

Há algumas quebras de paradigma, como a do home office. Estou descobrindo um comprometimento dos meus funcionários que é de arrepiar.

Isso não poderá ser esquecido. A humanidade como um todo tem que sair melhor e mais reforçada disso. Estamos vivendo momentos de consciência social. Todos estão em um ecossistema onde absolutamente tudo está interligado.

Tomara que, quando voltarmos, essa memória dure mais do que quinze dias. Quando chega o Natal, todos têm os melhores sentimentos, mas no dia 4 de janeiro seguinte todo mundo já esqueceu. Espero que não seja assim.

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