CVM: Crise do coronavírus é mais intensa que a de 2008 

Segundo a autarquia, choques de volatilidade e queda brusca dos principais índices acionários foram mais severos e rápidos do que os da crise do subprime

A pandemia do coronavírus causou perdas expressivas nas Bolsas e nos mercados de renda fixa mundo afora, em um movimento que não fez distinção entre ativos de diferentes perfis financeiros, em meio ao pânico e às vendas generalizadas.

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Em um ambiente como esse, no qual os índices de renda fixa e variável refletiram a perda momentânea de funcionalidade do mercado, a diversificação da carteira como instrumento de gestão de riscos pregada pela teoria da “fronteira eficiente” de Harry Markowitz perdeu a eficiência.

A avaliação é de Bruno Luna, chefe de assessoria de análise econômica e gestão de riscos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e consta no boletim mensal de risco, divulgado nesta quinta-feira (30) pela autarquia.

“O comportamento observado nos mercados indica que enfrentamos uma crise maior do que a crise financeira de 2008, especialmente por conta da generalização de seus efeitos sobre os diversos mercados”, declarou Luna, no documento.

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Segundo o especialista, os choques de volatilidade e a queda brusca dos principais índices acionários foram mais severos e rápidos do que aqueles observados na crise de 2008.

Os dados compilados pela autarquia mostram também que os principais benchmarks registraram um nível recorde de correlação entre si na fase mais aguda da volatilidade.

Ainda de acordo com o boletim da CVM, o cenário imposto pela Covid-19 levou a uma rápida deterioração nos indicadores de risco soberano ao redor do mundo. Isso porque os pacotes de auxílio emergencial tendem a pressionar a dívida pública.

Nos emergentes, prossegue a autarquia, a situação se agrava ainda mais pelo efeito da queda da arrecadação, gerado pelo choque de oferta. A CVM também tem voltado sua atenção para a fuga de capitais dos emergentes em direção a ativos considerados menos especulativos (como os títulos do governo americanos), o que tende a acarretar em desvalorização cambial e alta dos juros soberanos nominais.

 

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