Cenário em tempos de pandemia é foco da Carta de Conjuntura do Setor de Seguros

Estudo do SindesegSP e Sincor SP traz projeções positivas ao setor de seguros, mesmo com os prejuízos decorrentes da atual crise sanitária.

Logicamente, a mais recente Carta de Conjuntura do Setor de Seguros, publicada pelo Sindeseg-SP e Sincor-SP, tem foco nas repercussões econômicas da pandemia do coronavírus. Com dados de abril, o documento registra indicadores que detalham a retração da economia brasileira provocada pelo distanciamento social. Mas ressalta a capacidade de resiliência do setor de seguros no país. Identifica-se essa força no editorial do presidente do Sincor SP, Alexandre Camillo, que “ressalta a rápida implementação de novos métodos de trabalho, com os operadores em seguros se adequando às necessidades deste novo tempo e atendendo aos seus clientes de forma rápida e certeira”.

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Entre os indicadores apresentados, a desvalorização do real em relação ao dólar desde o início do ano reflete uma aversão à moeda brasileira, como poucas vezes ocorreu. Entre as 44 principais economias desenvolvidas e emergentes, o real é a moeda que mais se desvalorizou no ano ante o dólar, com queda de 36,51% até o final de abril. “No mês, a produção de veículos no Brasil não chegou a 2 mil unidades, pelo fato de as fábricas estarem fechadas”, sinaliza a Carta. Como referência, em abril de 2019, a produção foi de 268 mil unidades. De março para abril de 2020, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) passou de 98 pontos para 58 pontos, sendo o mais baixo patamar da história.

Em contrapartida, a Carta de Conjuntura salienta o fato de a variável Seguros estar registrando uma evolução uniforme, nos últimos anos. Dá ênfase, também, ao bom desempenho do segmento VGBL + Previdência em 2019, depois de 2017 e 2018 ruins. Conforme a análise dos números, até abril, a variação total de receita de seguros em 2020 é de 4%. Como em anos anteriores, o segmento de pessoas tem liderado a evolução no mercado de seguros. “Porém, nos próximos meses, se espera que a variação seja menor dos que os dados obtidos até agora”, descreve a Carta, que lembra, contudo, o crescimento real registrado no segmento de Capitalização. “No ano passado, o mercado de resseguro teve também um comportamento positivo e uniforme, mantendo uma taxa histórica de crescimento de 10 a 15%. Para 2020, em razão da crise econômica, as previsões são bem mais modestas nos dois casos”, alerta.

Exemplo Asiático

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Uma notícia alvissareira estampada no documento é o recente estudo da resseguradora Swiss Re de como deve se comportar o segurado na Ásia em um mundo pós pandemia, a partir de pesquisa com 2,5 mil pessoas. O texto chegou a quatro conclusões principais: Crescimento dos problemas de saúde mental (25% das pessoas estão com problemas de ansiedade); os seguros devem ser vistos mais do que um pagamento de sinistros, mas como mercado que presta serviços médicos, com excelência no atendimento on-line; o segmento passou a ser considerado bem mais importante, com o aumento de interesse do consumidor asiático. O exame da Swiss Re estima uma lacuna na proteção da mortalidade – a falta de recursos financeiros que as famílias precisam para manter os padrões de vida antes de algum sinistro – de mais de US$ 80 trilhões em toda a região Ásia-Pacífico.

Projetando esses números para a realidade brasileira, o estudo do SindesegSP e Sincor SP ressalta que, neste momento, as previsões são bem difíceis e com certa imprecisão, pois ainda não se sabe a extensão da pandemia no país. Em termos numéricos, o setor de seguros, de 2018 para 2019, cresceu 7%. Para 2020, a previsão é de queda nesse valor, mas ainda positivo. A resiliência do setor de seguridade raramente esteve tão evidenciada.​

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