Projeções indicam possibilidade de segunda onda de Covid em Campinas

Número de casos cai durante 44ª Semana Epidemiológica; apesar disso, criação de plano de contingência expõe temor por novo avanço da pandemia

As projeções divulgadas no último boletim InfoGripe, que indicam uma probabilidade moderada de aumento das infecções por covid-19 no Estado de São Paulo, contrastam com a realidade da Região Metropolitana de Campinas (RMC) nas últimas semanas. Segundo nota técnica publicada pelo Observatório PUC-Campinas, os 1,51 mil casos registrados na 44ª Semana Epidemiológica, correspondentes ao período de 25 a 31 de outubro, refletem diminuição de 11,48% em relação à semana anterior.

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A situação na RMC no período analisado é a mesma para o Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-Campinas), cuja variação de casos foi negativa em 7,31%. Contudo, o número de mortes mostrou-se superior comparado à semana anterior: foram 46 na RMC (+ 6,97%) e 52 no DRS-Campinas (+ 4%). O município de Campinas, que manifesta o pior índice de mortalidade por 100 mil habitantes na região (112), teve queda de 15% nos óbitos, com 17 vítimas fatais da covid-19 no período.

O infectologista André Giglio Bueno, professor da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas, diz que as estatísticas, somadas à ocupação de leitos de UTI abaixo de 60%, seguem indicando uma tendência de desaceleração da pandemia na região. No entanto, o especialista cita as projeções pessimistas para algumas regiões do Estado, além da segunda onda da covid-19 na Europa, para alertar a população em relação aos ricos ainda existentes de contágio.

“Devemos permanecer muito atentos e com máximo rigor na adesão às medidas de prevenção. Em uma atitude bastante prudente, a prefeitura de Campinas divulgou recentemente que está em elaboração o plano de contingência do município para uma eventual segunda onda. O risco de ocorrência de aumento no número de casos de síndrome respiratória aguda nas próximas semanas é um indicativo de que devemos nos manter em alerta”, reforça o médico.

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O temor das autoridades sanitárias pelo avanço da doença é compartilhado com trabalhadores e empresários, que continuam sentindo os impactos do coronavírus na economia. A nota técnica do Observatório PUC-Campinas mostra que todos os setores – Indústria, Serviços e Comércio – estão com resultados piores em relação ao ano passado. Além disso, os dados do mercado de trabalho indicam a dificuldade de consumo das famílias, sobretudo com o fim ou redução dos programas de transferência de renda, como o auxílio emergencial.

“De forma pragmática, a sustentabilidade da retomada econômica depende dessa capacidade de consumo das famílias, da política de gastos públicos e da recuperação da economia global”, frisa o economista Paulo Oliveira, que coordena as análises relativas à covid-19 no Observatório PUC-Campinas.

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