Aumenta a demanda de Seguros de veículos “Pay Per Use” no Brasil pela pandemia do Coronavírus

Trabalhar em casa e o distanciamento social fazem que os usuários avaliem manter seguros com amplas coberturas

De janeiro a abril de 2020, as seguradoras de veículos no país viram uma queda de R$1,1 bilhão no seu faturamento como consequência da diminuição das vendas e pelos descontos aplicados aos clientes existentes, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados. A queda foi de 5% em referência ao mesmo período do ano anterior. No entanto, nos últimos meses mostraram uma tendência mais positiva. O acumulado de janeiro a outubro de 2020 mostra uma queda de apenas 1,1% em relação ao mesmo período de 2019.

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Trabalhar em casa e o distanciamento social fazem que os usuários avaliem manter seguros com amplas coberturas, especialmente se a renda tiver sido afetada neste período. Enquanto as seguradoras tradicionais fazem até o impossível para reter seus clientes, as empresas que oferecem seguros “Pay per Use” (PPU) como a Bidu (do grupo Thinkseg) viram seus números crescerem 250% entre maio e julho de 2020. Estes serviços são voltados principalmente ao público proprietário de carros de até R$ 30 mil.

Os seguros deste tipo, para carros básicos, são a partir de R$ 25. O segurado paga um montante fixo por mês, que é incrementado por cada quilômetro percorrido. O modelo é uma alternativa muito atrativa nesta época, já é popular nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, foi aprovado em agosto no ano passado, com base em uma medida estabelecida em 2019.

Apesar do mal momento que estão passando os seguros de carros tradicionais, outros segmentos do setor tiveram uma sorte diferente. Os seguros de vida e de residência, por exemplo, tiveram aumentos na sua faturação e vários deles começaram a incluir coberturas contra a COVID-19.

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O principal motivo da queda na demanda de seguros veiculares foi a diminuição nas vendas de carros 0km. Nos primeiros meses com uma pandemia declarada (março, abril, maio) houve uma contração de 57,5% que colocou em xeque a indústria, o que obrigou a redução dos funcionários em alguns casos.

As vendas de veículos (automóveis e comerciais leves) caíram 26,6% em 2020. Foi a primeira queda nas vendas em 4 anos. O mês de abril teve o pior desempenho de venda de carros dos últimos 14 anos, com redução que representa mais de 75%

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Como consequência desta queda, as empresas seguradoras começaram a oferecer melhores condições a seus clientes com preços mais baixos, facilidades de pagamento e importantes descontos para novos clientes. A competência entre elas é intensa e quem não consegue se adaptar fica de fora.

A taxa que mede o volume dos cancelamentos em relação às novas contratações oscila historicamente próximo de 7,5%. Desde março no ano passado, este índice começou a aumentar até chegar ao pico em abril, de 12,8%, segundo pesquisas da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). No entanto, em agosto o número caiu para 6,9%, mostrando uma clara tendência de recuperação do setor. Como alternativa aos seguros “Pay Per Use”, as seguradoras também começaram a pensar em adaptar a oferta ao contexto com propostas mais baratas e menores coberturas.

Acidentes de trânsito

Se bem que a redução dos acidentes de trânsito é importante nos números totais, comparando 2020 com 2019, a verdade é que depois do piso atingido nos meses de março e abril, eles voltaram a crescer e se posicionaram próximo aos de 2019, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal. De fato, em outubro a quantidade de sinistros registrados foi maior em 2020 que em 2019, com 5.881 ocorrências no ano passado, contra 6.109.

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A probabilidade de que a queda do uso de veículos particulares tenha chegado para ficar é alta. A verdade é que qualquer meio ou tipo de transporte que se use continua apresentando riscos de acidentes, mesmo os automóveis compartilhados, como ocorre com o Uber. O seguro contra terceiros é obrigatório ainda e segundo a empresa de comparação de seguros on-line O Melhor Trato, em torno de 70% dos veículos no Brasil circulam sem nenhuma cobertura, então, há muito o que fazer. Por um lado, é preciso conscientizar os motoristas sobre a importância de ter estes papéis em ordem, mas por outro, talvez, seja o momento de que as seguradoras possam apresentar ofertas mais adequadas aos perfis presentes no país.

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Esclarecimento no contexto da autora: todas as previsões a respeito dos impactos do Coronavírus contêm um alto grau de incerteza por que ainda não se conhece quanto mais durará a crise sanitária nem quais seriam as consequências finais na economia mundial.

Fontes: Superintendência de Seguros Privados (Susep), Sistema Único de Saúde (DataSUS), Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Código de Trânsito Brasileiro (CTB), Organização das Nações Unidas (ONU), Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg),  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (RENAEST), Portal do Trânsito, O Melhor Trato, Associação Brasileira dos Concessionários, Seguradora Líder, Infosiga SP, Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo, Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Policia Rodoviária Federal, Associação Nacional dos Detrans (AND), Observatório Nacional de Segurança Viária, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Por Melisa Murialdo, Redatora, Editora de Conteúdos e Contadora Analista Região da América Latina da elMejorTrato.

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