Carlos Josias: A constante reinvenção do setor de seguros

Confira artigo de Carlos Josias Menna de Oliveira, Sócio da C. Josias e Ferrer Advogados Associados

Carlos Josias Menna de Oliveira é sócio fundador do escritório C. Josias & Ferrer Advogados Associados / Divulgação
Carlos Josias Menna de Oliveira é sócio fundador do escritório C. Josias & Ferrer Advogados Associados / Divulgação

Não nasci há dez mil anos atrás, tampouco vi tantas coisas como Raulzito, mas vi muito ao longo destes 50 anos trabalhando no setor – que serão completados em novembro, livre de Covid se os Deuses quiserem – (vale para todos nós até para que sejam mantidos e até redobrados os cuidados, porque este vírus maldito se recompõe também).

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Reinventar é recriar, trabalhar em cima do que já existe.

Recordando estes 50 anos militando no setor, seguradoras e corretoras como funcionário por 12 anos e 38 anos atuando como advogado. Me ocorre, com dose de humor, lembrar da publicidade antiga da cerveja cujo marinheiro ao recomendá-la falava: “Pelas minhas andanças pelos sete mares…”, era o recado do capitão do navio. Já vi de tudo ou quase, menos uma cerveja tão boa quanto a do comercial – naquela época chamavam de “reclames”.

As barbas brancas do marinheiro eu adquiri, mas enxergo os oceanos dele com olhos de leigo, não vejo a transformação que aparentam; mas, nos oceanos do ramo que trabalho elas são visíveis.

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Se tivesse que apontar – e estou me forçando a fazer – o que mais me impressiona neste ramo durante toda a minha existência nele, eu não teria nenhuma dúvida em dizer: a estupenda capacidade de se reinventar!

O setor chegou nos anos 1960 totalmente desorganizado e desencontrado até a Lei do Seguro – o histórico e antológico Decreto-Lei 73/66 – colocar todos no lugar e projetar um sistema operacional que não se acreditava que pudesse ser possível programar.

Ali incontáveis dificuldades foram atravessadas, quebras de seguradoras, crise nos montepios, enfim.

Quando a lei tinha de passar a ser executada de verdade, sair da intenção ou do “papel” – nos anos 1970 – o país se encontra num regime severo em que se misturavam seguranças e inseguranças ideológicas. E o setor seguiu firme sua marcha – sem ironia no termo. Se criou mesmo que houvesse repetidos problemas com liquidações extrajudiciais e outros percalços. A travessia continuou.

O setor venceu o período e ingressou na transição dos anos 1980, onde enfrentou uma inflação surreal que parecia invencível. E seguiu em frente, ainda que alguns pedaços ficassem pelo caminho, novas liquidações – que até hoje ocorrem vez que outra (mas quem não perde pedaços ao longo da vida?).

Anos 1990, 2000, 2010, 2020 – pandemia

Já repararam quantas vezes este setor teve que se reinventar? Perceberam quantas vezes houve pessimismo? Já perceberam quantas guerras tivemos de vencer para ter um pouco de paz?

Não, essas vitórias não foram Quixotescas, ainda que Cervantes me seduza.

Abro os noticiosos e vejo uma avalanche de novos produtos que estão sendo lançados pelos seguradores em geral, despejando dezenas ou centenas de opções aos consumidores. Sem que contar que novas empresas aportam no país.

Mas o que é isto se não uma capacidade de recriação admirável?

Nos 21 anos de existência do Escritório – que já são 38 – lançamos um livro que continha uma compilação de artigos escritos pelos sócios em informativos do ramo que denominamos “Conflitos Que Geram Produtos”. Contamos a quantidade enorme de batalhas judiciais que acabavam por – mirando eliminar conflitos – se transformando em opções de cobertura, como o “dano moral” – por exemplo – ou o suicídio que era um tormento.

Sim. Os advogados do setor colaboraram em muito para esta reinvenção. Mas não é a categoria, somente, que me faz traçar estas reflexões.

Estou me debruçando sobre os artificies desta construção que reinventa esta atividade como:

  • As direções que cobraram de suas equipes – nem sempre com tempo satisfatório para resposta – uma visão de mercado, perspectivas e diagnósticos;
  • Os Mestres Técnicos que reinventaram produtos e coberturas quando os que possuíam estavam pouco viáveis;
  • Os Atuários que estavam sempre prontos para ajustar a reinvenção a um preço compatível;
  • Os publicitários que tiveram a incumbência de apresentar ao grande público esta safra noviça;
  • Os comerciais que estiveram este tempo todo sempre se atualizando para poder levar ao consumo tais reinvenções
  • Os corretores que tiveram que ter compreensão técnica e de venda;
  • As entidades culturais em geral – que com suas insistentes atividades de ensinamento e treinamento aperfeiçoam e esclarecem o entendimento.

E muitos outros que transformam este ramo para melhor e com maior rentabilidade a cada dificuldade – sustentando uma multidão de famílias (quer com empregos, quer com reposição do patrimônio perdido).

Senhores, que privilégio ser colega de vocês.

Saudações;
Carlos Josias Menna de Oliveira, Sócio Diretor Fundador da C. Josias e Ferrer Advogados Associados.

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