Como garantir aprendizado e desenvolvimento às pessoas com autismo em tempos de pandemia

Especialista fala sobre importância de inserir atividades na rotina que garantam a autonomia e aprendizados para convivência social com mais qualidade de vida

Durante o período de pandemia, precisamos nos reinventar constantemente para manter um ambiente tranquilo e equilibrado, além de garantir que todas as atividades sejam cumpridas dentro de uma rotina. Diante desse cenário, vemos o aumento da preocupação com a saúde mental e, se a mudança de hábitos já é uma questão para grande parte da sociedade, para uma pessoa com autismo o desafio é ainda maior. Por isso, no mês que todo o mundo lembra e conscientiza a sociedade acerca da luta pelos direitos daqueles que possuem diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Care Plus, operadora de saúde premium, traz luz a este assunto tão importante.

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Pessoas com autismo, que têm como característica do espectro um padrão de comportamento restrito e repetitivo, podem apresentar alterações no padrão de sono e na alimentação, maior irritabilidade e condutas repetitivas, podendo até ter momentos agressivos e lesivos (em si – autolesão – e/ou no outro – heterolesão). Este transtorno atinge cerca de 2 milhões de brasileiros e 70 milhões de pessoas em todo o mundo e requer cuidados indispensáveis.

Durante o isolamento social, vemos que o atendimento on-line, na maioria dos casos de uma pessoa com autismo, é difícil de manter. E isso pode acarretar perdas de habilidades adquiridas e maiores comprometimentos. Nesse cenário, muitos pais foram treinados pelos especialistas para poder trabalhar os objetivos das terapias com as crianças em casa, algumas famílias tiveram que iniciar atendimentos domiciliares e outras voltaram para as clínicas, quando reabertas. Mas, como as famílias devem atuar para tentar minimizar esses impactos e criar um ambiente tranquilo e adequado para os autistas?

Segundo a especialista em TEA e credenciada da Rede Plus, serviço oferecido pela Care Plus, Marcella Marie Carvicchioli, precisamos, neste momento de pandemia e isolamento social, fazer o que é possível dentro da realidade individual de cada família e não nos cobrar caso não seja exatamente o que era antes da pandemia. “Para não perder o vínculo social já conquistado, chamadas de vídeo com professores, amigos e família podem auxiliar e tornar-se um momento de lazer e diversão para todos. Neste período em que todos estão em casa, os familiares podem ajudar no aprendizado das emoções e dos sentimentos, mostrar vídeos e imagens de pessoas com diferentes tipos de emoções e estimular a criança a se expressar e entender o que está sentindo”, explica a especialista.

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Como garantir a autonomia das pessoas com autismo durante o isolamento social?

Os familiares precisam ficar atentos para não realizar as atividades por essas pessoas, mas sim com elas, e para que este auxílio não seja mais do que realmente necessário, evitando que se acomodem e consequentemente não aprendam.

“Observamos, durante o período de isolamento social, que um dos prejuízos de qualquer pessoa com autismo, seja ela adulta ou criança, é a falta de comunicação. É preciso estimular a comunicação em todas as situações possíveis. Em todas as atividades executadas com essas pessoas precisamos utilizar e aliar ao recurso verbal, como figuras do que fazer, vídeos de alguém realizando a tarefa, ajuda física (seja ela total ou parcial) e ajuda gestual, apontando e verbalizando tudo o que deve ser feito ou usado”, comenta Marcella.

Continuar no dia a dia com os objetivos das terapias, de forma mais natural, contribui inclusive para generalização e manutenção dos aprendizados e habilidades já adquiridos.

Quais atividades podem ser realizadas dentro de casa para ajudar no desenvolvimento?

Atividades básicas podem garantir o aprendizado e desenvolvimento constante das pessoas com autismo, como lavar as mãos, tomar banho, trocar de roupa, organizar os brinquedos e materiais, comer sozinho, guardar talheres, separar e guardar suas roupas.

Além das atividades básicas, é importante inserir na rotina atividades funcionais com brincadeira com objetos que sejam dirigidas e estruturadas – com início, meio e fim. Elas podem ser manuais, possibilitando estimular a motricidade fina, como pintura e colagem. Todas elas devem estimular o contato visual e facilitar o entendimento dos sentimentos e emoções, como mímica, imitação, brincadeiras com bolinha de sabão, pega-pega, bexiga de água, quebra-cabeça e jogo da memória são ótimas para esses objetivos. “As famílias podem utilizar, além da comunicação verbal, dinâmicas com fotos, imagens, desenhos, vídeos e filmes. Usar sempre do reforço positivo, nos comportamentos adequados e esperados para determinas situações, motiva a pessoa a realizar aquilo novamente – elogios, acolhimento, abraços são importantes”, explica a especialista.

Preparando-as para uma futura convivência social

Pensando na convivência social, a pessoa com autismo só desenvolverá habilidades sociais quando estiver inserida no meio, seja na escola, em meio aos parentes, em atendimentos em grupo na clínica ou em treinos de habilidades sociais em situações do cotidiano. Por conta da pandemia, esse pilar do tratamento fica prejudicado, mas podemos aproveitar e ensinar de outras maneiras, como por exemplo, brincadeiras com jogos em que um espera a vez do outro para voltar a jogar, utilizando histórias sociais ou vídeos para ensinar como agir em determinadas situações. Além disso, algumas atividades que são realizadas em casa podem ser adaptadas, mantendo, de alguma forma, o contato com o externo e a natureza, como sair para caminhadas ao ar livre em horários sem movimento.

Programa da Care Plus garante amparo ao beneficiário com autismo

Por entender esse cenário complexo, aliado à necessidade de tratar consequências em crianças e adolescentes com doenças como Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Care Plus abraça a causa do Cuidado da Família e oferece tratamentos globais, cuidando de cada caso com a atenção que ele merece e com a mesma urgência das enfermidades físicas. Lançado pela operadora em agosto de 2019, atualmente, o programa Cuidado da Família dá suporte à jornada de mais de 190 pessoas considerando a assistência completa e atendimento online a todas as famílias também.

O programa permite atendimentos físicos e online com uma equipe multidisciplinar, incluindo sessões com psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psiquiatras, neurologistas individualizados, e outras especialidades. “Além das terapias feitas com os pacientes em si, ainda damos respaldo às demais pessoas da família, como apoios psicológicos e orientações 24 horas, 7 dias por semana. Há envolvimento completo de um time de profissionais da gestão de saúde e da equipe de atendimento com o entorno do paciente”, explica Melina Cury, coordenadora de psicologia da Care Plus.

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