Inflação e o bolso do brasileiro: como proteger seu dinheiro

Confira artigo de Conrado Navarro, sócio e especialista em finanças pessoais na fintech Grão

Hoje em dia, a palavra “inflação” tem efeitos bastante diversos no dia a dia dos brasileiros. Há um grupo que “arrepia” quando escuta esta palavra, principalmente porque voltam à cabeça cenas do passado em que a alta dos preços era constante e o poder de compra corroído diariamente.

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C Josias & Ferrer no JRS

Por outro lado, já temos no mercado de trabalho uma geração que nasceu depois da estabilização dos preços (ou algo neste sentido, porque ainda temos inflação e ela não é baixa).

A inflação assusta você? Deveria!

Os jovens nascidos depois de 1990 não viveram e nem presenciaram uma escalada insana de preços, mas isso não significa que a inflação deva ser ignorada. Pelo contrário, ela é um ingrediente fundamental na construção de grandes nações e precisa ser vigiada de perto, muito perto.

A prática da inflação é simples e pode ser sentida no cotidiano: um item básico de consumo que custava, digamos, R$ 10,00 há cinco anos, hoje custa R$ 14,00 ou mais. Por mais que em muitos casos exista o dissídio salarial (reajuste), os itens e seus preços não sobem de maneira uniforme.

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Como se proteger da inflação?

Toda esta introdução acima é importante para chegarmos no ponto principal do texto: como se proteger da inflação, principalmente considerando a possibilidade de investir e fazer aplicações? Afinal, se a rentabilidade do investimento for menor que a inflação medida, o poder de compra continua diminuindo.

O desafio do momento para o investir é que vivemos uma situação relativamente nova: Taxa Selic em 4,25% ao ano com teto de inflação (IPCA) em 5,25%. IPCA este que no acumulado de 12 meses (junho/20 a maio/21) passou de 8% e cuja expectativa do mercado é de encerrar 2021 próximo de 6%.

Ou seja, o investidor conservador e que deseja aplicar na renda fixa tem perspectiva de rentabilidade abaixo da inflação medida e da inflação esperada para o ano. O Comitê de Política Monetária (COPOM), do Banco Central, reforçou a possibilidade de seguir elevando a Selic para mitigar os efeitos da alta dos preços.

Retorno real impossível?

Assim, na melhor das hipóteses, é provável que o investidor da renda fixa tradicional “empate” com a inflação em 2021. O que isso significa para quem está começando a investir e guardar dinheiro?

Primeiro, que guardar dinheiro requer começar de forma conservadora, ainda que o investimento não vença a inflação nos primeiros meses/anos dos aportes. A reserva de emergência deve ser sempre construída em aplicações de baixo risco e alta liquidez.

Segundo que o conceito de guardar dinheiro e investir de forma correta pressupõe ter mais patrimônio além daquele alocado na reserva de emergência. Em outras palavras, o investidor deve ter em mente a construção de uma carteira, com ativos de diferentes classes e características.

O investidor inteligente sabe que é com a diversificação da carteira que será capaz de garantir, no médio e longo prazo, retorno real (acima da inflação). Neste sentido, ele deve começar a guardar de forma conservadora enquanto aprende e começa a diversificar e colocar ativos de maior risco em suas decisões financeiras.

Conclusão

Pesquise sobre a inflação e você verá charges e muitas comparações do passado que a pintam como um dragão cuspidor de fogo. Ela queima nosso poder de compra de forma avassaladora, isso é fato. Mas isso não quer dizer que você deve ser como muita gente, que “ou gasta ou arrisca o dinheiro”.

A educação financeira segue sendo a melhor aliada para a construção de um futuro melhor e mais tranquilo, que começa sempre com a decisão inteligente de começar a guardar dinheiro, construir uma reserva de emergência e a partir daí diversificar e criar uma carteira de ativos. Com ou sem inflação, este segue sendo o caminho.

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