Carlos Josias: “Sobre o politicamente incorreto, os dez mandamentos, opiniões, decisões, outras chatices e bezerros de ouro”

Confira artigo do Sócio do CJosias&Ferrer Advogados Associados

Vicejam reclamos, queixas e exaltações sobre o Politicamente Correto, o tema da vez. Muitos se queixam que o mundo ficou mais chato depois disto – como se antes fosse sempre uma maravilha. O mundo é chato, alegre, feliz ou infeliz e oscila entre o bem e o mal.

Publicidade

A terra, afinal, gira em movimentos de rotação e translação: como a vida.

Cada Cabeça Uma Sentença.

Opiniões. Por isto, em regra, os tribunais do mundo e do direito revisam as decisões. Nossa Constituição consagrou o Principio do Duplo Grau de Jurisdição que legitima rever os julgamentos, tanto como faculdade da parte, quando ela pede o reexame se quiser, como de ofício, casos em que o Judiciário se obriga a revisar mesmo sem ser instado, dada a importância do tema – só isto já demonstra que uma opinião solitária é temerária. Por isto, também, as decisões liminares, que são monocráticas em principio, embora concedam o direito de imediato pelo suposto perigo iminente, são submetidas a reapreciação – também usualmente – e não enfrentam o mérito comumente.

Publicidade

Ilustrando, no Brasil no geral, um Juiz profere uma sentença, cabe apelação e vai para o Tribunal do Estado onde outros três juízes reexaminam e julgam, revisam, e dali em diante as revisões podem ser por 5, 7 juízes, e até, eventualmente, toda a composição do tribunal, dependendo do tema até se exaurir na Suprema Corte se até lá chegar. Cada um tem sua forma de entender.

Não há uma única razão, o que há é o resultado final que o Colegiado sentenciou.

É por isto que não raras vezes encontramos decisões por 2×1, 7×4 e assim por diante.

Se diz que não existe a verdade real. A verdade que existe é a do processo.

Isto acontece no Judiciário e também no mundo aqui de baixo, na planície, onde o Biquíni Cavadão canta que as Leis São diferentes.

Cada um de nós tem sua razão. Ninguém é dono da verdade, mas os caminhos do Direito nos fazem cumprir suas linhas para manter a ordem e a harmonia. Neste caminho há opiniões vitoriosas e vencidas, temos que nos acostumar com elas sem desrespeitar as dos demais.

Quem quiser entender um pouco mais esta diferença de pensamentos nos tribunais aconselho a ler O Caso dos Exploradores de Caverna, de Lon Fuller.

Discute-se o mundo estar ou não mais chato com o Politicamente Correto. Estará?

Vamos refletir.

Os Judeus adoravam bezerros de ouro. Moisés proibiu por ordem de Deus. Se ele não dissesse que era ordem divina ninguém cumpria – grande parte das tradições judaicas seguem esta linha, viram ordem divina sem a qual o cumprimento se tornava difícil, carne de porco, circuncisão etc., todas por motivos de saúde. Moisés subiu ao monte para falar com Deus e recebeu as tábuas com os dez mandamentos.

Quando voltou o povo que achava que ele não mais voltaria dançava em volta de um bezerro de ouro. Moisés quebrou o bezerro e entre os mandamentos leu: “Eu sou o senhor seu Deus, não terás outros deuses diante de mim”.

O Politicamente Correto pode ser incômodo, algumas vezes e em algumas coisas, como deve ter sido parar de dançar em volta de bezerros de ouro, mas não dava mais para tolerar piadinhas sobre negros, deficientes físicos, homossexuais, gordos e tantas outras.

Se, para se ser mais humano é preciso passar por um processo mais chato, que seja bem vindo esta era chata, mesmo que você seja gay, gordo, negro, deficiente, e não se importe com o bullying, agressões físicas, agressões verbais e preterimentos que estes são todos ou quase todos os dias submetidos. Morgan Freeman e Clodovil não são regras tampouco representam todos, em especial aqueles que por condição social ou emocional inferior não possuem a visibilidade e a audiência de ambos, antes ou depois da morte.

Bem, a Justiça está punindo quem infringe muitas destas posturas politicamente incorretas, portanto goste ou não, ache ou não uma chatice, cuidado, os Bezerros de Ouro estão proibidos.

Saudações, Carlos Josias.

Artigos Relacionados