Open Insurance: entenda a revolução no mercado de seguros

Confira artigo de Marcelo Feltrin, Head of Business Development da Opus Software

O open insurance é uma iniciativa que tem como objetivo tornar o mercado de seguros mais competitivo, com o intuito de tornar os produtos oferecidos pelo setor mais populares e acessíveis com melhoria também na jornada de compra do cliente. A medida faz parte de uma estratégia de inovação aberta, que reúne empresas do segmento e outras que estejam interessadas em criar novos produtos e serviços.

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O funcionamento do open insurance é bem similar ao do open banking. A ideia é permitir que os clientes possam autorizar, de forma segura, o compartilhamento de seus dados, para, a partir daí, obter melhores serviços e fomentar a criação de novos modelos de negócio.

Essa semelhança, inclusive, não é nenhuma coincidência, visto que a quarta fase de implementação do open banking, prevista para o dia 15 de dezembro deste ano, previa o compartilhamento de dados de operações de câmbio, investimentos, seguros, previdência complementar aberta e contas-salário.

Tanto o open banking quanto o open insurance fazem parte de um movimento chamado de open finance, que é justamente a iniciativa de criar um ecossistema integrado, que permite o compartilhamento de dados de forma segura e transparente, o que incentiva a inovação.

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Como funciona o open insurance

Assim como no open banking, o compartilhamento de dados no open insurance é feito por meio de APIs abertas. Elas funcionam como uma “ponte”, compostas por instruções e padrões de comunicação que conseguem proporcionar a comunicação entre empresas diferentes, de forma padronizada e ordenada. Portanto, uma API de open insurance precisa ser Simples, Segura, Padronizada, Escalável e Moderna.

Na estrutura do open insurance, os produtos, serviços, informações e funcionalidades de uma seguradora ficam disponíveis para consumo por qualquer outra e vice-versa. Isso acontece porque elas obedecem ao princípio da reciprocidade, que diz que só é possível ter acesso aos dados se você também os fornecer e o que possibilita isso é justamente o fato de as APIs serem abertas.

Além disso, a tecnologia das APIs abre portas para uma série de inovações, desenvolvimento de novos negócios, aplicativos e soluções, como, por exemplo:

  • Agregação de serviços, relacionados ao open finance;
  • Facilitar a contratação e cotação de serviços de seguro ou de investimento;
  • Portabilidade;
  • Aviso de sinistro.

O Banco Central, que é o órgão regulador do mercado financeiro e grande promotor do open banking no Brasil, e a Superintendência de Seguros Privados (Susep) atuam em sinergia para estipular as regras de segurança e operação dessas APIs. Isso porque, é necessário garantir que os desenvolvedores tenham acesso às regras de desenvolvimento, assim como aos padrões da gestão de consentimento, como realizado no open banking.

Atualmente, é obrigatória a participação de seguradoras, Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPCs) e as sociedades de capitalização das categorias S1 e S2. As Sociedades Iniciadoras de Serviços e Seguros (SISS), apenas mediante credenciamento, de acordo com o normativo específico.

3 pilares fundamentais do open insurance

O open insurance está fundamentado em três pilares. São eles: open innovation; experiências digitais e novos modelos de negócio.

  • Open Innovation –  A partir do pressuposto de que duas cabeças pensam melhor do que uma, compartilhar dados e informações entre organizações fomenta os processos de inovação, justamente porque permitem uma ampliação da visualização de um cenário, além de ser possível combinar a expertise de uma outsourcing de TI para a criação de um novo produto, por exemplo.
  • Experiências Digitais – A pandemia do novo coronavírus intensificou a necessidade por produtos e experiências digitais que, de alguma forma, pudessem aproximar o público com os serviços necessários. A combinação da melhora das experiências digitais do consumidor, com a tecnologia e análise de dados, também está dentro dos objetivos do open insurance e, consequentemente, do open finance.
  • Novos Modelos de Negócios – O surgimento de novos modelos de negócio é, na realidade, uma consequência dessa iniciativa de open finance. No caso específico do open insurance, tornar os produtos das seguradoras mais acessíveis, agilizar e otimizar processos também fazem parte desse quadro de inovação.
    Segurança de dados

Um ponto importante é a jornada de consentimento. De acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), consentimento é a “manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada”.

Assim, na gestão de consentimento, são observados alguns itens essenciais:

  • O que o usuário X consentiu?
  • O que o usuário X não quer mais consentir?
  • Quais consentimentos o usuário X revogou e como isso te afeta?

Dessa forma ficam garantidas as etapas de autenticação entre as instituições receptoras e transmissoras, para que esses dados só possam ser fornecidos pelos titulares.

Outro desafio é a padronização no desenvolvimento das APIs, já que elas impactam diretamente na gestão do consentimento e na transação segura das informações. Portanto, é necessário que essas regras estejam bem definidas pelos órgãos reguladores.

Cronograma de implementação do open insurance

De acordo com a Susep, a implementação do open insurance está dividida em três fases, e deve ocorrer entre 2021 e 2022.

Fase 1 – Open data: dados abertos de seguros – 15 de dezembro de 2021

  • Dados públicos das sociedades supervisionadas;
  • Canais de atendimento;
  • Produtos disponíveis;
  • Marketplace.

Fase 2 – Compartilhamento de dados pessoais – 01 de setembro de 2022

  • Cadastro de clientes e representantes;
  • Movimentações dos clientes relacionadas a produtos;
  • Registro de dispositivos eletrônicos;
  • Dados individuais de clientes; compartilhado apenas mediante consentimento.

Fase 3 – Efetivação de serviços – 01 de dezembro de 2022

  • Contratação;
  • Endosso;
  • Resgate ou portabilidade;
  • Pagamento de sorteio;
  • Aviso de sinistro;
  • Foco na melhoria da experiência do consumidor.

No que diz respeito ao compartilhamento dos dados, o cliente poderá escolher com quais entidades deseja compartilhar determinados dados, assim como revogar este consentimento a qualquer momento.

A ideia por trás do open insurance se conecta com a aceleração da transformação digital que já acontecia, mas acabou intensificada por conta da pandemia do coronavírus, em 2020. Até porque, a necessidade por inovação e agilidade foi ao encontro da aproximação com o cliente e o consequente aprimoramento dos estudos relacionados à jornada de compra.

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