IRB Brasil RE apura prejuízo de R$ 206,9 milhões no segundo trimestre do ano

Balanço indica melhor resultado e desempenho operacional em relação ao ano passado

O IRB Brasil RE divulgou, nesta segunda-feira (16), os resultados da companhia referentes ao segundo trimestre deste ano. O ressegurador apurou no período prejuízo líquido de R$ 206,9 milhões, o que indica melhora em relação ao mesmo período de 2020, quando reportou prejuízo de R$ 656,7 milhões. Nos primeiros seis meses de 2021, a melhora foi ainda maior e totalizou R$ 465 milhões, com prejuízo líquido de R$ 156,1 milhões, ante perdas de R$ 621,7 milhões no ano anterior.

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O resultado do segundo trimestre de 2021 foi impactado pela conjuntura econômica que afetou globalmente o setor de resseguros, bem como por sinistros decorrentes de negócios descontinuados (run-off), com efeito de R$ 190,3 milhões, e por eventos não recorrentes (one-offs) de R$ 14,4 milhões. A partir da exclusão de tais efeitos, run-off e one-off, o IRB teria apresentado um prejuízo líquido normalizado bem menor: R$ 31 milhões no segundo trimestre do ano. Já no primeiro semestre de 2021, com a retirada dos contratos deficitários e dos efeitos não-recorrentes do resultado, a companhia teria registrado um lucro líquido normalizado de R$ 57,1 milhões.

No segundo trimestre de 2021 a companhia obteve resultado de subscrição superior ao verificado no mesmo período do ano passado em quase R$ 700 milhões, o que reforça a curva de melhora nos resultados esperada para este ano. Se excluirmos os efeitos do run-off no período avaliado, a melhora no resultado de underwriting é de R$ 889 milhões.

Queda na sinistralidade

O índice de sinistralidade da companhia no segundo trimestre do ano apresentou uma redução importante de 39,6 p.p, ante o mesmo trimestre do ano anterior, passando de 135,3% para 95,7%. Ao excluir os sinistros dos negócios descontinuados (run-off), o índice foi 84,7%.

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“Seguimos evoluindo para uma operação mais enxuta, eficiente e orientada ao cliente, aprimorando controles e a gestão de riscos para assegurar nossa liderança e a sustentabilidade econômico-financeira no longo prazo. Se olharmos o filme dos resultados no último ano e meio, constatamos uma melhora significativa no desempenho financeiro e operacional, que deve se acentuar nos próximos trimestres, por meio da captura de novas oportunidades no mercado, da redução gradual dos efeitos dos contratos deficitários e da obtenção de melhores margens com os negócios renovados”, explica o CEO interino e COO do IRB Brasil RE, Wilson Toneto.

Prêmio emitido no Brasil cresce

No segundo trimestre de 2021, o volume total de prêmios emitidos pelo IRB apresentou redução de 15,1% quando comparado com o mesmo período de 2020, totalizando R$ 2,16 bilhões. O prêmio emitido no Brasil correspondeu a R$ 1,24 bilhão no segundo trimestre de 2021, aumento de 6,6% na comparação com o 2T20, decorrente do maior volume nas linhas de Vida (+42,9%), Rural (+34%) e outros (+34,5%). Este acréscimo foi parcialmente compensado pela redução de 50,6% no segmento Aviação, em virtude de ajustes decorrentes da descontinuidade de contratos, e pela queda de 21,6% no segmento Patrimonial. Já os prêmios emitidos no exterior totalizaram R$ 919,3 milhões no segundo trimestre de 2021, o que representou redução de 33,3% em relação ao segundo trimestre de 2020. Esta diminuição, que em moeda constante totalizou 46%, está em linha com a estratégia de re-underwriting amplamente divulgada pela companhia e decorre do menor volume de prêmios emitidos nas linhas de Vida (-54,2%), Rural (-59,6%) e outros (-29,7%).

Caixa operacional atinge maior patamar

O vice-presidente Financeiro e de Relações com Investidores do IRB Brasil RE, Werner Süffert, destaca também a melhora no fluxo de caixa. “A companhia, pelo quarto trimestre consecutivo, apresentou uma geração de caixa operacional positiva. No semestre foram R$ 528 milhões e no trimestre R$ 352 milhões, o maior patamar da série histórica desde o início do ano passado”, analisa o executivo.

Süffert enfatiza ainda a redução das despesas totais com retrocessão no segundo trimestre de 2021, que tiveram uma queda de 31,6% na comparação com o segundo trimestre de 2020. Passaram de R$ 833 milhões, no segundo trimestre de 2020, para R$ 570 milhões, no segundo trimestre de 2021. Já o índice de retrocessão caiu de 32,8% no segundo trimestre de 2020 para 26,4% no segundo trimestre de 2021, uma diminuição de 6,4 p.p. “É importante ressaltar que houve uma melhora significativa em todos os indicadores em relação a 2020 e que o segundo trimestre de 2021 ainda veio bastante afetado pelos negócios descontinuados a partir de julho do ano passado. Este efeito, porém, começa a perder força, enquanto os prêmios dos contratos mantidos e dos novos melhoram o resultado. Em resumo, a tendência é positiva”, diz Süffert.

Solidez e solvência regulatória

O IRB registrou, ao fim do segundo trimestre de 2021, excesso de capital regulatório de R$ 1,2 bilhão, o que equivale a um índice de solvência de 175% (patrimônio líquido ajustado / capital de risco total), ao mesmo tempo em que o índice de solvência total da empresa (geralmente utilizado em outros países) alcança o patamar de 273%. Ambos os indicadores apresentam posições melhores que o último trimestre de 2020.

A companhia encerrou o mesmo período com suficiência no enquadramento da liquidez regulatória de R$ 335,5 milhões, em comparação aos R$ 167,5 milhões verificados em 31 de dezembro de 2020. Ao excluir a margem adicional de 20% sobre o capital de risco, o ressegurador registrou, em 30 de junho deste ano, uma suficiência de ativos elegíveis para garantia das provisões técnicas de R$ 644,1 milhões, em comparação a de R$ 542,6 milhões, em 31 de dezembro de 2020. Os índices se mantiveram positivos no trimestre e mostraram reversão da insuficiência observada ao longo do ano passado.

Ainda no campo regulatório, a publicação pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), em julho, da Circular 634, que regulamentou a Resolução CNSP 412, abrirá novas perspectivas às resseguradoras no Brasil. A partir deste mês, o regulador permitirá a utilização de determinados ativos como redutores de provisões técnicas nas garantias das operações internacionais. Além disso, a partir de dezembro deste ano, haverá a eliminação da exigência da margem de liquidez de 20% do capital de risco, o que também é positivo.

“As ações adotadas durante o ano anterior, bem como a maior eficiência nos processos de cobrança, gestão do fluxo de caixa, resultado técnico com efeitos da re-subscrição realizada, e os avanços na regulamentação do setor, permitirão manter a companhia com índices robustos, melhorando nossas securities e dando aos nossos clientes maior nível de tranquilidade quanto à capacidade financeira do IRB”, completa Carlos Guerra, vice-presidente de Riscos, Conformidade e Jurídico do IRB Brasil RE.

Re-underwriting concluído

Considerada a principal ação estrutural iniciada pela companhia, o processo de revisão das condições e cancelamento dos principais contratos deficitários de resseguros existentes, denominado re-underwriting, teve seu início em julho de 2020 e foi concluída em julho deste ano. Foram cancelados 17 grandes contratos, quase que exclusivamente de negócios oriundos do exterior, que seguem impactando os resultados financeiros atuais (negócios descontinuados). O trabalho também gerou ampla limpeza em contratos de menor magnitude com o cancelamento de mais de 160 contas neste período.

“Concluímos parte importante de nosso re-underwriting e, agora, entraremos em um ciclo normal de nossa subscrição. Foi uma fase complexa, mas conseguimos renovar mais de 85% das contas que desejamos manter em nossa carteira, além de conquistar novos negócios, em ambos os casos ajustando termos e condições de forma adequada”, comenta a vice-presidente de Resseguros do IRB Brasil RE, Isabel Blazquez Solano.

Perspectivas

“Temos convicção de que a companhia está no caminho certo. Concluímos ciclo importante de revisão dos negócios, reduzimos a sinistralidade e os custos de retrocessão, geramos consistentemente caixa operacional, aumentamos nossos ativos financeiros totais e evoluímos com nossa governança corporativa e controle de riscos. Soma-se a tudo isso a perspectiva de crescimento de mercado segurador e o provável arrefecimento da pandemia que nos assolou. Por tudo isso posso afirmar que estamos prontos para avançarmos numa fase de consolidação com foco em nossos clientes e na melhora de processos. Temos um caminho desafiador a perseguir, mas certos de que com a revisão de nossa estratégia concluída, as pessoas corretas e a visão de longo prazo desenhada, entregaremos maior valor aos nossos clientes, acionistas e demais stakeholders”, finaliza Toneto.

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