Segunda apólice de Seguro Paramétrico do Brasil é do Rio Grande do Sul

É o primeiro negócio do País emitido com base em dados de umidade de solo aferidos via satélite

Dom Pedrito é uma cidade gaúcha distante 441 quilômetros de Porto Alegre e que tem nas produções de arroz e da soja fontes essenciais de renda. Por ser situada na região mais meridional do Rio Grande do Sul, a localidade sofre, de forma frequente, com o problema da estiagem. São, na média, quatro anos de seca para somente um ano com quantidade de chuva favorável à lavoura. Por essa razão, muitas seguradoras não oferecem Seguro Rural para o agronegócio da região ou atuam com coberturas muito baixas para cobrir a produção em caso de intempérie.

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Felipe Bonilha é CEO da Fortalece Corretora de Seguros, de Rio Grande (RS) / Foto: Arquivo Pessoal
Felipe Bonilha é CEO da Fortalece Corretora de Seguros, de Rio Grande (RS) / Foto: Arquivo Pessoal

Isso acontecia até ontem. Ou melhor: até a Fortalece Corretora de Seguros ter fechado, no mês de agosto, a primeira apólice de Seguro Paramétrico Agrícola do território gaúcho, a segunda do Brasil. “Buscamos alternativas para que conseguíssemos levar proteção adequada, de forma que o produtor realmente pagasse por algo que fosse suprir suas reais necessidades em caso de períodos prolongados de seca”, explica Felipe Bonilha, CEO da empresa pioneira, com sede em Rio Grande, cidade também localizada no Sul do Estado.

O Seguro Agrícola Paramétrico vem para cobrir uma faixa de risco que raramente é atendida pela modalidade multirrisco (vinculada à produtividade). No caso de Dom Pedrito, a novidade veio para salvaguardar a produção de soja dos produtores vinculados à empresa Puro Grão, agraciada com a primeira apólice gerada depois de um projeto que envolveu a busca de novas opções de proteção que indenizassem o produtor por perdas na lavoura. O case da Puro Grão serve também para explicar como funciona o Seguro Paramétrico.

A modalidade indeniza com base em parâmetros climáticos. No caso pioneiro, o paramétrico é o índice de umidade do solo. Foi realizado um estudo de umidade do solo nos últimos 20 anos, para projetar as condições normais para o desenvolvimento da cultura da soja. Com base nesse indicador, a empresa provedora de dados, Vandersat, fica encarregada de fazer análises diárias da umidade do solo do município, para compará-lo às condições normais previamente desenhadas. “Tudo que destoa ou que fica abaixo do gráfico traçado é considerado como uma anomalia, passível de indenização. Com base na soma dessas anomalias em toda a extensão da apólice vemos se o produtor atingiu o gatilho ou não para receber a indenização”, explica Bonilha.

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A Fortalece Corretora de Seguros foi idealizada pelo próprio Felipe Bonilha. Com 12 anos de experiência no mercado de seguros, nos últimos anos, o profissional tem se dedicado a buscar novas alternativas junto às seguradoras, o que explica a marca emblemática da primeira apólice de seguro paramétrico em dos maiores celeiros do Brasil. Além do Rio Grande do Sul, a corretora tem clientes nos demais Estados da Região Sul, assim como também no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Rondônia, Minas Gerais, Espírito Santo, Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará. Como trata-se de uma modalidade adaptável ao clima, a corretora está em tratativas para que, em breve, o Seguro Paramétrico garanta os investimentos nas operações também de outras localidades.

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