Open Banking avança no Brasil com oportunidades para o ecossistema financeiro

Evento da Acrefi e Serasa Experian debate desafios e as oportunidades com a novidade

Em fase de implantação no Brasil, o Open Banking gera uma série de desafios e oportunidades de negócios tanto para as instituições financeiras autorizadas Banco Central como também para parceiros fornecedores de serviços e tecnologias não participantes do sistema. Durante a live “Open Banking: desafios e oportunidades de parceiros no novo ecossistema”, realizada pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), em parceria com Serasa Experian, no último dia 24 de agosto, especialistas debateram os avanços na regulamentação no Brasil, os benefícios de se aliar a um parceiro e como estar apto para participar desse novo ecossistema.

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O Open Banking, ou sistema financeiro aberto, possibilitará que clientes permitam compartilhar suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central e a movimentação de suas contas bancárias a partir de diferentes plataformas e não apenas pelo aplicativo ou site do banco.

No último dia 13, começou a segunda etapa de implementação desse ecossistema, com o compartilhamento de dados cadastrais e transacionais sobre serviços bancários tradicionais (contas, crédito e pagamentos). No final de agosto foi dado início à fase 3, com a possibilidade de compartilhamento dos serviços de iniciação de transações de pagamento e de encaminhamento de proposta de operação de crédito.

Cintia Ramos Falcão, consultora jurídica da Acrefi, destacou que o Open Banking brasileiro será o maior sistema financeiro aberto do mundo. “O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, falou em evento que o Open Banking será um grande Open Finance. O Open Banking Brasil foi dividido em várias fases para facilitar a transição do mercado e, a segunda fase, já está em forte implementação”, ressaltou.

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Raphael Palmieri Salomão, advogado especialista em Direito do setor financeiro do Pinheiro Neto Advogados, traçou um panorama da evolução regulatória do Open Banking. O painelista lembrou que o Banco Central lançou as bases fundamentais para o sistema em 2019 e optou pela decisão estratégica de implementar de forma obrigatória um ecossistema de Open Banking.

“O BC vê muito valor nessa possibilidade de compartilhamento de dados de forma organizada e, com o consentimento do cliente, algo que pode de fato revolucionar o mercado financeiro, trazendo novos serviços e competição”, explicou.

Em maio de 2020, o Banco Central, em resolução conjunta Nº 1, definiu os princípios básicos para implementação do sistema. Foi delegado ao mercado a criação de uma autorregulação, mas assistida pelo BC, que participa dos debates e aprova as normas. “Conforme os cronogramas das etapas avançam, são publicadas mais regras em formato de normas. Quem quiser ter a visão completa do Open Banking precisa ir além da resolução Nº 1 e se inteirar dessas instruções normativas, que refletem, por exemplo, os manuais de segurança e experiência dos clientes”, disse o advogado.

O especialista destacou ainda que outra resolução do BC criou a figura do iniciador de transação de pagamento, entidade responsável por iniciar uma transação de pagamento, ordenada pelo usuário final. Por outro lado, a autoridade monetária não tem base legal para instituir figuras como o agregador de dados. “O Open Banking trouxe algumas surpresas para eventuais players não participantes do sistema. Não existe esse tipo de instituição que só faz o serviço de agregação de dados no Brasil e quem está fora do sistema pode fazer essa atividade”, afirmou.

Leonardo Enrique, Head de Open Banking da Serasa Experian, trouxe perspectivas de negócios e produtos potencializadas pelo Open Banking. Esclareceu ainda que com o Open Banking a Serasa Experian consegue alavancar ainda mais o seu negócio e gerar novas oportunidades de análises aos seus clientes.

“A gente está se alavancando cada vez mais com essa operação de Open Banking. A Serasa não é um participante por não ser uma instituição financeira ou de pagamento, mas tem uma expertise muito grande em transformar esses dados, que serão compartilhados, em negócios.”, destacou.

Enrique explicou que atualmente a Serasa Experian se posiciona como uma processadora de dados, de modo que recebe e processa esses dados, devolve o resultado à instituição e não integra essas informações à sua base.

“Não guardamos essas informações aqui na Serasa porque somos operadores e não controladores dos dados. Entretanto, o Open Banking não é uma bala de prata em relação à análise financeira e estatística dos clientes. E o diferencial da Serasa Experian nesse modelo é justamente poder agregar as informações que temos aqui do birô a esses dados do Open Banking e devolver à instituição um produto com uma acurácia muito melhor”, disse.

Para Enrique, é preciso ainda quebrar o paradigma que o Open Banking é somente uma discussão regulatória e tecnológica. “O Open Banking é muito grande para se navegar sozinho nesse mar. O que defendemos e trazemos de experiências fora do Brasil é que o Open Banking é grande o suficiente para alavancar parcerias e conseguir extrair as inúmeras possibilidades que o sistema traz. É assim como nos posicionamos, como parceiro das instituições financeiras”, concluiu.

A GFT Technologies SE, empresa de serviços de tecnologia focada no setor financeiro, também aposta na experiência acumulada em diversos mercados para gerar novos negócios a partir do Open Banking. Segundo Carlos Kazuo Missao, Diretor Executivo e responsável pela área de Customer Innovation Solutions da empresa, mesmo antes do Open Banking, havia uma tendência em países da Europa e Ásia na utilização de tecnologias que permitem uma abertura de exposição de informação, de forma regulada ou não.

“A grande diferença é que o Open Banking coloca uma luz de regulação, de controle e governança sobre esses modelos, mas eles já existem. No Brasil, há outras iniciativas que vem puxando o mercado, como a LGPD e o Cadastro Positivo. E toda essa nossa experiência acumulada ajuda a acelerar a jornada para os nossos clientes”, completou.

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