BMG Seguros aponta que 5 milhões de micro e pequenas empresas não possuem proteção para negócios

Análise de conjuntura foi realizada em webinar promovido pela companhia em parceria com a FGV

Um mundo “pós guerra”, essa foi a definição de Carlos Melles, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), para definir o momento que vivemos com a pandemia da Covid 19. Os micros e pequenos empreendedores enfrentam grandes desafios no processo de retomada econômica. A declaração de Melles foi feita na webnair intitulado “O Retorno das Atividades das Pequenas e Médias Empresas no Pós-Pandemia”, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em conjunto com a BMG Seguros.

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O impacto da pandemia gerou a redução no faturamento das Micro e Pequenas Empresas em 24% e dos Micro Empreendedores Individuais em 42%. O Programa Nacional de Apoio às Microempresas Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que este ano se tornou permanente, foi essencial às Micro e Pequenas Empresas para sobreviverem a 2020; no entanto, com a alta de taxa Selic, os juros encareceram o crédito.

Para o presidente da BMG Seguros, Jorge Sant’Anna, a necessidade de soluções customizadas aos pequenos empreendedores é fundamental, pois a alta de juros aumenta o temor da inadimplência. Hoje, de acordo com levantamento feito pela BMG Seguros, há cerca de cinco milhões de micro e pequenas empresas sem nenhuma cobertura de seguros para seus negócios. Segundo a seguradora, só em 2020 cerca de 3 milhões de empresas sofreram algum tipo de sinistro e não tiveram quem recorrer.

“É preciso melhor a oferta de crédito a partir de produtos de maior resiliência e continuidade de negócios para essas empresas. É preciso um aprofundamento do sistema financeiro e a consciência de que os seguros atuam como mitigador de riscos e melhora a qualidade e aumenta a demanda de crédito”, explica Sant’Anna.

A perspectiva é de novos aumentos na Selic, que deve ultrapassar os 11%. O acesso ao crédito vai ficar mais caro em um momento de recuperação do setor das Micro e Pequenas Empresas.

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De acordo com o professor Gesner Oliveira, da FGV, um dos palestrantes do evento online, a recuperação econômica do Brasil sofre altos e baixos em função do surgimento de novas cepas do vírus da Covid 19; da pressão inflacionária nacional e global, além da fragilidade fiscal e instabilidade política, porém, ele destaca como positivo o avanço do processo de vacinação e a recuperação do emprego nos setores mais afetados na pandemia. “As micro e pequenas empresas são fundamentais na geração de emprego. A participação do setor nunca é menor do que dois terços dos empregos no País. Não é possível recuperar o mercado de trabalho sem dar uma atenção especial ao setor”, diz o professor.

Para o especialista, um importante fator de política econômica é o endividamento das MPEs. Segundo ele, a melhora depende do desenvolvimento de políticas de crédito anticíclicas governamental. “O crédito privado deve ser pró cíclico. Quando a situação piora, aumenta o risco e há uma contração mais do que proporcional ao crédito privado. Por isso, a política pública amortecendo este ciclo e protegendo as pequenas empresas permitirá uma recuperação mais rápida”, explica.

Cerca de 65% dos pequenos negócios do Brasil tem dívidas. Os pequenos negócios no País, representados pelas micro empresas e empresas de pequeno porte, geram faturamento anual de até R$ 4,8 milhões “O pequeno negócio constituem a economia brasileira, falar de economia é sinônimo de pequenos negócios, hoje o setor representa 99% das empresas brasileiras e 30% do PIB”, afirma o analista do Sebrae Nacional, Giovanni Beviláqua.

De acordo com dados do Sebrae, o setor de micro e pequenas empresas representa quase 70% dos empregos do País. No acumulado de janeiro a outubro deste ano, 72.7% das vagas de empregos criadas estão sob o guarda-chuva dos pequenos negócios. Bevelláqua explica que no total deste período, foram gerados no Brasil 2.6 milhões de empregos, sendo que as micro e pequenas empresas são responsáveis por 1,9 milhão.

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