Bolsa a 90 mil pontos: realidade ou utopia?

Especialista em investimentos aponta quais cenários podem levar o Ibovespa a quedas mais acentuadas em 2022

Alguns fatores foram cruciais para o desempenho ruim da bolsa em 2021, no cenário nacional podemos destacar as preocupações do mercado com o comprometimento das contas públicas por parte do governo, a PEC dos precatórios, forte alta da inflação e, sem dúvida, o aumento expressivo da taxa Selic – fator determinante para a sua queda acentuada. No início de 2021, a taxa Selic estava em 2% a.a e, hoje, atingiu a marca de 9,25% a.a, o que significa um aumento brutal para as empresas endividadas ou aquelas que dependem de capital intensivo.

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Quando a B3 é comparada às bolsas americanas, ela apresenta um comportamento contrário. “Até 03 de dezembro de 2021, o índice Ibovespa caía 11,72% enquanto a bolsa americana Nasdaq subia 17,05%”, explica o assessor de investimentos da iHUB Investimentos, Diogo Santos, que traz um comparativo com as principais bolsas mundiais.

Semana Mês Ano 12 meses Cotação
Ibovespa 2,78% 0,23% -11,72% -7,63%               105.070
IFIX 2,72% -1,67% -9,04% -6,57%                   2.610
Dow Jones -0,94% -4,81% 12,98% 14,43%                 34.580
Nasdaq -2,62% -5,55% 17,05% 21,03%                 15.085
S&P -1,22% -3,39% 20,83% 22,69%                   4.538
Dólar 0,78% 2,00% 8,86% 9,66% R$                5,65

Para o especialista, a bolsa brasileira está “barata”, independente do ponto de vista, o investidor pode, por exemplo, comparar com as bolsas dos outros mercados emergentes ou analisar os múltiplos de cada setor e a conclusão vai ser que, dado os preços históricos, hoje a bolsa brasileira está barata.

Na opinião de Santos, é muito difícil dizer se a bolsa pode chegar a 90 mil pontos, uma vez que fazer previsões não é simples. No entanto, considerando o desempenho do Ibovespa em 2021 e 2022 sendo um ano eleitoral, espera-se, assim, que seja um ano economicamente instável. “O tom do discurso dos presidenciáveis, seus compromissos com as reformas e a garantia da independência das instituições vão influenciar bastante os rumos da bolsa”, acredita.

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“Em ano eleitoral é esperado muita volatilidade, mas isso não significa que não haverá crescimento e valorização da bolsa. Será um ano desafiador, pois o aumento da taxa de juros pode prejudicar o desempenho das empresas. Por isso, as principais instituições financeiras já projetam um crescimento nulo do PIB”, afirma Diogo Santos, que não pensa na B3 a 90 mil pontos caso não surjam novidades no campo político e econômico. “A bolsa não deve cair muito mais, pois o mercado já está precificando os aumentos da taxa Selic”, completa.

Segundo Santos, o crescimento do mercado de capitais e valorização da bolsa é extremamente benéfico para o país. Uma bolsa forte atrai novas empresas para abrir capital, o que gera investimentos e impulsiona a economia de forma geral. Além disso, lucros na bolsa significam aumento de renda do investidor e, portanto, maior poder de consumo.

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