Micro e pequenas empresas enfrentavam grave crise mesmo antes da pandemia

Restrições necessárias para amenizar contágio agravaram situação da categoria

O ano de 2021 para as micro e pequenas indústrias (MPI’s) do estado de São Paulo foi de estagnação e confirmou o aprofundamento de uma crise que já existia mesmo antes da pandemia. Os dados são do balanço anual do Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, realizado pelo Datafolha, a pedido do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi). Em termos de satisfação com os negócios, faturamento e lucro, o balanço das MPI’s é similar ao registrado em 2019, período pré-pandemia. De acordo com a pesquisa, a média de 110 pontos durante o ano de 2021 ficou bem próxima dos 108 pontos registrados em 2019. Afetado pela segunda onda de covid, o primeiro semestre sofreu uma queda brusca, conforme mostra o gráfico a seguir, chegando a 83 pontos em abril, mas com ligeira recuperação nos meses seguintes, mantendo a média de 116 pontos e fechando dezembro no mesmo nível do início do ano (126 pontos).

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Índice de custos teve o pior resultado da série histórica

Pior indicador do levantamento ao longo do ano, o Índice de Custos das Micro e Pequenas Indústrias, que varia de 0 a 200 pontos, ficou em 73 pontos em dezembro. Quanto mais baixo o resultado, mais empresas atingidas por alta significativa de custos. Em cenário prolongado de alta de preços, o índice de custos terminou o ano de 2021 com média em 67 pontos, pior resultado já registrado desde 2013.

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O peso da conta de energia

As sucessivas altas na tarifa de energia elétrica, sem dúvida, prejudicaram o desempenho dos negócios para as micro e pequenas indústrias. De acordo com a pesquisa, 71% das empresas relataram aumento significativo na conta de energia ao longo do ano.

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Portas ainda fechadas

Ao longo do ano, com a redução das restrições de circulação e reabertura das atividades, as micro e pequenas indústrias chegaram, em dezembro, ao patamar de 54% funcionando normalmente. Durante o ano, esse percentual oscilou bastante, chegando a apenas 30% no mês de março. A pesquisa mostra que, com uma retomada lenta, 26% ainda estão com uma pequena parte das atividades paradas, outras 17% estão com a maior parte das atividades paradas e 3% permanecem totalmente paradas.

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Contratações em ritmo lento

Em dezembro, o Índice de Contratação e Demissão das MPI’s do Estado de São Paulo marcou 104 pontos. No ano, a média do índice foi de 100 pontos, indicando estagnação. Resultados abaixo de 100 pontos indicam perda líquida de vagas, e acima de 100 pontos, geração de vagas. Na média, a pontuação sugere cenário semelhante ao registrado em 2019, ano anterior à pandemia.

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Inadimplência ainda preocupa

O número de micro e pequenas indústrias com clientes em débito teve pico de 48% em maio de 2021 e, a seguir, uma ligeira melhora, oscilando entre 31% e 34% no segundo semestre.

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Para o presidente do Simpi, Joseph Couri, a pesquisa revela que foi um ano difícil para as micro e pequenas indústrias, mas além disso, os números indicam que o balanço de 2021 ilustra o aprofundamento de uma crise ao longo do ano. “Nunca antes havíamos vivido um período tão longo e contínuo de elevação de custos como o atual. Além disso, a preocupação com a perda no poder aquisitivo deixou todo o mercado em alerta. A dificuldade em repassar os preços colocou a retomada dos negócios em risco. O ano de 2022 será desafiador”, avalia.

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