Com a pandemia, pequenas e médias empresas (PME) movimentam o mercado de seguros

Especialista da corretora Finlândia – cujo faturamento cresceu dois dígitos – comenta principais demandas deste segmento no setor, em 2021

As mudanças nas demandas por seguros, em especial por pequenas e médias empresas (PME), sempre foram impactadas por cenários econômicos e políticos diversos – sejam de crise ou de desenvolvimento. De acordo com dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg), divulgadas em dezembro, o setor de seguros – sem considerar seguros de saúde e DPVAT – pode crescer 14,1% em 2021, na comparação com 2020, em cenário otimista. Para a instituição, a pior previsão considera um piso de avanço anual de 9,4%. Dados mais recentes, até outubro de 2021, apontam para uma arrecadação de R$ 303,4 bilhões, no ano passado, representando um crescimento de 12,6% (nos 12 meses móveis), em relação a 2020.

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A Finlândia, líder brasileira em seguro garantia, especializada em pequenas e médias empresas, iniciou no segmento de benefícios em 2021 e terminou o ano com um aumento no faturamento de dois dígitos em relação a 2020.

Para a especialista em seguros Kamila Souza, superintendente da Área Técnica e Novos Negócios da corretora Finlândia, um bom exemplo a ser lembrado é a crise imobiliária dos Estado Unidos (2008). “Ao contrário do que se esperava, para o nosso mercado foi positivo. Fomentou a procura por seguros pelas empresas, que precisaram mitigar riscos financeiros”, pontua a especialista. E a pandemia trouxe um efeito parecido. “Com a crise provocada pela Covid, a tendência mundial é de que teremos um aumento expressivo nos próximos três a cinco anos, com uma consequente estabilização nos anos seguintes”, prevê.

Porém, para a executiva da Finlândia, uma queda no investimento em seguros após crises é possível, pois o entendimento sobre a importância dos seguros, em especial nas PME, é baixo. “A cultura brasileira neste âmbito ainda é imatura e isso foi perceptível na pandemia, quando empreendedores precisaram contratar seguros como lucro cessante”, analisa Kamila. Por outro lado, há uma maior contratação de executivos de multinacionais por empresas menores, o que tem fortalecido decisões de manter o pacote de seguros.

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Busca de seguros por pequenas e médias aumenta

Segundo o CNSeg, nos 12 meses móveis, até outubro de 2021, a cobertura de pessoas / planos de acumulação foi o destaque, cujo crescimento foi de 14%, em relação ao mesmo período de 2020. Já o segmento de danos e responsabilidades teve um crescimento de 13,3%, até outubro de 2021 (nos 12 meses móveis), sobre 2020. Ainda considerando esse período, na sequência destacam-se: cobertura de pessoas / planos de risco (incremento de 12,9%); saúde suplementar (evolução de 7,1%); capitalização (3,5%).

Na Finlândia, fora o modelo de garantia, houve um crescimento que supera 60% nas contratações de seguros de danos e responsabilidade civil, na comparação com 2020. “Isso muito puxado pela necessidade dos empresários em manter seu patrimônio preservado e mitigar riscos. Acreditamos que a tendência é de que o segmento continue puxando o setor no próximo ano, junto com o garantia”, pontua Kamila.

Outro tipo de seguro cuja procura cresceu é o de garantia judicial. Na unidade paulista da Finlândia, a contratação do modelo judicial praticamente dobrou em 2021, em relação a 2020. “O seguro judicial, gera liquidez e fôlego por cobrir a fiança bancária de processos judiciais, preservando o giro de capital do negócio”, detalha Kamila. Outro tipo é o de concorrências e execução de contratos, que aumentou no segundo semestre, em função do aumento nos investimentos em infraestrutura no país, que também tende a continuar em 2022.

Já o seguro cyber – que protege empresas das perdas financeiras de ataques cibernéticos – cresceu no ano passado motivado pelo aumento dos riscos e sinistros. Dados da Susep mostram que os prêmios de seguros cibernéticos chegaram, entre janeiro e outubro de 2020, a quase R$ 32 milhões e, no mesmo período de 2021, a mais de R$ 82 milhões.

A especialista também destaca outros segmentos cuja procura aumentou e deve continuar evoluindo este ano. O de fiança locatícia, por exemplo, pelo grande número de contratos renegociados na pandemia. Este produto é, geralmente, contratado pelo locatário (inquilino) – visando à garantia de recebimento do valor de aluguel e encargos, bem como ressarcimento de prejuízos causados ao imóvel, para o locador (proprietário e segurado da apólice).

O D&O também tem sido demandado, não só nas grandes companhias como nas médias empresas familiares, para atrair talentos de mercado e profissionalização da empresa. O seguro tem por objetivo proteger o patrimônio particular na pessoa física (diretores, gerentes, advogados e líderes cujos atos de sua gestão possam prejudicar terceiros).

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