Mercados globais se recuperam, mas quedas nas commodities podem afetar o mercado interno

Confira panorama de Matheus Jaconeli, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos

Na sexta-feira (11), os mercados europeus fecharam majoritariamente em alta, com os dados acima do esperado do Reino Unido e o mercado olhando para as possibilidades de negociação entre Moscou e os ucranianos, pois Putin fez anúncios de que há possibilidade de uma saída diplomática. Todavia, como fator negativo, seguem as questões em torno do avanço da inflação, como foi registrado na Alemanha, chegando a 5,1%, e os próximos passos da política monetária. Londres teve avanço de 0,80%. Pais ganhou 0,85%. Frankfurt teve alta de 1,38%. Milão subiu 0,68%. Na Península Ibérica, Madri e Lisboa tiveram avanço de 0,90% e de 1,51%, respectivamente.

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Diferentemente de seus pares europeus, até por conta do horário, os mercados de Nova York acabaram cedendo. Não obstante a possibilidade de melhoria nas negociações entre Rússia e Ucrânia, o endurecimento nas sanções contra a Rússia e a fala posterior do ministro das relações exteriores, Dmytro Kuleba, admitindo que não houve progresso entre os dois países, derrubaram as bolsas. Adicionalmente, as expectativas de inflação da Universidade de Michigan chegaram a 5,4%, o maior nível em quarenta anos. O índice Dow Jones fechou em queda de 0,69%, em 32.944,19 pontos. O S&P 500 caiu 1,30%, a 4.204,31 pontos. E o Nasdaq recuou 2,18%, para 12.843,81 pontos. Na semana, os índices caíram 1,99%, 2,88% e 3,53%, respectivamente.

No Brasil, o mercado acabou por acompanhar Nova York. O Ibovespa fechou com queda de 1,72%, cotado a 11.713 pontos. Além dos ruídos externos, o dia foi marcado pela divulgação do IPCA acima das expectativas para fevereiro, em 1,01%, afetado pelo restante da inflação de energia e, devido aos problemas de seca, afetando alimentação. E as projeções não são animadoras, tendo em vista a alta nos preços dos combustíveis, do trigo e de outras commodities, devido ao conflito no Leste Europeu. Outro fator que marcou o dia foi o anúncio de políticas assistencialistas, como o auxílio a motoqueiros e motoristas de aplicativo. Tal política é feita com o objetivo de amenizar os efeitos inflacionários, mas acaba por gerar impactos negativos nas contas públicas, tanto que vimos os altas nos DIs, que, para 2023, fecharam em 13,20% e, para 2027, em 12,37%.

Para hoje (14 de março):

O aumento de casos de covid na China levou os mercados à queda, devido à política de covid zero adotada pelo Partido Comunista Chinês. Assim, além dos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia, o aumento no número de casos em Shenzhen, um grande polo financeiro, acabou por afetar os mercados. O Nikkei conseguiu sustentar a alta, avançando 0,58%. Seul teve queda de 0,59%. Hong Kong e Taiwan tiveram perdas de 4,97% e 0,33%, respectivamente. Na China continental, o Xangai e Shenzhen perderam 2,60% e 2,93%, respectivamente.

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O minério de ferro negociado na bolsa de Dalian teve queda de 6,98%, a 759,50 iuanes, o equivalente a US$ 119,47.

Os futuros abrem em alta com as expectativas de novas negociações entre Rússia e Ucrânia. Tal efeito também pode ser visto nos mercados europeus. Em um dia de poucos dados na agenda econômica, os investidores ficarão atentos aos desdobramentos no Leste Europeu.

No Brasil, a agenda econômica também está escassa de dados, mas os investidores ficarão atentos ao cenário político e à possibilidade de greve por parte dos caminhoneiros, respondendo à alta nos preços dos combustíveis.

Os agentes também devem ficar atentos à queda nos preços do petróleo, em meio à possiblidade de negociação no Leste Europeu. E os casos de covid na China fizeram o minério de ferro cair fortemente, podendo trazer realização em companhias do setor de petróleo, como Petrobras (PETR4; PETR3), Petrorio (PRIO3), 3R (RRRP3), Vale (VALE3), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4).

No radar corporativo, a Aliansce Sonae (ALSO3) confirmou que elevará a proposta de fusão com a BrMalls (BRML3) em 11%.

Na agenda de balanços, serão divulgados os números de Magazine Luiza (MGLU3), Ecorodovias (ECOR3), Ambipar (AMBP3), Direcional (DIRR3), Mahle (LEVE3) e Neogrid (NGRD3), Gol (GOLL4) e Eletrobras (ELET3; ELET6).

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