Em 2021, Brasil blindou mais de 20 mil veículos

Com aumento no movimento nas ruas e maior sensação de insegurança, busca por proteção blindada cresceu mais de 40%; frota de blindados passa de 285 mil no país

Em 2021, o Brasil bateu recorde no número de blindagens automotivas. Mesmo com a pandemia ainda em curso, grande parte das capitais registrou maior movimento nas ruas, trazendo de volta a sensação de insegurança, fator determinante para que o país alcançasse 20.024 veículos blindados no ano, um crescimento de cerca de 45% na comparação com 2020, de acordo com a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin). Esse é o maior volume desde 1995, quando a entidade passou a realizar a pesquisa setorial. A estimativa é de que a frota blindada no país tenha ultrapassado 285 mil carros.

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C Josias & Ferrer no JRS

Para Marcelo Silva, presidente da Abrablin, o expressivo aumento da procura pela blindagem automotiva pode ser explicado pelo retorno das atividades comerciais e da circulação de pessoas nas ruas após a fase de redução da pandemia. “É quando a criminalidade também passa a atuar mais intensamente, a sensação de insegurança cresce e faz com que mais pessoas recorram à blindagem como alternativa de maior proteção”.

Outro fator levantado por Silva para explicar esse novo boom da blindagem foi o aumento relevante de casos de sequestros relâmpagos realizados por quadrilhas que agem com terror em busca de senhas para as transferências bancárias por Pix. “Esse tipo de crime se intensificou no ano passado, o que motivou muitos cidadãos amedrontados a estacionarem seus veículos nas blindadoras em busca da blindagem”.

Perfil do usuário de blindagem

Segundo levantamento realizado pela Abrablin, em 2021, São Paulo foi o estado que mais blindou veículos, respondendo por 65% da produção (13.033 veículos), seguido pelo estado do Rio de Janeiro (12,8% ou 2.563 carros blindados). Os estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Ceará completam o ranking dos cinco maiores produtores de blindados no período, com 735 carros (3,67%); 713 carros (3,5%); e 631 carros (3,15%), respectivamente.

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Os homens representaram 54% desse mercado, sendo a maior parte (35%) entre 40 a 49 anos, mesma faixa etária que a maioria das mulheres que buscaram a proteção blindada (36%).

Em 2021, o ranking dos carros mais blindados teve o Jeep Compass como líder, seguido pelo Corolla Cross, da Toyota. Os outros modelos na lista dos mais blindados foram o Corolla, também da Toyota, o XC-60, da Volvo, e o TCross, da Volkswagen.

A blindagem mais praticada no ano, como já acontece historicamente de acordo com a pesquisa setorial da Abrablin, foi a de nível III-A, pelo valor médio de R$ 67.243.

Alta procura também por blindados usados

Embora a associação que representa o setor não tenha números específicos sobre o mercado de blindados usados, o presidente da Abrablin destaca que, em 2021, também houve alta procura por essa opção.

“Observamos que esse mercado foi impulsionado por um público formado tanto por pessoas sem recursos disponíveis para adquirir um veículo zero e mandar blindar quanto por pessoas com condições financeiras, mas com pressa em buscar essa segurança”, ressalta Silva.

Em 2021, a escassez de peças provocou grandes atrasos na fabricação e entrega de novos veículos pelas montadoras, o que também acarretava em prazo maior para que o interessado recebesse o carro e ainda tivesse que aguardar o serviço de blindagem.

Preocupação com 2022

Apesar de 2021 ter sido um ano de recorde na blindagem automotiva no país, Marcelo Silva acredita que este ano o segmento seja mais conservador. “Um dos grandes desafios será observar como o setor industrial, especialmente o automotivo, diretamente relacionado com o nosso tipo de serviço, reagirá com as consequências do conflito envolvendo Rússia e Ucrânia”.

Recentemente, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) também manifestou preocupação com o cenário, destacando alguns pontos de alerta, como a escassez de semicondutores, os riscos logísticos e a valorização das commodities, além dos efeitos desastrosos com a alta da inflação.

“De fato, já temos percebido algumas mudanças, como o aumento no valor dos insumos utilizados no processo de blindagem, o que revela o cenário desafiador que o setor terá em 2022”, conclui o presidente da Abrablin.

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