Ação mapeia áreas de risco em Porto Alegre (RS)

Intuito foi atualizar o relatório sobre regiões com riscos geológicos na capital do Rio Grande do Sul

O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) deu início, na última segunda-feira (21), a uma ação de vistoria técnica para a atualização do mapa de áreas de risco na capital gaúcha. A iniciativa contou com a colaboração da Defesa Civil do estado. O levantamento anterior realizado na cidade, identificou 44 mil famílias vivendo em 119 áreas de risco – sendo dez delas consideradas de risco muito alto. As equipes já iniciaram a atualização do mapeamento de áreas consideradas de risco, incluindo o bairro Passo das Pedras.

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Foram realizadas saídas a campo visitando diversos bairros onde áreas de riscos já foram detectadas no passado, para uma revisão da setorização de risco do município. Os pesquisadores em Geociências do SGB-CPRM, Débora Lamberty, Ângela Bellettini, Raquel Binotto, Renato Mendonça, irão realizar o trabalho ao longo do ano de 2022, com previsão de término no final do ano. Depois disso, os órgãos locais ficarão responsáveis pelo mapeamento das famílias assentadas, para que saibam com mais precisão quantas famílias se encontram nas áreas de riscos revisadas.

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Para Mendonça, “a atualização deste trabalho é importante para a melhor compreensão do crescimento de Porto Alegre na última década – no que diz respeito ao ordenamento urbano e surgimento de novas áreas de risco. Associado a isto, é importante a validação da metodologia empregada em 2013 e a implementação das melhorias desta metodologia pelas equipes da Divisão de Geologia Aplicada para setorização de risco”.

As discussões sobre a atualização do mapa de áreas de risco da cidade começaram no último dia 9 de março, quando diversos órgãos da Prefeitura municipal estiveram reunidos para debater os passos mais importantes na realização do trabalho. A Defesa Civil do município estima aumento da população em áreas de risco em comparação ao último levantamento.

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Histórico do Mapeamento do SGB na região

Em dezembro de 2021, ocorreu em Porto Alegre (RS) um evento com elevados e concentrados índices pluviométricos na madrugada do dia 6, que ocasionaram inundação brusca no Arroio Passo das Pedras, atingindo a comunidade de mesmo nome.

A precipitação registrada na estação Porto Alegre registrou 50mm, em três horas, e um acumulado de 59,4mm, em sete horas. Em visita técnica, pós-desastre, que aconteceu poucos dias depois, o SGB-CPRM identificou o atingimento de residências localizadas à margem esquerda do Arroio e algumas à margem direita. A altura da lâmina d’água, nesse evento, chegou a 1,5 metros, nas áreas mais baixas das ruas, e atingiu cerca de 0,6 metros dentro de algumas residências. Um pontilhão foi arrastado pela correnteza.

Em 2013 e 2017 o SGB-CPRM já havia visitado o município e identificado 119 áreas de risco alto e muito alto. Na ocasião, foi identificado, no bairro Passo das Pedras, uma área de risco alto, com intensa ocupação das margens do Arroio Passo das Pedras, com risco de enchente/inundação, deposição de resíduos junto às margens e também no leito da drenagem. Foram apontadas existências de casas com acesso por pontilhões de madeira, construídas de forma precária e que, nesses pontos, às margens do Arroio, sofriam forte processo de erosão, situação que ocorre até hoje no local.

Como medidas de intervenção foram indicados programas de medidas que limitem a construção de novas moradias nas margens; remoção das moradias, em especial, das que se encontram junto às margens; instalação de cercas e placas de sinalização; trabalho constante de vistoria nas áreas restritas à ocupação; bem como o desenvolvimento de uma campanha de Educação Ambiental, visando a adequada deposição de resíduos.

A evacuação preventiva em período de evento climático extremo também foi sugerida como forma de preservar vidas, em situações de grande precipitação. O Arroio Passo das Pedras é um afluente do Arroio Sarandi e faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí. Segundo afirmam os moradores da região, os eventos de inundação são recorrentes -são registrados de um a dois eventos por ano- e ocorrem de forma brusca e com alta energia.

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