IPCA-15 acima do esperado e expectativas para transportes sinalizam pressões mais elevadas em março

Confira boletim de Marco A. Caruso, Lisandra Barbero e Eduardo Vilarim, analistas do Banco Original

Acima das expectativas (0,88% m/m), o IPCA-15 de março apresentou alta de 0,95%, o equivalente a uma alta acumulada de 10,79% em 12 meses. Entre as principais pressões altistas, encontram-se o grupo de alimentos (1,95% m/m), saúde, vestuário e artigos de residência. Olhando à frente, refletindo parte da surpresa de hoje e alinhado à expectativa de alta dos transportes (para os quais o Banco Original espera um avanço de 2,28% em nossas previsões iniciais), estima-se um IPCA de 1,25% em março. Assim, a perspectiva para o IPCA de 2022 salta de 6,9% para 7,0%. Para 2023, os analistas acreditam em um IPCA de 4,0%, distanciando-se um pouco mais do centro da meta (3,25%).

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C Josias & Ferrer no JRS

O índice de março – seguindo a coleta de preços que ocorreu de 12 de fevereiro a 16 de março – acabou restringindo parte da alta dos combustíveis anunciadas pela Petrobras (18,7% no preço da gasolina, 24,9% no preço do diesel e 16% no gás de cozinha) e que passaram a valer a partir do dia 11. Assim, Transportes vieram exatamente em linha com a projeção dos analistas (0,68% contra 0,70% projetados). Para o IPCA fechado, entretanto, os economistas esperam uma alta de 2,28% dos transportes, seguindo a tendência total de alta de preços dada pela política de paridade de importação da companhia.

*Polaridade = positiva, se a variação no mês for superior à do mês anterior e à média histórica; neutra, se a variação no mês for superior à do mês anterior, mas inferior à média histórica; negativa, se a variação no mês for inferior à do mês anterior e à média histórica / Divulgação
*Polaridade = positiva, se a variação no mês for superior à do mês anterior e à média histórica; neutra, se a variação no mês for superior à do mês anterior, mas inferior à média histórica; negativa, se a variação no mês for inferior à do mês anterior e à média histórica / Divulgação

Em relação aos alimentos, a variação de preços proveniente da alta das commodities – impactos dos combustíveis sobre o transporte de mercadorias, produtividade de algumas safras, como o trigo, e efeitos da guerra Rússia-Ucrânia) foi maior no domicílio (2,51%) do que fora do domicílio (0,52%), que por sua vez acabou ajudando a “amortecer” a alta do grupo. Saúde também se mostrou mais pressionada, influenciada pela alta dos artigos de cuidado pessoal com destaque para perfumes (12,84%), apesar da queda dos planos de saúde.

Duráveis, semiduráveis e, especialmente, não duráveis, trouxeram resultados inflacionários acima do esperado, refletindo o ambiente demanda ainda aquecida por artigos de residência (como mobiliário, cama e banho e eletrônicos) e vestuário.

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A média dos núcleos (série que exclui os itens mais voláteis do cálculo), que chegou ao patamar mais alto desde fevereiro de 2016 ao atingir 8,77%. Olhando à frente, refletindo parte da surpresa de hoje e alinhado à expectativa de alta dos transportes esperamos um IPCA de 1,25% em março. Aqui, o mais interessante é que a projeção para o mês se situa acima da expectativa de 1,02% que Banco Central considera em seu Box “inflação de curto prazo” divulgado no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na quarta-feira (23), para o terceiro mês do ano.

Portanto, a perspectiva para o IPCA de 2022 salta de 6,9% para 7,0%. Para 2023, o time do Banco Original espera um IPCA de 4,0%, distanciando-se um pouco mais do centro da meta (3,25%).

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