Regina Lacerda: O mercado abre as portas para a feminilidade

Confira integra do discurso da Coordenadora e Coautora do Livro Mulheres no Seguro e Presidente do Clube das Executivas em Seguros de Brasília (CESB) durante encontro da AIDA Brasil

A CEO da Rainha Seguros, Regina Lacerda, participou do XIV Congresso da Associação Internacional de Direito de Seguro (AIDA Brasil), realizado na cidade de Gramado (RS). Durante o encontro, as autoras do livro ‘Mulheres no Seguro’ reuniram-se para um momento especial de integração e prestígio à obra – que teve sua publicação coordenada por Regina. A executiva também é presidente do Clube das Executivas em Seguros de Brasília (CESB).

Publicidade
Icatu Seguros no JRS

O lançamento do livro aconteceu no último dia 28 de abril. ‘Mulheres no Seguro’ tem a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Escola de Negócios e Seguros (ENS), Porto, ExpreMed, Iilex, MAPFRE e Rio Grande Seguros e Previdência entre seus patrocinadores e apoio institucional da Sou Segura.

Confira a integra do discurso de Regina Lacerda

Em 1991, a princesa Lady Di veio ao Brasil.

A princesa do povo e seu esposo, o príncipe Charles da Inglaterra, teve passagens por Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.

Publicidade

E entre vários lugares em que ela esteve, um me chamou muito a atenção. A princesa visitou a Fundação São Marinho, no centro do Rio de Janeiro, que cuida de crianças e adolescentes em situação de risco, na realidade soropositivos.

Eu, muito jovem naquela época, me encantei com essa postura da princesa. Ela não somente teve um casamento de conto de fadas. Ela parecia uma princesa saída de um livro: linda, doce e com o coração cheio de bondade, disposta a fazer diferença no mundo. Como uma princesa se dispõe a visitar um local como aquele? Ela tinha mesmo um coração de ouro. Virei fã dela, como milhões de outras pessoas.

Falando em mudar o mundo, em 1993, a então Funenseg, hoje Escola de Negócios e Seguros (ENS), cravou um marco no Brasil ao criar a campanha Seguro, uma vocação da mulher. Buscando mulheres para ingressar na profissão de corretora de seguros para aumentar a representatividade, a equidade de gênero no setor, eles contrataram a agência de publicidade Salles para selecionar no território nacional 4 mulheres corretoras de seguros para estrelar a campanha.

Nós fomos as garotas propaganda da agência, Christina, Silvia, Célia e eu, representantes de uma iniciativa pioneira da Funenseg. E quando recebemos nossos cachês, a primeira coisa que fizemos foi doar o valor para a mesma instituição visitada pela Lady Di. Eu também queria mudar o mundo, queria fazer diferença, e parecia que as coisas caminhavam para isso, uma vez que o mercado de seguros oferecia oportunidade de ascensão para as mulheres.

Entretanto, esse futuro parece que ainda não chegou.

 

Ao longo de décadas temos visto grandes homens trabalharem com afinco e muita determinação. Eles criaram um setor tão forte, e tão robusto que representa atualmente 6,7% do PIB, gera mais de 175 mil empregos diretos e faz a gestão de investimentos equivalentes a cerca de R$ 1,3 trilhão, quase um quarto da dívida pública brasileira, que o coloca entre os maiores investidores institucionais do país. Podemos nos orgulhar.

Hoje o setor tem 55% de mulheres no quadro. Elas representam uma poderosa força de trabalho.

Por que digo que ainda não chegamos lá? Quantas desse 55% do mercado de seguros está na liderança?

O mundo dos negócios foi criado pelos homens, e continua, na sua maior parte, operando de uma forma masculina, que exclui as mulheres, que não leva em consideração que as desigualdades históricas resultaram em profundas diferenças de comportamento de consumo.

Por exemplo: lido com centenas de condomínios no Distrito Federal e muitas mulheres são sindicas. Por que não temos mais produtos desenvolvidos e pensados para as mulheres?

A mulher, em todos os setores da seguridade, precisa ser compreendida dentro do contexto histórico de desigualdade pelo qual passou, para comprar mais.

Cito mais um exemplo: o setor automobilístico. Ele está na nossa frente nesse sentido, certamente com bons resultados. Antes, a mulher levava um homem na hora de comprar o carro. Hoje ela tem o prazer de ir sozinha, sabendo que pertence aquele lugar. A mulher pode chegar numa concessionária dizendo que não entende nada de carro … e não será chamada pejorativamente de loura burra. Está no seu direito.

Precisamos ampliar negócios e nós, mulheres, podemos ajudar. Se a população mundial é composta por homens e mulheres em percentual quase igual, por que haveríamos de considerar somente a metade como capaz de construir nosso futuro?

As mulheres representam capital humano e mercado imensos, crescentes, com demandas de consumos e produtos reprimidos, com potencial para gerar riqueza e desenvolvimento.

A desigualdade entre os sexos impacta de forma negativa no crescimento do setor de seguros. É o que mostram os relatos do livro Mulheres no Seguro, escritos com emoção por mulheres poderosas, que todo dia rompem mais uma barreira. Muitas vezes é como jogar um jogo cujas regras são diferentes para os jogadores.

Homens e mulheres, como seres humanos compartilhando um mundo podem utilizar as vivências para mudar a realidade, em benefício da sociedade.

Este livro inédito, Mulheres no Seguro, surge como interessante experiência para pessoas que lidam com números e resultados. As 30 coautoras, revelam-se personagens repletas de idealismo e garra, que souberam expor suas ideias com grande padrão literário. Demonstram liderança e visão de futuro, mas não escondem o sacrifício sofrido nas trajetórias cheias de obstáculos.

Mulheres no Seguro entra na história porque chama a atenção de gestores e influenciadores para que diminuam, na seguridade, os limites de crescimento ainda impostos às mulheres do setor.

Peço que nos ouçam porque estou falando de bilhões de oportunidades. Por muito tempo, as mulheres foram exploradas, passadas para trás. São milênios de história de exclusão das mulheres de espaços de tomada de decisão e de autonomia.

A jovem sonhadora de 20 anos, que achava que podia mudar o mundo, que desejava que as mulheres fossem mais do que princesas, ainda vive aqui, dentro do meu peito. Mas sei que para fazer diferença preciso de todos vocês, precisamos de todos nós.

Agradeço a generosidade do presidente Dr. Juliano Ferrer e de toda organização do relevante congresso da Associação Internacional de Direito de Seguro (AIDA) por abrir espaço para o lançamento do Livro Mulheres no Seguro.

Presentes no congresso, quinze das 30 coautoras do livro, idealizado por Andreia Roma e publicado pela Editora Leader, de São Paulo, cuja coordenação, tive a honra de fazer.

Termino com o texto escrito pela grande escritora gaúcha Lya Luft, que nos deu a honra extrema de prefacia-lo.

“Não posso dizer quanto e quantas vez escrevi e falei sobre a questão da mulher e seu valor, sua capacidade, sua importância também fora da casa e da família.

Mas cada vez me anima comentar o assunto, que já devia ter sido resolvido e assimilado pela humanidade em toda parte. Vai demorar, eu sei, pois há lugares recônditos, em que questões de informação ou crença nos limitam. Mas o dia vai chegar, em que não se precisará discutir o tema das minorias: crianças, negros, índios e … mulheres. Pois todos esses preconceitos, que revelam ignorância mental, desinformação e insegurança, terão sido, se não resolvidos, ao menos abrandados”.

Regina Lacerda

Coordenadora e Coautora do Livro Mulheres no Seguro
CEO da Rainha Seguros
Presidente do CESB

Artigos Relacionados