Presente e futuro das mudanças climáticas em debate na CNseg

Encontro foi realizado na última quarta-feira, 22 de junho, no Rio de Janeiro

As seguradoras brasileiras já têm ações concretas e incorporam análises de dados climáticos nos seus modelos de negócios, seja no desenvolvimento de produtos específicos, estabelecimento de parceiras estratégicas, criação ou readequação de processos para encarar as intempéries climáticas atuais, ressaltou a diretora de Sustentabilidade, Relações de Consumo e Eventos da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Solange Beatriz Palheiro Mendes, durante o seminário “Clima: Monitoramento de Dados e Gestão de Riscos”, realizado na última quarta-feira (22), no Rio de Janeiro.

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Segundo Solange, o setor de seguros no Brasil está cada vez mais engajado, com estratégias estruturadas e capacitado a corresponder aos desafios socioambientais e climáticos, especialmente àqueles que estão relacionados às diretrizes dos Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI), da Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP-FI).

O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, ressaltou, durante o evento, que as mudanças climáticas estão entre os temas mais debatidos pelo setor segurador no âmbito da agenda ASG, assumindo um caráter estratégico na política de subscrição de risco e desenvolvimento de novos produtos. Informações qualificadas, como os alertas meteorológicos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a regulamentação adequada e modelos de negócios assertivos são alguns dos fatores lembrados por ele para o avanço do mercado segurador na gestão de riscos climáticos. “Hoje as companhias que representam 83% do market share consideram questões ASG em suas decisões de negócios mais relevantes no país”, assinalou ele.

Participaram dos debates a subscritora sênior de Agro da Swiss Re Brasil Resseguros, Isabel Ponce de León; o superintendente de Produtos Agro da Tokio Marine e presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Joaquim Cesar Neto; o vice-presidente e sócio da NEWE Seguros, Rodrigo Motron, e a diretora de Risk Management da Zurich Brasil Seguros, Samya Paiva.

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Paulo Costa, coordenador-geral de Modelagem Numérica do Inmet, trouxe números que demonstram que o aquecimento global é uma realidade entre nós, e depende de políticas públicas e adesão das atividades privadas para reduzir seus impactos. O regime de precipitação de chuvas é cada vez mais irregular, mas segue um viés de baixa nos últimos anos, produzindo severos danos nas regiões rurais e urbanas. “Além de chover menos, olhando os dados das últimas três décadas, quando chove, a chuva é muito forte em áreas adensadas ou fora do padrão no calendário agrícola, provocando danos dos mais variados”, assinalou ele. O Inmet, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, gera informações meteorológicas importantes no processo de tomada de decisão, sobretudo no campo, e seus indicadores são estratégicos para os seguros paramétricos.

Presidente da Comissão de Sustentabilidade e Inovação da CNseg, Fátima Lima lembrou que os extremos climáticos podem fragilizar diversas cadeias produtivas. Em razão disso, as seguradoras devem compor uma carteira de negócios resiliente, usando os conceitos ASG como premissa, ao desenvolver produtos adequados para ampliar a proteção da sociedade.

O evento da CNseg ocorreu às vésperas de a Susep publicar circular que exigirá requisitos de sustentabilidade para as seguradoras. O marco regulatório será implantado após uma sucessão de ações voluntárias adotadas no mercado no campo da sustentabilidade, a partir da adesão da CNseg aos PSI, ocorrida há 10 anos.

De lá para cá, seguradoras incluem parâmetros ASG na política de subscrição de riscos e gestão de investimentos. Hoje, cerca de 60% das seguradoras que integram o Relatório de Sustentabilidade do Setor afirmaram que já incluem questões ASG nos processos de subscrição de riscos e de gestão de investimentos.

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