Crescimento da inadimplência das empresas requer iniciativas imediatas, alerta Coface

Perspectivas não são animadoras para o restante do ano e em 2023

A economia foi impactada pelo crescimento da inadimplência das empresas no primeiro semestre, revertendo o quadro que tinha prevalecido em 2021. Além disso, as perspectivas não são animadoras para o restante do ano e em 2023, na avaliação de Rosana Passos de Pádua, CEO da Coface do Brasil, líder mundial em seguro de crédito e serviços especializados como gerenciamento de risco.

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Na análise de informações de milhões de companhias, a Coface constatou crescimento acelerado de atrasos nos pagamentos corporativos de vários setores. “No ano passado os dados eram animadores, mas desde janeiro o cenário mudou”, afirma a executiva, que cita a elevação de mais de duas vezes na inadimplência das empresas durante a primeira metade do ano.

Esse cenário se confirma em levantamentos recentes sobre o tema. O Indicador de Empresas Inadimplentes da Serasa Experian, por exemplo, mostrou que o número de pessoas jurídicas com atraso em seus pagamentos somou 6,1 milhões em abril. O total significa um crescimento de 200 mil companhias na comparação com o mesmo mês do ano passado. A Febraban também trabalha com a previsão de piora desse quadro, principalmente em 2023.

A CEO da Coface do Brasil avalia que os dados não são motivo para pânico, mas requerem redobrada atenção já que a economia global tem sido abalada por sucessivos choques desde a eclosão da pandemia de Covid-19, em 2020: “Tivemos a maior crise sanitária global em 100 anos, com impactos abrangentes e assustadores que se prolongam até hoje. Os estragos causados pela pandemia foram devastadores. Se não bastasse, seguiu-se a guerra na Ucrânia, que voltou a abalar o mundo e piorou a instabilidade, que já era muito grande. Formou-se, assim, um quadro muito favorável para o crescimento da inadimplência”.

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Olhando em perspectiva, o quadro também não é animador. A executiva recorda que os bancos centrais recorrem cada vez mais à elevação dos juros como arma contra a alta da inflação, uma das consequências deletérias da guerra na Ucrânia: “Juros altos significam retração da economia e têm impacto direto no crescimento na inadimplência, o que significa que mais empresas deverão ter dificuldades para saldar seus compromissos no médio prazo”.

No Brasil, além de todos esses fatores, há mais uma fonte de incerteza: as eleições presidenciais de outubro. “Historicamente os períodos pré-eleições trazem dúvidas e precaução ao mercado”, recorda a CEO da Coface do Brasil.

Há atenuantes para essa perspectiva pouco otimista, lembra Rosana Passos de Pádua, como, por exemplo, a resiliência tantas vezes mostrada pela economia brasileira nos vários períodos de crise que o país tem continuamente enfrentado. Por isso, ela não vê motivos para catastrofismo, embora o momento requeira iniciativas rápidas e eficientes para enfrentar a turbulência: “Deve-se reconhecer que o mundo passa por um momento de grande instabilidade. E nesses momentos é necessário, mais do que nunca, que as empresas contem com suporte de informações especializadas, que ajudem companhias de diferentes portes na tomada de decisão correta. A margem de erro é mínima e por isso o apoio é fundamental. Só com ele será possível evitar que ‘fantasmas’ como a inadimplência voltem a ameaçar a continuidade dos negócios”.

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