34 desmanches ilegais foram interditados no Rio Grande do Sul desde fevereiro
Ação conjunta reduziu roubo e furto de veículos em 10,6%
Foi deflagrada na manhã desta quinta-feira, 18, a 19ª fase da operação que visa barrar a ação dos desmanches ilegais no Rio Grande do Sul. Dois estabelecimentos foram interditados na Zona Leste de Porto Alegre.
Ao todo, 34 locais irregulares foram interditados desde fevereiro deste ano, quando a operação começou a ser realizada. 30 pessoas foram presas em flagrante e 1.500 toneladas de sucata apreendida e encaminhadas para trituração. “De lá para cá é perceptível a queda no roubo e furto de veículos, principalmente na Região Metropolitana e em Porto Alegre. Uma redução de 10,6% em comparação com o segundo trimestre do ano passado”, conta a capitã Marta França Moreira, da SSP-RS. Marta alerta que a população não deve fomentar este mercado, atrelado a outros tipos de crimes, como maus tratos a animais e fortemente ligado aos famosos puxadores de carros. “Em outra oportunidade, encontramos R$ 10 mil separados para distribuição direta aos puxadores”, conta ao incentivar as denúncias através do site do Detran-RS ou nos demais órgãos como a BM (190) e Polícia Civil (197).
Um dos proprietários foi intimado a prestar esclarecimentos por operar empreendimento potencialmente poluidor, sem licenciamento ambiental. A expectativa dos coordenadores da força-tarefa é de que sejam encaminhadas para trituração cerca de 70 carcaças de veículos.
“Em aproximadamente 70% das vistorias acabam ocorrendo prisões em flagrante por receptação de peças roubadas”, conta o delegado Adriano Nonnenmacher de Souza, do DRV/DEIC.
Nove municípios já receberam edições da Operação Desmanche: Porto Alegre, Gravataí, Viamão, Sapucaia do Sul, Canoas, Novo Hamburgo, Montenegro, São Sebastião do Caí e Alvorada.
Lei dos Desmanches
A Lei Federal 12.977 (Lei dos Desmanches) entrou em vigor em 20 de agosto de 2015, com o objetivo de combater a recepção de veículos roubados. Desde esta data, somente podem atuar no comércio de peças usadas empresas registradas no Detran/RS. Essas empresas devem seguir uma série de requisitos e incluir cada uma das peças à venda no sistema informatizado, vinculando-as à nota fiscal e à placa do veículo de origem. O Rio Grande do Sul possui hoje 212 empresas de desmanches registradas. O consumidor pode consultar estes estabelecimentos no site do departamento.
Força-tarefa
A força-tarefa foi designada pelo governador José Ivo Sartori para atuar na fiscalização dos estabelecimentos ilegais. Cada um dos órgãos envolvidos tem uma função específica nas operações. A Secretaria da Segurança Pública coordena o trabalho do grupo e também define os alvos, através do Setor de Inteligência.
O Instituto-Geral de Perícias tem a função de identificar peças roubadas e atua na parte criminal das operações, juntamente com a Polícia Civil, que também efetua as prisões. O Detran/RS autua administrativamente as empresas e coordena todo o trabalho de apreensão da sucata e sua destinação para reciclagem. A Brigada Militar, por fim, faz a segurança de toda a operação com agentes do Batalhão de Operações Especiais (BOE).
Seguro
O valor do seguro automotivo na região metropolitana de Porto Alegre é um dos mais caros do Brasil. Reflexo da violência. Aproximadamente 60% do preço é composto pelo roubo e furto de veículos.
“Lamentavelmente, quem acaba pagando essa conta é o consumidor. Porque as seguradoras repassam [o valor] no custeio da apólice para aqueles que adquirem os seguros”, afirmo Ricardo Pansera, presidente do Sindicato de Corretores de Seguros do Rio Grande do Sul em recente entrevista.
*Colaborou Laura Xavier, da Secretaria de Segurança Pública.