6 em cada 10 brasileiros pagam o transporte de forma online
Levantamento mostra como ficaram os aplicativos de mobilidade urbana em tempos de coronavírus
Quando de mobilidade urbana se fala, muitos problemas vêm à mente: engarrafamentos, trânsito lento, horas na espera de um ônibus, estresse e outros tantos. Quanto maior for a cidade, maiores são os inconvenientes que motoristas, passageiros, ciclistas e pedestres enfrentam diariamente.
Procurando dar soluções a tantos problemas, nos últimos anos foram criados vários aplicativos que ajudam a poupar tempo, a reduzir o estresse e a ter deslocamentos mais seguros para todos.
Com a pandemia, muitos dos aplicativos que oferecem serviço de transporte expandiram seus negócios e alcançaram mais clientes, pois foram a alternativa mais procurada pelos brasileiros para evitar usar transportes coletivos: 8 em cada 10 brasileiros utilizavam serviços de transporte por aplicativo, principalmente para evitar o contágio da Covid, entre outubro de 2020 e outubro de 2021.
Antes da pandemia, cerca de 48% dos brasileiros pagavam seu transporte de forma online, com a pandemia esse percentual subiu para 56%. Assim, a categoria ‘transporte e mobilidade’ ficou em 4° lugar entre os pagamentos feitos de forma digital.
Com a pandemia ficou em evidência a praticidade que os serviços por aplicativos trazem ao nosso dia a dia e o crescimento dos meios de transportes por aplicativos deve continuar. Pois entre os entrevistados 91% gostaram da experiência oferecida, atraídos principalmente pela possibilidade de não precisar andar com dinheiro no bolso. Além disso, 88,3% dos entrevistados afirmaram que continuam optando por este tipo de serviço mesmo com o final da pandemia, inclusive 62% deles afirmaram que preferem usar este tipo de serviço a ter o carro próprio.
Aplicativos de transporte utilizados hoje em dia no Brasil
No Brasil desde 2014, o Uber é um dos aplicativos de transporte mais utilizados no país. Há mais de dez anos surgiu como alternativa ao serviço dos táxis, oferecendo um atendimento diferenciado, mas que na relação custo-benefício são mais convenientes para os clientes. Na mesma linha, o 99 também conta com muitos usuários.
Mas, não são os únicos, outros aplicativos de transporte que estão ganhando mais espaço são:
- InDrive: como se fosse um delivery, o aplicativo permite ao usuário escolher qual viagem quer fazer, de acordo com o tempo de espera, o veículo e o preço que oferece o motorista.
- Guarupa: serviço especial para transporte de crianças, animais ou objetos.
- EasyTaxi: aplicativo que chegou ao país em 2012 e permite que o usuário peça seu táxi pelo aplicativo de forma rápida e segura.
- Wappa: funciona como o Uber, o diferencial está em que o cliente pode viajar com um taxista, pois a frota não está constituída somente por carros particulares. Porém, o serviço está disponível em apenas algumas cidades.
- Assim como o aplicativo anterior ainda não está disponível para ser utilizado em todo o país, existem outros na mesma situação: Urban do Brasil (está disponível em 102 cidades do país), Urbano Norte (está em 55 cidades de 15 estados), YetGO, Chofer e Zum Driver.
Também estão ganhando lugar os aplicativos pensados especificamente para um grupo de usuários, como os aplicativos de transporte feminino: Lady Driver, Venuxx ou FemiTaxi. Este último, ativo desde 2016, é o principal aplicativo neste segmento, mas somente está disponível em grandes cidades (São Paulo, Campinas, Santos, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia)
Alguns aplicativos também estão se adaptando às demandas do público, por exemplo o BlablaCar que funciona assim como o Uber, permite que as passageiras selecionem a opção “só para elas” e assim possam viajar apenas com outra mulher.
Outros nichos que contam com aplicativos de transporte específicos são os torcedores de alguns times de futebol (CruzeiroGO!, TimãoGO, Mobi Clubes) e os pets (PetDriver). No primeiro caso os aplicativos foram criados para satisfazer a demanda dos torcedores que iam especificamente aos jogos.
Assim como há aplicativos que oferecem serviços de mobilidade para o público em geral e outros que estão pensados especificamente para um nicho, também tem aplicativos que oferecem somente carros particulares para realizar o serviço e outros disponibilizam outro tipo de veículo, como táxis ou os de transporte coletivo: Moovit, Leve-me, Quicko, Metrô de São Paulo Oficial, CittaMobi, Cadê o Ônibus? CityBus 2.0 Goiânia.
Apesar de haver muitos aplicativos no mercado, não estão disponíveis para todo o país, pois exigem adequação para cada cidade e requerem legislações específicas, que atualmente variam de uma região para outra.
Inclusive, para as seguradoras o surgimento deste tipo de transporte implica todo um desafio, porque o seguro para táxis não era aplicável e o seguro para carros particulares era insuficiente.
Aplicativos de transportes e a pandemia
A pandemia trouxe mudanças de comportamento em vários setores da sociedade, como o turismo e a mobilidade. Esta situação provocou que o uso de bicicletas e dos aplicativos de transportes privados aumentasse consideravelmente.
De acordo com os dados do Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (ITDP Brasil), entre janeiro de 2020 e setembro de 2021, houve uma queda de 6% no uso do transporte público. Nesse período houve um aumento no uso de carros de 17% nas grandes cidades. O principal motivo desse aumento foi evitar o contágio da Covid no transporte público, que em horários de pico mostram uma superlotação.
Em grandes capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Manaus e Recife), as pessoas com mais recursos reduziram em 41% o uso do aplicativo em relação ao volume de corridas registradas até fevereiro de 2021, em relação a fevereiro de 2020, antes das restrições. Ao contrário, os mais pobres, com menos de dois salários mínimos, e que vivem mais afastados dos centros urbanos, começaram a usar mais os serviços dos aplicativos, o aumento foi de 36% em todo o país.
Mais uma vez, a pandemia mostra a desigualdade existente, neste caso entre quem pode ficar em casa e quem precisa sair para trabalhar. Os mais ricos conseguiram ficar isolados, seja trabalhando em casa ou usando alguma reserva financeira que conseguiram economizar e quando queriam sair, muitos deles possuem carro próprio; o que não reflete a realidade dos mais pobres.