Ninguém pode ser sábio de estômago vazio

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Quando escuto sobre as Olimpíadas, fico em dúvida se abro um sorriso ou faço cara de aflição

Olimpíadas e crise não combinam, correto? Mas então o que fazer quando um país sede enfrenta umas das maiores crises políticas da história meses antes dos jogos olímpicos? Neste cenário, as olimpíadas trazem benefícios ou prejuízos ao país sede?

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Vamos adiante fazendo uma avaliação sob a ótica do mercado securitário. Certamente as Olimpíadas geraram muitos frutos para grandes companhias do mercado: seguro para grandes eventos; seguros para a Vila Olímpica; seguro para grande parte dos atletas e etc. E estes seguros certamente tiveram o risco mensurado, tendo o prêmio sido fixado de acordo com a intensidade do risco.

Ocorre que, recentemente sobrevieram inúmeras situações que alteraram o quadro existente em muitos riscos que já haviam sido mensurados. Certamente há meses atrás não era possível vislumbrar que provavelmente teremos inúmeras manifestações nos jogos olímpicos, pela exposição que isso pode gerar, sem saber ao certo qual o alvo, as consequências e os prejuízos destas manifestações.

Também não poderia haver uma previsão de que, no final de 2015 e início de 2016, teríamos inúmeros atos terroristas e que o Brasil, em abril deste ano, passaria a fazer parte dos países em alerta de terrorismo, justamente por causa dos jogos olímpicos. Isso sem falar na liberação de bebida nos estádios, fato este estranho a nossa realidade e que também aumenta o risco dentro e fora destes ambientes.

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É claro que muitos destes problemas aqui citados podem ser objeto de negativa por parte das seguradoras, caso estejam dentro das exclusões contratuais. Entretanto, negar um sinistro de grandes proporções com a lente do mundo inteiro apontada pode não ser um grande negócio e fulminar com décadas de história.

Pensando como cidadão inserido dentro de uma sociedade, estou muito cético, principalmente quanto ao futuro do país, tendo as Olimpíadas se tornado algo tão desinteressante que quase inexistem notícias ou se fala sobre o assunto. Porém, como atuante do mercado securitário, tenho severas dúvidas se o aumento do risco pode gerar benefícios – mais contratações ou revisão dos contratos – ou prejuízos para as seguradoras envolvidas em casos de grandes indenizações até mesmo em caso de riscos excluídos.

Quando escuto sobre as Olimpíadas, fico em dúvida se abro um sorriso ou faço cara de aflição. O fato é que de estômago vazio ninguém pode ser sábio e é assim que estou me sentindo diante um cenário de tanta incerteza.

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