Outubro Rosa: Campanha contra câncer de mama foca na prevenção
Médica da rede Meu Doutor Novamed detalha métodos preventivos
Outubro é mês de prevenção para as mulheres. O INCA estima que o Brasil registre 73.610 novos casos de câncer de mama ao longo de 2024. Por isso, a campanha Outubro Rosa, dedicada à conscientização do câncer de mama, reforça a importância da prevenção e dos exames e consultas periódicas. Na entrevista abaixo, a ginecologista Giselle Novaes, da rede Meu Doutor Novamed Botafogo, detalha sintomas e métodos preventivos.
1 – Qual o melhor momento para a mulher começar a fazer os exames preventivos?
A primeira consulta ginecológica pode ocorrer a partir de 10 anos, para avaliação do desenvolvimento dos caracteres sexuais. A maioria dos responsáveis leva a menina à sua primeira consulta ginecológica após a menarca (primeira menstruação), para orientações sobre o ciclo menstrual, cuidados íntimos, anticoncepcional e prevenção de doenças. Há um consenso sobre a necessidade de ida ao ginecologista após a primeira relação sexual. O Papanicolau deve ser realizado após os 25 anos, de acordo o Ministério da Saúde. Já a mamografia de rastreio é solicitada após 40 anos ou antes, e em caso de histórico familiar positivo, outros exames são solicitados de acordo com a necessidade.
2 – Para quem tem histórico de câncer de mama na família, quais as recomendações?
Para quem tem histórico familiar positivo de câncer, como o de mama, ovário ou endométrio, os exames de rotina podem ser complementados por medidas adicionais de rastreamento e prevenção. Além dos exames habituais, algumas orientações específicas são importantes:
- Rastreamento genético: Para mulheres com casos de câncer ginecológico na família (principalmente em parentes de primeiro grau, como mãe ou irmã), é recomendada uma avaliação genética para identificar mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. Essas mutações estão fortemente associadas a um risco elevado de câncer de mama e ovário. Dependendo do resultado, estratégias de acompanhamento e prevenção mais intensivas podem ser adotadas.
- Exames mais frequentes e antecipados: O início do rastreamento, como mamografias ou ressonâncias magnéticas das mamas, pode ser antecipado. A depender da avaliação médica, exames podem ser realizados anualmente ou em intervalos menores, dependendo da idade e do tipo de câncer presente no histórico familiar.
- Ultrassonografia transvaginal e dosagem: Para mulheres com risco elevado de câncer de ovário, alguns médicos recomendam o uso da ultrassonografia transvaginal e a dosagem do marcador tumoral, para um acompanhamento mais rigoroso, ainda que esses exames não sejam infalíveis.
- Cirurgias preventivas: Em alguns casos de alto risco genético confirmado (por exemplo, em portadoras de mutações), pode ser discutida a realização de cirurgias preventivas, como a mastectomia ou a ooforectomia (remoção dos ovários), para reduzir o risco de desenvolvimento do câncer.
- Mudanças no estilo de vida: Além dos exames, é recomendado adotar um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas e controle do peso, pois esses fatores podem influenciar o risco de câncer.
3 – Há sintomas que podem ser indicativos da doença?
Mulheres devem estar atentas a alguns sinais e sintomas que podem estar associados ao câncer ginecológico (como câncer de mama, ovário, endométrio ou colo do útero) e outros tipos de cânceres comuns. É importante lembrar que esses sintomas podem ter outras causas benignas, mas devem ser avaliados por um médico para garantir um diagnóstico precoce. Os sinais de alerta incluem, no caso do câncer de mama, nódulos ou caroços nas mamas ou axilas, especialmente se forem duros e indolores; mudanças no formato, tamanho ou simetria das mamas; alterações na pele da mama, como vermelhidão, descamação ou aspecto de “casca de laranja”; secreção espontânea ou com sangue nos mamilos, e inversão ou retração do mamilo.
4 – Quais atitudes preventivas podem ser tomadas?
A prevenção do câncer de mama envolve uma combinação de nutrição adequada, manutenção de um estilo de vida saudável e acompanhamento médico regular. Embora nem todos os fatores de risco possam ser controlados, como idade e histórico familiar, seguir algumas práticas pode ajudar a reduzir o risco.
É extremamente importante consumir uma grande variedade de frutas e vegetais, especialmente os ricos em antioxidantes, esses alimentos ajudam a combater os radicais livres e reduzir a inflamação no corpo; alimentos ricos em fibras também são importantes, pois a fibra ajuda a regular os hormônios, como o estrogênio – relacionado ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer de mama. Optar por gorduras saudáveis, monoinsaturadas e poli-insaturadas, como as encontradas em azeite de oliva, abacate, nozes, sementes e peixes ricos em ômega-3 (salmão, sardinha), pois podem reduzir a inflamação e proteger as células do corpo. E reduzir alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras trans, açúcares refinados.
O excesso de peso, especialmente após a menopausa, também está associado a um risco maior de câncer de mama, pois o tecido adiposo (gordura) pode aumentar os níveis de estrogênio no corpo.
Praticar exercícios físicos regularmente ajuda a manter o peso e reduzir os níveis de hormônios, como insulina e estrogênio, que podem influenciar o risco de câncer. Recomenda-se pelo menos 150 minutos de atividade moderada (como caminhada rápida) ou 75 minutos de atividade intensa (como corrida) por semana.
Por fim, realizar exames de rotina, como mamografias, conforme orientado pelo seu médico, é fundamental para o diagnóstico precoce. Além disso, o autoexame das mamas, embora não substitua o acompanhamento médico, pode ajudar a mulher a conhecer seu próprio corpo e identificar mudanças rapidamente.
5 – Amamentar tem efeito na prevenção da doença?
Amamentar por pelo menos seis meses está associado à redução do risco de câncer de mama. O processo de amamentação ajuda a regular os níveis hormonais e reduz a exposição ao estrogênio.
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