Saúde Suplementar registra primeiro aumento no número de beneficiários em 2016
Dados econômico-financeiros das operadoras também apontam crescimento de 13,2% das despesas assistenciais no segundo trimestre
Depois de 14 meses consecutivos de queda, o número de beneficiários de planos de saúde voltou a registrar, em agosto, uma leve alta, fechando o mês em 48,3 milhões de vínculos – acréscimo tímido de 32.148 beneficiários em relação ao mês anterior, de acordo com dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Solange Beatriz Mendes, presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), acredita no processo de estabilização da economia para que a saúde suplementar comece a registrar o retorno do equilíbrio, à medida que os beneficiários recuperarem seus empregos e poder aquisitivo. “A partir deste cenário, os números do setor podem se elevar com a retomada do desenvolvimento do país. Atualmente, aproximadamente 66% dos vínculos contratuais são de coletivos empresariais. O segmento, portanto, está muito associado ao comportamento da economia, à geração de emprego formal e renda”, ressalta a executiva.
Receitas e despesas – Vale destacar o cenário econômico-financeiro das operadoras de planos de saúde referentes ao segundo trimestre de 2016. De acordo com os dados informados a ANS pelas empresas, a receita de contraprestações aumentou 12,3% no primeiro semestre de 2016 em relação ao mesmo período do ano passado. Já as despesas assistenciais cresceram 13,2% no comparativo dos dois períodos. “Ou seja, as despesas assistenciais continuam a crescer, historicamente, em ritmo mais acelerado do que as receitas”, alerta a presidente da FenaSaúde. Segundo Solange Beatriz, no Brasil, a inflação médica tem alcançado, em média, patamar duas vezes superior ao indicador que registra os demais preços da economia. Entre 2007 e 2016, os gastos per capita com saúde no Brasil cresceram 158,74%, enquanto a variação do IPCA foi de 74,74% no mesmo período.
Na avaliação da presidente da Federação, o momento econômico só acentua os problemas estruturais do setor, que implicam no aumento dos custos da assistência à saúde privada. “Fatores como o aumento da frequência de uso dos recursos médicos estimulado pelos próprios prestadores de serviço, que, no modelo vigente no Brasil, são remunerados por quantidade de procedimentos; preços elevados de materiais e medicamentos; incorporação de procedimentos obrigatórios ao Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, como é feita hoje, sem a análise crítica da relação custo-benefício; e desperdícios precisam ser amplamente debatidos pela sociedade para viabilizar a sustentabilidade da saúde suplementar”, conclui.