“Não era para matar”, afirma marido de corretora de seguros
André Friedrich nega ter encomendado morte da mulher
Andressa Reinaldo Friedrich, corretora de seguros, foi morta durante um suposto assalto, na cidade de Canoas (RS), na madrugada do último domingo, 18. Segundo a polícia, a vítima não reagiu. Andressa estava acompanhada do marido e da filha, de um ano e 11 meses. Esta era a manchete inicial, porém, André Friedrich, marido da vítima, confessou que havia contratado o assassino para “dar um susto” na esposa e roubar o carro.
A família chegava em casa após participar do Acampamento Farroupilha – festa que celebra o Dia do Gaúcho –, quando foi abordada pelo criminoso. Ele esperou o veículo se aproximar do portão da casa para cometer o crime. Andressa chegou a ser levada para o hospital, onde morreu.
Confira trechos do depoimento (Zero Hora)
O jornal local “Zero Hora” divulgou trechos do depoimento onde o marido admitiu ter pago Anderson Souza para levar o carro da esposa. Em diversos momentos, André Friedrich afirma que não premeditou a morte da esposa.
O homem foi detido na manhã de hoje. Os investigadores não acreditaram na primeira versão do depoimento de André Friedrich e constataram uma série de contradições. Pressionado, ele confessou o crime. Teria prometido o pagamento de R$ 10 mil para que a ação acontecesse.
De acordo com o relato de pessoas próximas ao casal, a relação entre os dois era conturbada. Andressa teria pedido a separação do marido em outras oportunidades.
Diretamente de Zero Hora:
A guinada nas investigações, que passou de latrocínio para homicídio, ocorreu após o levantamento de uma série de indícios, como o fato de o “ladrão” não ter levado nada — além de ter abandonado o carro do casal pouco depois da morte, deixou no Cobalt bolsa, celular, carteira e outros pertences de Andressa—, de ele ter agido sozinho, por ter coberto o rosto, algo incomum em assaltos, e ainda ter pedido para que a vítima, depois de entregar a filha ao marido, dirigir o seu carro.
— Como ele sabia que ela dirigia, se ela estava sentada no banco de trás com a filha? Todos esses pequenos fatos nos fizeram desconfiar da versão de Friedrich. Quando ele foi depor, o modo estranho como se comportou mudou de vez o rumo das investigações — afirmou o delegado Thiago Bennemann, da Delegacia de Furto e Roubos de Veículos (DFRV).
Depois de pressionado pelos investigadores, o comerciante de móveis planejados finalmente confessou ter contratado seu funcionário, Anderson Souza, 21 anos, para “dar um susto” na esposa e simular o roubo do Cobalt. No entanto, Friedrich disse que Andressa reconheceu o criminoso, pois Souza também é casado com uma prima dela. Surpreendido, o jovem teria, então, atirado contra ela. A versão não convenceu os investigadores.
— Acreditamos que Anderson possa ter subcontratado outra pessoa para executar o crime. Isso tudo ainda depende de perícias e investigação — afirma o delegado regional de Canoas, Cristiano Fischer.
O delegado acrescentou que, se necessário, vai pedir junto à Justiça que Anderson seja ouvido novamente para esclarecer a suspeita do envolvimento de uma terceira pessoa no crime.
A motivação do crime seria dinheiro. Friedrich confessou que estaria recebendo uma herança e que, com as constantes brigas com a mulher, tinha receio de que ela pedisse a separação, levando metade do patrimônio. Além disso, a polícia também suspeita de que Friedrich planejou o crime e poderia se beneficiar com dinheiro de algum seguro de vida. Embora fosse sócia de uma corretora, ela não tinha apólice em favor de Friedrich vinculada à empresa, o que não impediria de ele ter adquirido em outra corretora.
— Era uma relação de amor e ódio. De muitas brigas. Ela já teria ameaçado várias vezes pedir a separação. Acredito que até o momento do crime ele não tinha certeza de que queria a morte dela — afirmou o delegado Carlos Wendt.
Segundo Wendt, Friedrich teria prometido R$ 10 mil para que Souza matasse a corretora. O jovem foi preso no bairro Rio Branco, em Canoas, nesta manhã. Sua versão dos fatos e efetiva participação no caso serão apuradas. A dinâmica do que aconteceu depois do abandonado do Cobalt, a fuga em outro carro e o envolvimento de outras pessoas está sendo investigado.
A morte de Andressa ocorreu por volta da 1h30min de domingo, logo após ela, o marido e a filha de um ano e 11 meses do casal visitarem o Acampamento Farroupilha no Parque Eduardo Gomes, em Canoas. O enterro ocorreu nesta segunda-feira. Durante o funeral, o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), Edilson Chagas Paim, disse que Friedrich e Souza se encontraram.
— Eles se abraçaram e disseram: “Tamo junto” — contou o delegado, acrescentando que esse tipo de crime, a execução de uma mãe, diante da própria filha e comandada pelo marido, atitude choca até mesmo a polícia.