Allianz Trade revela setores mais resilientes e menos resilientes com projeções para 2023

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Com base na análise de variáveis econômicas, primeira edição do Credit Talk, webinar promovido pela Allianz Trade, indica comportamento do mercado ao longo do ano

A primeira edição do Credit Talk 2023, webinar promovido pela Allianz Trade, aconteceu no início deste mês. Com o tema “Projeções Econômicas e Setoriais para 2023”, o evento online, teve como objetivo a análise das variáveis econômicas que exigirão atenção das empresas brasileiras ao longo do ano. De acordo com o estudo, os setores mais resilientes são: Transportes, Energia, Metais e Agronegócio. Entretanto, com o título de menos resilientes ficaram Varejo, Eletrônicos, Automotivo e Construção.

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“O Credit Talk 2023 afirma que o setor de Transportes foi altamente impactado pela escassez de demanda em 2020 e 2021 – período fortemente afetado pela pandemia de Covid-19. A demanda no modal aéreo, por exemplo, caiu 50% no primeiro ano da crise sanitária. Enquanto isso, o modal rodoviário de cargas teve queda de 30%”, pondera Rafael Guarento – Superintendente de Risco de Crédito na Allianz Trade no Brasil.

Em 2021, o setor sinalizou recuperação. Porém, foi barrado pela pressão de custos devido ao aumento do preço dos combustíveis. Em contrapartida, 2022 marcou a retomada do segmento. O transporte de passageiros rodoviário aumentou 18% e o aéreo registrou 65% de alta. Isso foi, portanto, equivalente a 77% do volume de passageiros transportados em 2019 – ou seja, antes da pandemia. Desse modo, espera-se que em 2023, apesar da pressão de custos, haja uma demanda mais forte que no ano passado.

Mais resiliente durante a pandemia, o setor de Energia, apesar da queda da demanda devido ao menor nível de atividade industrial, foi compensado pelo maior consumo residencial. Afinal, as restrições obrigaram a população a permanecer em casa por risco de contágio pelo coronavírus. Já as petrolíferas, foram beneficiadas pela alta do preço do barril de petróleo que atingiu níveis nunca antes vistos, por conta da menor produção global da commodity.

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Em síntese, para 2023, tanto energia elétrica quanto combustíveis têm expectativas positivas para alta de preço e demanda. Para a energia elétrica, os custos não devem registrar aumento abundante, afinal, o país tem alta capacidade hidrológica. Já os combustíveis devem continuar oscilando. A última alta é resultado da desoneração estipulada pelo governo, que entrou em vigor no último 1º de março, aumentando os preços da gasolina e do etanol.

O setor de Metais se mostrou resiliente durante a pandemia por conta da alta demanda da China no período. Isso, portanto, elevou consideravelmente os preços e fez com que os players do setor tivessem margem bastante expressivas. Cabe salientar que, globalmente, o Brasil tem papel importante na extração de minério de ferro e siderurgia. Para 2023, espera-se uma queda de demanda das exportações devido ao menor nível de atividade econômica global e, também, para as vendas domésticas. Afinal, haverá menor atividade econômica no setor de construção até o fim do ano.

Agronegócio continua em alta

O Agronegócio tem performado fortemente desde o início da pandemia, em 2020. Houve, portanto, continuidade de demanda e recordes de produção de grãos no Brasil. No cenário atual, a Guerra entre Rússia e Ucrânia rendeu aumento expressivo nos custos de produção, principalmente, de fertilizantes. Nesse sentido, houve elevação nos preços de soja e milho, favorecendo os resultados de agricultores e de players da cadeia. Para a próxima safra 2023/2024, as previsões ainda são incertas. Todavia, espera-se que os preços das commodities fiquem mais equilibrados e sem grandes impactos negativos para o setor.

Dentre os setores menos salientes, o Varejo teve performance mais tímida em 2022, com queda de 0,6% no varejo ampliado. Isso aconteceu por conta da não continuidade dos auxílios oferecidos pelo governo durante a pandemia. Para 2023, o setor deve ser impactado pela alta da taxa de juros, inflação elevada (que reflete no aumento de preços) e projeção tímida de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil e da renda média do trabalhador. Assim, o consumo deverá direcionar-se a bens essenciais, como alimentos, por exemplo. Nesse sentido, acredita-se que haja queda de margens dos players do setor, continuidade da alavancagem com bancos, créditos mais caros e impactos na estrutura de capital das empresas.

O baixo poder de compra por parte do consumidor atrelado à queda da renda média do trabalhador e ao aumento dos preços dos produtos também impactou o segmento de eletrônicos. Vinculado à demanda do varejo, o setor dá sinais de fraqueza em 2023. No ano passado, as vendas desse tipo de produto caíram 2%. Já as exportações foram positivas.

Eletrônicos

Em relação aos produtos em si, a divisão de computadores e telefonia móvel têm alta representatividade frente ao setor. A grande demanda foi sentida, de fato, durante a pandemia, quando as pessoas se viram necessitadas em adquirir tais produtos por conta do home office e da necessidade de estudo remoto, por exemplo. Com a volta do presencial (total ou híbrido), é esperada uma demanda mais tímida de aquisição para este ano.

Setor Automotivo e Construção

Durante a pandemia, o setor Automotivo sofreu forte impacto por conta das restrições de matéria-prima, principalmente na cadeia de semicondutores. Desse modo, a falta de peças impediu a produção de veículos, o que resultou em queda drástica de vendas e até fechamento de fábricas. Nesse sentido, após amargar baixas consideráveis em 2020 e 2021, o setor registrou tímido crescimento, de 5%, em 2022. E a previsão é que a alta não passe de 3% neste ano. Os números aquém do esperado também se devem à alta taxa de juros, restrição de crédito ao consumidor e altos preços praticados pelas fabricantes. As montadoras, portanto, devem sofrer queda na margem de lucros e menor liquidez.

O setor da Construção teve demanda positivamente impactada pela pandemia. No período, houve atrativa taxa de juros e aumento expressivo nas reformas residenciais. Situação que se reverteu em 2022, impactando o varejo para a construção civil. Soma-se a isso o fato de que as obras de infraestrutura do governo foram paralisadas devido ao ano eleitoral. Mas, para 2023, mesmo com a retomada do programa Minha Casa Minha Vida para a população de baixa renda, espera-se que o setor ainda enfrente dificuldades na demanda de imóveis. Pois ainda haverá elevada taxa de juros, preços altos e fraco desempenho da economia brasileira neste ano.

 

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