Análise semanal da MAPFRE Investimentos aponta continuidade da recessão e sinais de recuo no varejo
Queda do PIB no terceiro trimestre e no consumo das famílias apontam para cenário de cautela; no exterior, economia dos EUA está em aceleração e Euro teve movimentação influenciada por referendo na Itália e eleições na Áustria
Indicadores que apontam a continuidade da recessão, com queda do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, declínio no consumo das famílias e também das exportações foram alguns dos principais destaques da movimentação econômica ocorrida na semana anterior. Já no cenário externo, o mercado de câmbio, com destaque especial para o Euro, teve movimentação influenciada por acontecimentos como o referendo sobre as reformas políticas na Itália e as eleições presidenciais na Áustria.
Cenário macroeconômico
Nível de atividade: A recessão se aprofunda – O PIB do terceiro trimestre de 2016 caiu 0,8% ante o trimestre anterior na série com ajuste sazonal. O consumo das famílias registrou queda de 0,6% na mesma comparação, a sétima consecutiva. As exportações tiveram decréscimo de 2,8% e as importações caíram 3,1%, respectivamente. Com isso, a demanda interna sofreu nova redução, em maior intensidade do que o observado no trimestre anterior. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o PIB recuou 2,9%.
Tais indicadores indicam continuidade da recessão, com sinais de recuo no varejo. As vendas dos supermercados recuaram 0,6% ante o mês anterior, primeiro resultado negativo após seis meses de alta. Além disso, a venda de veículos recuou 0,1% na mesma comparação. No mercado de trabalho, a taxa de desemprego passou de 11,8% para 12,1% na última medição. Há sinais de que a precarização do mercado de trabalho tenha se esgotado, o que contribui para recuo mais expressivo da população ocupada. Em relação a indicadores antecedentes, por fim, a confiança de serviços recuou 1,8% em novembro de 2016.
Política: Senado aprova em primeiro turno PEC do Teto de Gastos – O Senado aprovou em primeiro turno, o texto-base da proposta da PEC 55/2016, que estabelece um teto para os gastos públicos nos próximos 20 anos. A votação em segundo turno da PEC está programada para o dia 13 de dezembro.
Copom: Banco Central reduz a meta da taxa Selic – Alguns fatores contribuíram para a aceleração da queda da taxa de juros, para 13,75% ao ano. Entre os fatores, estão o processo de aprovação das reformas fiscais, que tem evoluído de forma positiva; o recuo das expectativas de inflação; o maior hiato do produto com a frustração da atividade econômica, além da surpresa da inflação corrente para baixo. Para os próximos meses, entretanto, o cenário externo poderá constituir um fator de cautela para o Banco Central.
Cenário internacional – Estados Unidos
Economia em aceleração – O PIB americano do terceiro trimestre apresentou crescimento trimestral anualizado de 3,2% ante o trimestre anterior, acima da mediana das expectativas de mercado, de 3%. O consumo das famílias foi a principal surpresa positiva. Os indicadores correntes e antecedentes confirmam a aceleração da atividade. A sondagem industrial ISM avançou 2,5%, o que demonstra avanço da indústria em novembro desse ano. A confiança das famílias americanas, por sua vez, registrou o maior patamar em novembro desde julho de 2007. Trata-se de um indício de que os consumidores se tornaram mais otimistas após a eleição.
Inflação avança em outubro – A inflação, calculada pelo deflator dos gastos de consumo das famílias, registrou alta de 1,4% em outubro de 2016 ante outubro de 2015. O núcleo da inflação, que exclui preços de alimentos e energia, teve alta de 1,7% na mesma comparação. A recuperação do preço do petróleo após a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) deve contribuir para a continuidade dessa tendência.
Trump nomeia ex-banqueiro para o Tesouro – O presidente eleito dos EUA Donald Trump confirmou a nomeação de Steven Mnuchin para a Secretaria do Tesouro. Outra indicação que deve ser confirmada é a de Wilbur Ross como secretário de comércio. Estas nomeações estão em linha com as propostas de Trump acerca da redução dos impostos, desregulamentação bancária, repatriação dos lucros de empresas americanas no exterior, investimentos em infraestrutura e renegociação de acordos comerciais.
Gestão
O cenário político se manteve no foco na semana passada e continuou exercendo influência nos mercados, em especial, na curva de juros e na cotação do Dólar frente ao Real. No cenário externo, o referendo sobre as reformas políticas na Itália e as eleições presidências na Áustria movimentaram o mercado de câmbio, principalmente o Euro.
Na Bovespa, os destaques da semana foram as ações da Petrobras, que reagiram com expressiva valorização após o acordo dos membros da OPEP de reduzir a produção de petróleo, o que gerou forte variação de preços da commodity e impulsionou as ações da petrolífera brasileira. Além disso, o acordo de leniência assinado pela Odebrecht motivou a alta das ações da Braskem na sexta-feira (2).
O mercado de juros voltou a aumentar suas taxas dos contratos futuros, com a elevação da temperatura política em Brasília. Nem mesmo dados de inflação mais baixos divulgados ao longo da semana foram suficientes para amenizar o movimento da curva de juros. Nos vencimentos mais curtos, as variações foram menores: janeiro de 2018 com alta de 8 pontos e janeiro de 2019 com 16 pontos. Já na parte mais longa da curva, as altas foram maiores: 28 pontos para Janeiro de 2021 e 31 pontos para Janeiro de 2025.