Apesar da alta aceitação pelo Sandbox, Open Insurance ainda requer cuidados

É o que concluem especialistas que participaram do painel “O Futuro é Open”, na Maratona da Inovação em Seguros

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O processo do Sandbox Regulatório conta com a aprovação de grande parte dos operadores do mercado de seguros. Já o Open Insurance ainda requer cuidados e maturação para agregar valor, de fato, ao segmento. Ao menos são essas as impressões dos especialistas que participaram do painel “O Futuro é Open”, realizado durante a Maratona de Inovação em Seguros, no final de agosto e com transmissão pelo Canal do JRS no YouTube.

O fundador do Centro de Qualificação do Corretor de Seguros (CQCS), Gustavo Doria, salientou que ações semelhantes ao Sandbox eram demandas antigas, que se tornaram inevitáveis nos últimos anos, diante das circunstâncias do mercado. Doria considera “muito legais” tanto o advento da Sandbox, quanto à flexibilização das regras de formatação de produtos promovidas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). Mas o comunicador tem restrições à forma como o Open Insurance está sendo conduzido no País. “Não envolver o corretor de seguros é uma cegueira. Está provado que ele presta um serviço mais seguro, mais eficiente e mais barato que os serviços oferecidos pelas plataformas digitais”, afirma ao demonstrar confiança de que o mercado de seguros irá superar os eventuais problemas decorrentes do Sistema Aberto de Seguros.

Segundo Edital do Sandbox

A head of Legal & Compliance da Pier, Bárbara Possignolo, também considera o Sandbox como excelente oportunidade de trazer empresas de tecnologia para o mercado de seguros. “É uma forma de testar produtos, sem gerar risco ao mercado durante o período de testes”, avalia. A executiva também elogia o fato de a Susep colocar o cliente no centro das decisões, já que a autarquia tem estabelecido regras mais flexíveis para que as seguradoras possam oferecer produtos mais customizados e personalizados que os tradicionais pacotes de prateleira.

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Rodrigo Ventura, CEO da 88 Seguradora Digital, também elogia o trabalho do órgão regulador, louvando a chegada, em breve, do segundo edital de Sandbox. “A Susep se tornou o maior inovador do mercado. Quando se trazem inovações, está se olhando para um mercado novo, incluindo mais pessoas entre os segurados”, frisa. Ventura, que integra o Conselho Deliberativo da implementação do Open Insurance, ressalta o quão é importante obter dados na nova realidade do mercado ao relatar que os operadores já pensam em novas formas de seguro digital, que tornem possível a obtenção de dados de maneira antecipada, com o intuito de possibilitar uma precificação mais adequada para os serviços. “Mas a gente precisa avaliar bem se o dado agrega valor na análise de um risco específico. Se ele não agrega valor, ele destrói valor. Se o dado não é necessário, ele tem que ser excluído do processo”, ressalva.

Era do consentimento

“Os dados passaram a nos viabilizar a dar voos mais altos”, conclui o CEO da LexisNexis no Brasil. Giuliano Mourão citou o case das apólices que hoje incluem cobertura por destruição de telhados em casas dos Estados Unidos. O especialista narra que, originalmente, o risco era ruim, dada a recorrência de tornados. Mas os operadores de seguros americanos buscaram dados cuja combinação gerou resultados matemáticos que deram segurança às companhias para oferecerem a cobertura. “O exemplo pode ser adaptado ao Sul do Brasil, onde ocorrem ciclones seguidamente”, lembra, ao exemplificar que todos os dados disponíveis no Open Insurence precisarão passar pelo consentimento das pessoas, para que possam ser utilizados pelas empresas.

“Temos alguns desafios disruptivos. Um deles é o desafio regulatório da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Será a nova era do consentimento. Na prática, haverá um novo funil para gerenciar”, acrescenta Mourão.

À frente de uma empresa tradicional que completa 50 anos em 2021, Rodrigo Pecoraro, head de Seguros da Sabemi, acrescenta que o mundo segurador passa por um modelo repleto de quebras de paradigmas. “O foco é o fim, é a entrega. O produto acaba sendo um meio. Hoje, uma antiga concorrente pode ser uma parceira, dentro do marketplace. É uma mudança de mentalidade”, avalia ao também comemorar o atual posicionamento da Susep, cuja postura de democratizar o seguro, segundo o executivo, vem para facilitar a implantação de modelos on demand para a população que não tem acesso às estruturas mais avançadas de seguros. “O movimento da Susep é motivo de celebração, pois permite a gente levar produtos mais customizados para outras faixas da população”, destaca.

O Futuro é Open, sim. E está aberto também para o otimismo.

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