As estradas necessitam de mais mulheres
Confira artigo de Ana Luísa Orsolini, Head of ESG da VUXX
Há menos de 100 anos no Brasil, nós, mulheres, não podíamos trabalhar sem a autorização do próprio marido, votar, ou até mesmo ingressar no ensino básico. Apesar de muitos avanços, ainda possuímos diversos problemas estruturais para alcançar a igualdade, como disparidade salarial, jornada dupla e ausência de mulheres nos cargos de liderança e nas ditas “carreiras de homens”.
Realizar entregas, trabalhar na estrada, independentemente do tipo de veículo utilizado, é tido, ainda, como um trabalho masculino. De acordo com dados da Confederação do Nacional do Transporte (CNT), apenas 0,5% dos motoristas de caminhão no país são mulheres.
Em 2020, a corretora Minuto Seguros fez um levantamento que mostrou que o seguro de carro para mulheres pode ser até 23% mais barato do que para homens por elas serem mais cuidadosas. O levantamento “Mulheres no Trânsito”, da Seguradora Líder, confirma isso: em 2019, apenas 25% das indenizações pagas pelo seguro DPVAT foram para mulheres, enquanto 75% foram para homens. No caso dos pagamentos por acidentes fatais, 82% das vítimas são do sexo masculino. Mesmo sendo mais cuidadosas, ainda existe muito preconceito contra nós nesse setor.
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A VUXX é uma startup focada em logística digital, que atua, desde 2015, descomplicando a vida de todos os envolvidos no transporte de cargas através da conexão de empresas que necessitam de transporte a motoristas que possuem seu próprio veículo via aplicativo, de forma simples, rápida e intuitiva. Esse sistema, que seleciona motoristas por critérios puramente de performance, não faz qualquer discriminação sobre gênero.
Portanto, sem nenhuma ação afirmativa até aquele momento, apenas selecionando motoristas de acordo com o seu desempenho, no início de 2021, 4,5% das nossas rotas já eram feitas por mulheres, e o motorista que mais havia realizado rotas conosco era uma mulher.
Percebendo isso, quisemos aumentar esse número inaugurando o Projeto Mulheres, no qual engajamos e valorizamos nossas motoristas todos os dias. Com este projeto, em apenas 5 meses conseguimos aumentar o número de rotas femininas para 10%. Mas não vamos parar por aí, queremos no futuro chegar aos 50%, mostrando ao mercado que as mulheres são completamente capazes, sem que haja qualquer contraindicação ou lado negativo nesta história.