Aumento da Selic em 0,1 pp era esperado, mas há espaço para novo reajuste de até 0,75% em junho

Economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, lembra que existem pressões inflacionárias que podem estender o ciclo de aperto monetário

O aumento da Taxa Selic em 1,0 ponto percentual (pp), de 11,75% para 12,75%, decidido hoje (quarta-feira) veio dentro das expectativas do mercado, mas um novo reajuste, de 0,5% a 0,75%, deve ser registrado na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em junho. A avaliação é do economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti. “Há uma porta aberta para um aumento residual da taxa básica de juros em junho, por conta de aumentos que pressionaram a inflação, como foi o caso dos combustíveis”, afirma Bertotti.

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A taxa de juros oficial atingiu o seu maior nível desde o início de 2017. Bertotti lembra que as comunicações anteriores do Banco Central (BC) ainda indicavam o objetivo de encerrar o ciclo de aperto monetário em maio. Entretanto, desde o último Copom, o relatório Focus registrou aumento das expectativas de inflação de 2022 (6,45% para 7,65%) e 2023 (3,7% para 4,0%), deixando uma porta aberta para que ocorra um novo aumento em junho.

“O Banco Central indicava encerrar o ciclo do aperto monetário em maio, porém o IPCA de março surpreendeu o próprio Campos Neto, presidente do Banco Central. O comunicado do Copom de ontem nos passa uma premissa de que teremos um novo aumento em junho”, acrescenta Bertotti.

“Na nossa avaliação, essas alterações não justificariam inicialmente uma mudança na decisão do Copom de 4 de maio, porém ficou uma porta aberta para uma última alta adicional da taxa Selic na reunião de junho, por conta da pressão inflacionária”, finaliza.

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