Brasil: falências e recuperações judiciais devem crescer 29% nas empresas em 2023, aponta relatório da Allianz Trade
Especialistas em economia e finanças da seguradora de crédito explicam o momento desafiador e os impactos financeiros negativos para as empresas
De acordo com o Relatório de Insolvência Allianz Trade 2023, divulgado recentemente, após um período de relativa estabilidade devido às medidas governamentais de estímulo econômico durante a pandemia, os indicadores começaram a deteriorar, e os desafios econômicos previstos para este ano estão exercendo pressão sobre as empresas.
As projeções da Allianz Trade indicam um crescimento de insolvências global de 21% para 2023, com destaques negativos previstos para países como França (+41%), Estados Unidos (+49%), Itália (+24%) e Alemanha (+22%). A América Latina também deverá enfrentar um aumento de 20% nas insolvências, com o Brasil projetando um acréscimo de 29% em 2023.
O relatório destaca ainda que no período mais crítico da pandemia, entre 2020 e 2021, foi marcado por um cenário adverso às expectativas de crescimento das insolvências empresariais. Esperava-se um aumento expressivo nas recuperações judiciais e falências de empresas devido à redução da atividade econômica, porém, medidas governamentais em prol da população e estímulos ao consumo mitigaram esses efeitos negativos.
Em 2022, entretanto, os indicadores começaram a demonstrar uma deterioração, e essa tendência se manteve nos primeiros meses de 2023. O número de falências decretadas aumentou em 8% durante 2022, e os requerimentos de falência e recuperação judicial tiveram crescimentos significativos nos primeiros meses de 2023, com aumentos de 57% e 37%, respectivamente, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Possíveis causas
Segundo Felipe Tanus, diretor de Risco da Allianz Trade, os desafios econômicos esperados para 2023, como a menor atividade econômica, menor demanda por commodities, consequentemente impactando preços, altas taxas de juros e inflação persistente, estão impactando negativamente as empresas.
“Setores como químico, varejo e construção estão tendo suas margens operacionais e líquidas extremamente impactadas, o que combinado com falta de liquidez e fraca estrutura de capital, podem levar à insolvência. Por outro lado, ainda que em patamares menores do que no ano passado, o setor de serviços, impulsionado pela retomada pós-pandemia, deve ser menos impactado e vem mostrando resultados promissores”, afirma.
O estudo identifica várias razões para esse cenário, incluindo alta inflação, elevadas taxas de juros, dificuldades de acesso ao mercado de crédito e disrupções na cadeia de suprimentos. O aumento das insolvências entre as Pequenas e médias empresas é particularmente preocupante, e há um risco crescente de efeito dominó afetando empresas de maior porte.
Em vista desses desafios econômicos, a Allianz Trade ressalta que as empresas enfrentarão um cenário de menor volume de vendas e margens, exacerbado pela alta inflação e crédito mais caro e restrito. Essas condições poderão levar a um aumento no número de insolvências empresariais.