Cartilha reúne princípios para promover a equidade de gênero em startups
Mecanismos apontados no material serão discutidos em evento online e gratuito
Com objetivo de auxiliar a construção de ambientes mais equitativos nas startups, a WE Impact, a ONU Mulheres e a Gema Consultoria apresentam a cartilha “Princípios de Empoderamento das Mulheres para Startups”, produzida por meio do Programa “Ganha-Ganha: Igualdade de Gênero Significa Bons Negócios” — uma parceria entre ONU Mulheres, Organização Internacional do Trabalho (OIT) e União Europeia pela igualdade de gênero nos negócios. A cartilha visa a incentivar empresas do ecossistema de tecnologia a aplicarem os 7 Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs, da sigla em inglês Women’s Empowerment Principles), reunindo orientações específicas para o ambiente e desafios das startups.
Lícia Souza, CEO da WE Impact, venture builder que investe em startups lideradas por mulheres, conta como surgiu a ideia de criar a cartilha: “Quando iniciei a jornada da WE Impact, rapidamente compreendi que precisávamos ir muito além da realização de investimentos. A mudança que a sociedade precisa e que queremos acelerar depende de ações práticas, replicáveis e escaláveis. Aproximar os WEPs do ambiente das startups é trazer a cultura da diversidade e da equidade de gênero para negócios que têm grande poder de gerar impacto positivo no mundo. Pensando nisso, adaptamos os princípios estabelecidos pela ONU à jornada delas, que difere de negócios tradicionais em inúmeros aspectos”.
O resultado é um guia com ferramentas e mecanismos concretos para que, desde a ideação até a escala, a diversidade e a equidade de gênero sejam levadas em consideração, fazendo parte do desenvolvimento organizacional dessas empresas.
Para celebrar o lançamento, pioneiro em todo o mundo, os mecanismos apontados no material serão discutidos em um evento online e gratuito, no dia 6 de julho, aberto a todo o ecossistema de tecnologia. O encontro vai contar com a participação das realizadoras do projeto e líderes de empresas que já vêm unindo esforços na implementação de práticas que empoderem e incentivem mulheres interna e externamente – como é o caso da Microsoft, que é signatária dos WEPs, parceira e investidora da WE Impact por meio do fundo WE Ventures. “O investimento em empresas criadas e lideradas por mulheres é uma das nossas prioridades, visto que um mercado com equidade beneficia tanto os negócios, quanto os consumidores, oferecendo diversidade de perfis e a geração de ideias inovadoras. Estamos muito felizes com a oportunidade de participar dessa ação e esperamos ver cada vez mais iniciativas voltadas para a equidade de gênero no segmento de empreendedorismo brasileiro”, afirma Franklin Luzes, vice-presidente de inovação, transformação e novos negócios da Microsoft Brasil – que tem presença confirmada no evento.
Os 7 Princípios de Empoderamento das Mulheres
Lançados em 2010, os WEPs são guiados por padrões internacionais de trabalho e de direitos humanos, e têm como diretriz o reconhecimento de que as empresas também são responsáveis e possuem interesse pela equidade de gênero. “São uma importante ferramenta desenvolvida e oferecida pela ONU Mulheres e pelo Pacto Global para apoiar empresas em suas ações por mais equidade no ambiente de trabalho, na cadeia de valor e na sociedade”, diz Anastasia Divinskaya, representante da ONU Mulheres Brasil.
“A cartilha, desenvolvida especialmente para as startups, é importante para mostrar que a equidade deve ser considerada uma estratégia de negócios e que empresas de todos os tamanhos e setores têm responsabilidades para avançarmos na agenda de igualdade para a construção de um mundo mais sustentável – que tenha oportunidades iguais para todas e todos e que não deixe ninguém para trás, considerando especialmente os grupos que sofrem diferentes formas de discriminação, como mulheres negras, indígenas, LGBTQIA+ em todas as ações por mais igualdade”, ressalta.
Os WEPs permeiam diversos temas do setor privado, sempre com um recorte de gênero – como a importância do compromisso das lideranças empresariais para a equidade de gênero em cargos de alta gerência, a representatividade feminina no setor de tecnologia, a necessidade de eliminar estereótipos de gênero na publicidade e comunicação, as vantagens e os desafios da presença feminina nas cadeias de suprimentos. Além disso, os Princípios também dão diretrizes sobre a importância da interseccionalidade no processo seletivo, na contratação e nos planos de sucessão.
“Ao incentivar a liderança e o empreendedorismo de mulheres nas startups, contribuímos para diminuir a sub-representação de mulheres na tecnologia, enfrentando a desigualdade salarial e outras barreiras que afastam mulheres da emancipação econômica. E abrimos, ainda, espaço para novos mercados pouco explorados por empresas exclusivamente criadas por homens”, comenta Isabela Del Monde, uma das sócias fundadoras da Gema Consultoria em Equidade
Igualdade de Gênero Significa Bons Negócios
Empresas que investem em políticas de equidade de gênero e diversidade apresentam melhores resultados em termos de rentabilidade, produtividade e reputação. Essas são as constatações de relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicado em 2019. De acordo com a OIT, empresas com políticas de equidade e cultura de diversidade são 60% mais suscetíveis a serem mais lucrativas e produtivas, terem maior facilidade para atração e retenção de talentos, além de maior criatividade e inovação. Entre as 13 mil empresas de todos os tamanhos, de 70 países, que participaram do levantamento, 74% observaram aumentos de lucro de 5% a 20%.
Hoje, entre as oito áreas consideradas como “empregos do amanhã” destacadas pelo Fórum Econômico Mundial no Gender Gap Report 2021, seis estão relacionadas à tecnologia, e a maior média de participação feminina entre elas é de pouco mais que 30%. Além disso, alguns estudos, como o da cientista Joy Buolamwini, já demonstraram que tecnologias como a Inteligência Artificial, por exemplo, podem reproduzir preconceitos – reconhecendo majoritariamente rostos de homens brancos, mas não o de mulheres e pessoas negras.
“Se a tecnologia influencia tão significativamente a vida das mulheres e outros grupos que experimentam diferentes formas de discriminação, é justo e urgente que todas e todos participem do seu desenvolvimento de maneira igualitária, bem como possam usufruir de seus benefícios”, finaliza Lícia.